A recente querela entre o grupo de comunicação social Impresa (SIC, Expresso, Visão, Exame, etc.) e o Banco Espírito Santo trouxe a público uma realidade conhecida mas ignorada por muitos portugueses: os alinhamentos existentes entre os grupos de comunicação social e os grupos financeiros e grandes anunciantes.
Se um órgão de comunicação publica uma notícia que desagrada a um determinado grupo, este é tentado a retaliar e a retirar a sua publicidade, penalizando financeiramente esse meio. Se um jornal tem receio de afrontar os principais financiadores e anunciantes, vê-se constrangido a não publicar notícias de sentido negativo sobre essas empresas, privando os seus leitores de certos factos.
No caso em apreço, o “Público” de hoje diz que o “Expresso” respondeu ao ataque inusitado do Grupo BES (um dos principais parceiros de Joaquim Oliveira no negócio de compra da Lusomundo) e recusou continuar a publicitar algumas das suas participadas, ao mesmo tempo que enviou o subdirector Nicolau Santos ao Brasil para investigar as alegadas ligações do BES ao caso do “mensalão”. Se é assim, o jornal marca pontos neste confronto, não se verga e procura investigar a verdade para os seus leitores.
De todo o modo, os leitores são sempre o elo mais fraco, porque não têm acesso a todos estes bastidores. Por cada caso conhecido, quantos não haverá que passam completamente ao lado da opinião pública. Por isso, não seria aconselhável que o legislador exigisse a divulgação pública dos principais financiadores e anunciantes de cada empresa de comunicação social, à semelhança do que já acontece com a divulgação dos accionistas? Parece-me que todos ganharíamos com esse acréscimo de transparência.
13 julho 2005
A comunicação social e os grandes grupos económicos
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
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2 comentários:
Completamente de acordo!
De facto, a comunicação social tem o peso e o poder que todos conhecemos. Sabemos também da relação de interesses que existe entre o mundo político, económico e os meios de comunicação social. Sabemos que grande parte das mensagens que nos passam estão contaminadas e direccionadas. Todavia, continuamos a ouvir e a ler os mesmos meios de comunicação. Muitas vezes deixamos adormecer o nosso sentido crítico e vamos sendo levados em ondas sucessivas, na corrente de interesses que desconhecemos mas adivinhamos.
O mais interessante nisto é verificar que o investimento publicitário do grupo ES, até certo ponto, parece entender-se como uma avença ou até uma actividade de mecenato. Como se a troca de serviços, neste caso a publicação de publicidade nos media da Impresa, não fosse também do interesse próprio do grupo ES!
Curioso e interessante, porque é o que se passa com a TAP, a GALP , até certo ponto e com as empresas monopolistas do Estado que nada têm a temer de uma concorrência inexistente e fazem da publicidade um meio encapotado de mecenato. Assim, um pouco à maneira dos invstimentos publicitários da região da Madeira num certo semanário com pouca audiência.
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