01 julho 2005

Farmácia de Serviço (de regresso)

Álvaro Feijó: a festa
Ontem, quinta feira, no belo auditório da Biblioteca Almeida Garrett, foi apresentada a 5ª edição dos "Poemas" de Álvaro Feijó. A proeza deve-se a uma jovem casa editora "Evora Mons" que em três meses produziu três livros. Os amadores de poesia poderão igualmente procurar os poemas de Mihail Eminescu, um dos grandes dessa Europa Central, tão fascinante e tão desconhecida.
A apresentação do livro (lindíssima edição!) foi exemplar e deveu-se a António Maciel Feijó, professor da Faculdade de Letras da U. de Lisboa. Para mais houve o bom senso de rechear a apresentação com a leitura de alguns poemas que ilustraram a par e passo o que se ia dizendo.
2005 ou, pelo menos, o seu primeiro semestre, foi o ano Feijó: de facto começou com a apresentação das Cartas de António Feijó a Luis de Magalhães, organizadas e prefaciadas por Rui Feijó. Trata-se de um acervo importantíssimo para a compreensão dos finais do sex XIX e princípios do XX. Ainda por cima estão escritas num português admirável e com um humor finíssimo. Uma leitura de férias assáz estimulante. A edição é da Imprensa Nacional Casa da Moeda.
Já em Junho, foi lançado em Ponte do Lima o derradeiro volume de pemas de António Feijó, "Inéditos e esparsos", mais uma vez apresentados por António Maciel Feijó. Os amadores do parnasiano autor das "Bailatas" vão seguramente precipitar-se sobre este livro. Os outros que não hesitem. É boa poesia.
O clã Feijó, no seu pleno, incluindo dois sobrinhos bisnetos de Álvaro Feijó, os seus amigos e aliados enchiam a sala sob o olhar comovido do venerável Rui Feijó, um dos melhores e mais finos contadores de histórias que eu conheci. O homem é uma biblioteca, leu tudo, sabe tudo, foi a todas, com uma dignidade e uma coragem sem par. Isso mesmo relembrámos, com o Manuel Alegre, que na Casa de Vilar esteve longo tempo escondido antes de partir para o exílio. Festas destas querem-se muitas.
Quem não foi que compre o livrinho e não sairá defraudado. Há poesia, dignidade e um toque sereníssimo de soledade nesses versos intemporais. Boa leitura.

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