É erma a tarde num céu de Goya,
pincelado de um róseo dramático.
Acolhe-me a rede onde me deito,
e a vida na qual deito meus sonhos.
Há um leve rumor de pássaros inquietos.
Ao longe, longe de mim, os automóveis,
velozes na corrida das pessoas contra o tempo.
Dispo-me da angústia habitual,
para olhar com outros olhos
a vida que se esvai.
Sabendo que ninguém além de mim
vive este momento.
Vivo-o bem nos dias que escoam,
intensamente no sentir
E no saber insuficiente,
de que os dias não são tantos.
Meus risos, e beijos
têm endereço certo.
Ainda que nem sempre certeiros.
E há este amor que me redime
de nenhum pecado.
Este amor inesperado.
A gana de fazer feliz,
de estar feliz.
Ficarão estas palavras algum dia.
Ou talvez não.
Talvez apenas sejam minha inscrição
no imaginário da humanidade.
Como o serão meus filhos,
estes meus amores que se vão.
Silvia Chueire
10 maio 2005
Não muito tarde
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5 comentários:
UMA AMIGA MINHA., BRINCANDO, DIZIA ASSIM(EU REPITO):
SÓ TENHO UM ADJECTIVO:GOSTEI.
11/5/05
Obrigada, Amélia. São teus olhos...
Beijos,
Silvia
Borges (Jorge Luís) dizia que com sorte um ou dois versos dele desafiariam o tempo e permaneceriam. Se agora o cito é tão só para não estar sempre a dizer-lhe o que já lhe disse muitas vezes: Boa Malha! E depois o borges não fica mal consigo, pois não?
A frase da amiga da Amélia parece-me decalcada de uma id~entica pronunciada pelo Mira Carpetes, o mesmo é dizer ppr aaquele almirante de água doce que dava por Américo Thomaz: numa inauguração disse exactamente isso e, se não me engano, a "Republica" no dia seguinte citava-o minuciosamente sendo essa a primeira vez que dava tanto espaço ao "venerando" presidente da republica. depois algum censor mais ardiloso cortava todas as bocas do almirante.
M.C.R.
Este poema merece correções.Coisa engraçada é que só percebi isto depois de postá-lo. Mais tarde farei as correções devidas. Mas agradeço as suas palavras.Borges comigo é uma honra e,claro, generosidade sua.
Um abraço,
Silvia
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