24 maio 2005

O défice e as pessoas

Conhecida a estimativa do défice orçamental de 2005, 6,83% do PIB, conclui-se que os nossos governantes têm sido incapazes de prever com um mínimo de rigor o saldo de receitas e despesas do orçamento de Estado. A comissão liderada por Vítor Constâncio destacou em particular os desvios no serviço nacional de saúde, na segurança social, nos salários e pensões da administração pública e no Instituto de Estradas, pelo lado da despesa, e os desvios nos proveitos de dividendos e concessões, pelo lado das receitas. É claro que prefiro pensar que se trata apenas de incompetência e falta de rigor dos governantes e não de uma objectiva vontade de mentir e enganar os portugueses ao longo dos últimos anos.
Agora, vamos ter pela frente tempos difíceis, com medidas que nos vão penalizar a todos de forma directa, seja através do consumo ou dos rendimentos. Será que o país está preparado para o que aí vem, numa altura em que o desemprego atinge níveis elevadíssimos? Será que é possível fazer uma convergência nacional em torno de uma estratégia de recuperação económica e de alavancagem para o futuro? Será que “temos gente” para estes desafios?
Há algumas semanas, tive oportunidade de moderar um seminário em que estavam presentes o director de recursos humanos e qualidade da DHL Portugal e uma managing partner da Egon Zehnder Portugal. Ouvindo as suas intervenções e os exemplos que revelaram, acredito que os gestores, quadros e trabalhadores portugueses são capazes de obter resultados tão bons como os melhores, desde que disponham das condições e do contexto necessários para o efeito. Oxalá os nossos responsáveis políticos saibam, também, estar à altura dos desafios que nos esperam. O país não se compadece com mais adiamentos.

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