15 julho 2005

"Mais um sinal"

"O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) aprovou, ontem(*), a realização de um encontro nacional de magistrados que terá como objectivo demonstrar "uma grande unidade e preocupação" sobre o estado actual da justiça. Ainda que não seja assumido, certo é que este encontro surge como uma demonstração de força do sindicato em relação ao ministro da Justiça, Alberto Costa.
Em declarações ao DN, o secretário-geral do SMMP, Jorge Costa, disse esperar uma "forte mobilização" dos magistrados do Ministério Público (MP), sindicalizados ou não, para o encontro que deverá ocorrer no dia 23 de Setembro, ou seja, mesmo em cima da rentrée judicial. "É mais um sinal de que não vamos esmorecer e estamos atentos e alerta pela qualidade da justiça", declarou o procurador-geral adjunto."

"Continua" no DN", em artigo assinado por Carlos Rodrigues Lima e com um curioso título: "Sindicato do MP convoca 'manif' contra ministro" ...

(*) dia em que foi realizada uma assembleia de delegados sindicais, sendo de pressumir que a deliberação tenha sido tomada na sequência da mesma.

13 comentários:

Carlos Rodrigues Lima disse...

com um curioso título: "Sindicato do MP convoca 'manif' contra ministro" ...


Manif é uma forma de expressão. O encontro é uma "manif" intelectualizada


Carlos Rodrigues Lima

josé disse...

Então seria melhor titular " Sindicato do MP marca sessão de brainstorming sobre a justiça" . Mais misterioso, mais revelador e...mais apelativo da curiosidade do leitor.
Em português poderia ficar: "Sindicato do MP marca reunião para discussão de ideias dispersas sobre a justiça". É o que vai acontecer...

Carlos Rodrigues Lima disse...

Meu caro José,

Experimente colocar em título de um jornal "Sindicato do MP marca reunião para discussão de ideias dispersas sobre a justiça"

Ocupava quase uma página. E já agora, será que todos os leitores sabem o que é um "brainstorming". Se calhar alguns deles ainda pensavam que era uma intervenção cirúrugica demasiado complicada e moderna e, por isso, ainda não tinha "nome" em português.

Um abraço


Carlos Rodrigues Lima

josé disse...

Ahahahaha! Claro que não! Estava a brincar com o título aportuguesado de "manif" que está muito próximo, actualmente, de "banif"...e o assunto pode muito bem meter notas... de banco. Os sindicatos também servem para reivindicar melhores condições salariais, embora no caso quase toda a gente tenha vergonha de tocar nisso.

josé disse...

Mas já agora que tal um título pequeno e sintético:

"MP discute ideias para a Justiça"

Um bom título para um magnífico propósito...

Carlos Rodrigues Lima disse...

Ó meu caro José,

"MP discute ideias para a Justiça"

Acha que jornalisticamente é um bom título? Assim, dava a ideia que o MP começou a discutir ideias para a justiça. Quando o que se presume é que essa discussão já acontece há muito. Ou estou enganado?

E esta, hein?

josé disse...

Tem razão--que não daria um bom título...mas seria talvez mais apropriado ao evento.

Os títulos de jornais, porém, hoej em dia, não se arranjam para informar, mas para intrigar o leitor e levá-lo a ler mais alguma coisa.

Vejamos os de hoje:
24 horas- "Benfica em festa"! "Trap quer Liedson e Viana"
Desconfio que sei quem é o Trap; o Liedson é de caras, mas o Viana já não consigo dizer...é o futebol total no 14 horas, em vez dos habituais títulos sobre os frequentadores das quintas de celebridades deste país da tv, rádio, jornal e cassete pirata ( hoje em dia, cd e dvd pirata)!

Correio da Manhã -"Gestores burlam deficientes". Palpita-me que o título é uma burla ao leitor...

