28 maio 2005

Image hosted by Photobucket.com Image hosted by Photobucket.com


Todo o Mundo e Ninguém



Todo-o-mundo:

Eu hei nome Todo-o-Mundo
e meu tempo todo inteiro

sempre é buscar dinheiro,

e sempre nisto me fundo


Ninguém:

Eu hei nome Ninguém
e busco a consciência


Berzebu:


Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.


Dinato:


Que escreverei, companheiro?

Berzebu:


Que Ninguém busca consciência

e Todo-o-Mundo dinheiro


Gil Vicente - Auto da Lusitânia - excerto

5 comentários:

Primo de Amarante disse...

A resposta do NÂO, dada pelos franceses, mostra à evidência que uma Europa pensada apenas em termos económicos não cria laços.
Não há saída para os problemas humanos se, como diz Berzebu, "Ninguém busca consciência e Todo-o-Mundo dinheiro".

Amélia disse...

Anto: tiraram esse (creio que continua a Barca do Inferno no 9ºano)e muitos outros.Querem apagar a memória colectiva em tempos de globalização...a literatura tornou-se algo de marginal nos programas de Língua Portuguesa no Secundário...
Por exemplo: António Vieira éestudado (?) apenas como tipo de texto argumentativo;Camões, como tipo de texto autobiográfico e Os Lusiadas apenas em confronto com Mensagem...E os que resistem são poucos;além de que não podem fazer como entendem,pois os alunos terão um exame de acordo com o que o programa e os manuais mandam...Não auguro nada de bom,assim...
Infelizmente a crise não é só de deficit financeiro, mas de deficit de mentalidades e de cultura.

Amélia disse...

Compadre: afinal a Europa é mesmo um clube que se reuniu para fins económicos apenas...Pessoalmente ainda não sei como irei votar no referendo (que será de todo inútil, agora)- aguardo um maior esclarecimento que, duvido, os políticos do SIM queiram dar de forma esclarecedora.Entretanto vou lendo as informações dos blogues do Não e do SIM.
E infelizmente Mestre Gil continua actual - difícil acreditar no progresso, mesmo.

M.C.R. disse...

Presumo que os defensores do não estão satisfeitos com a Europa actual visto que não serão tão ingénuos que pensem que uma outra (que não a que está em discussão) "constituição" possa vir à discussão.
Presumo também que a dimensão política prevista na "constituição" chumbada pelos franceses não lhes interessa e que preferem o actual "não estado" que já mostrou o que valia no conflito da Jugoslávia e no do Iraque.
Presumo também que não vejam com bons olhos a mobilidade dos trabalhadores e das pequenas empresas de serviços dado que as grandes há muito que se movem livremente por tudo quanto é sítio na Europa, deslocalizando massivamente, criando desemprego no país de onde deslocalizam etc...
Presumo finalmente que a actual cacafonia europeia é mais interessante que um sistema articulado de representação política que indubitavelmente vinha retirar poderes ao conselho e á comissão para os transferir para o parlamento, unico orgão eleito por todos os eleitores num sistema de proporcionalidade.

Passando ao problema do ensino do português e da pífia literatura que resta, se resta ainda alguma, fora da que se lê na imprensa, começo a perguntar-me que género de país queremos e que género de cidadãos.
E esta debacle vem de, pelo menos, há 35 anos. Mais precisamente da reforma marcelista a que Veiga Simão e outros deram o nome, o entusiasmo e a (in)consciencia. A partir da revolução as coisas pioraram ainda mais porque deitaram fora a criança com a água do banho.
O ensino do português, da história ou da matemática não pode nem deve ser comandado pelos paisinhos dos meninos que não querem que o filhinho chumbe; pelos meninos que acham uma maçada ter de estudar, eventualmente decorar ( para decorar basta meia dúzia de números de telemóveis ou os/as namorados/as dos famosos da revista gente) e mesmo por certos cavalheiros peritos/as em educação que todos os anos mexem nos programas, desorganizam as escolas e falam aquela novlingua que dá pelo nome de "eduquês".
Ah o admirável mundo novo!
Huxley podes voltar que estás perdoado.

Primo de Amarante disse...

Será que todos os que votam "não" (e parece que não vai ser só a França!)são assim tão imbecis ou as coisas não podem ser tão simplificadas como alguns pensam?!...
O problema é complexo e não é só da constituição, mas também da imposição de um único modelo de sistema económico.E por que é temos de estar de acordo com isso?!...
Não é de agora o sonho de uma Europa unida e não foi só agora que esse sonho foi posto em causa.
Sempre houve boas razões para pôr em causa essa ideia, algumas mais ideológicas, mas outras mais ligadas ás questões da vida das pessoas. E temos de aceitar que o debate também passe por aqui.