Público- "Transportes de Lisboa mal preparados para ataque terrorista". Como se os transportes, em qualquer lado, o estivessem...
Os títulos do Público, aliás, andam esquisitos. Ontem, titulava-se que o CSMP tinha aprocado um parecer contra as férias judiciais. O sentido do título era de que o CSMP tinha feito uma "manif" contra o governo.
O pior é que no desenvolvimento da notícia fica sem se saber quem é que pediu o parecer. Diz-se que foi o "executivo", mas não se diz como nem quando nem a quem, exactamente.
Diz-se que quem deu o parecer foi um professor universitário e advogado, mas o nome indicado, FIlipe Frausto da Silva é equívoco , porque há um avogado com esse nome e que está registado na OA como fazendo parte de um escritório. No site desse escritório não é possível dterminar se foi esse ou não.
Por outro lado, hoje no DN, pelas teclas de um certo Carlos Lima diz-se que quem deu o parecer foi o Frausto da SIlva que tem assento no CSMP. Mas não se esclarece como e quem pediu esse parecer e como é que se pode dizer que foi o executivo quando esse Frausto da SIlva não é o mesmo que tem o tal escritório e não se chega a perceber quem é quem e como foi feito o parecer a pedido de quem.

Poderá saber-se ou é pedir demais?!


Outros títulos poderiam colocar-se.
Os mais pândegos são os do 24 Horas, sempre!

josé disse...

Obrigado pela informação.

Já agora:

Este FIlipe Fraústo terá alguma coisa a ver com Estoutro?

Carlos Rodrigues Lima disse...

Bem, isto agora vai ser a doer

Meu caro José,

Os exemplos que trouxe à colação são maus exemplos. Os títulos do 24 horas e CM são, na minha opinião perceptíveis. Ainda por cima, no CM é um título de manchete, portanto tem´uma dupla função: informativa e apelativa. O José pode achar que o título não cumpre nenhuma das duas, mas mais de 100 mil almas por dia pensam o contrário. São gostos.

No caso do DN e Público, pelo amor de Deus: então, se há um parecer do CSMP que foi elaborado a pedido do executivo, vamos lá tentar saber quem é o "quem" e o "como". O "quem", para uma leitor de jornais de referência, só pode ser o ministro da Justiça que, aliás, na proposta de lei refere que os conselhos foram ouvidos. O "Como" é um pouco mais díficil, admito: pode ter sido por ofício, e-mail, ou por telefone.

É certo que no texto do DN, pelas teclas de um certo Carlos Lima, não se diz mais qualquer coisa sobre o adv Frausto da Silva. É verdade! Mas apenas por uma quetsão de rimto de trabalho e de espaço. Escrevi aquele texto ao mesmo tempo que elaborava outro dois para a secção de Sociedade. Na 1ª versão, ainda fiz referência que o prof Frausto da Silva é membro do CSMP eleito pela AR, mas depois a informação acabou por cair por questões de espaço, uma vez que jornalisticamente decidi "puxar" pela encontro do MP em Setembro e deixar a informação do parecer (que vinha da véspera) mais para o final do texto.

Penso que está explicado

P.S. - Dada a gentileza demosntrada pelo dr. Rui Cardoso, pedia-lhe se podia enviar o documento para o meu e-mail (carlos.r.lima@dn.pt). Isto porque, ontem, apesar das linhas gerais do documento já terem sido divulgadas publicamente, a PGR entendia que não podia facultá-lo. Isto é, se eu quiser transmitir aos meus leitores uma informação mais detelahada sobre algo que já é do domínio público não posso. Razão: o documento ainda não foi enviado ao ministro Alberto Costa(?). O mesmo que esteve na reunião, na qual o parecer foi votado. O sacro santo segredo de justiça deve andar a contaminar muitos espíritos, penso eu de que.....

Isto de ser jornalista é duro!!!!!!

josé disse...

Ora bem. Quem é que ontem deu a notícia sobre o tal parecer que é a feijões, segundo tudo indica e que por isso torna a notícia relativamente importante?
Foi o Público e a Visão! O DN, népia.Valha a verdade que hoje, salva a honra do convento, ao noticiar que o documento foi "elaborado pelo membro do CSMP Fraústo da SIlva".
Essa informação preciosa, para mim, ontem não foi dada por nenhum daqueles órgãos informativos.

A dúvida instalou-se porque era dito que o parecer tinha sido " a pedido do Governo, pelo advogado e professor universitário, Fraústo da SIlva"( Público) e "parecer pedido pelo Executivo ao CSMP e elaborado pelo advogado Filipe Fraústo da Silva" ( Visão).
Depois, diz-se que o ministro esteve na reunião do CSMP onde foi "votado e aprovado na reunião".

Quem lê isto, e quer saber mais, fica com as dúvidas por responder e seria bem fácil se o jornalista ( do Público e Visão e já agora do DN), quisesse souber tudo o que há a saber sobre estes "pareceres".
Se é o Executivo quem os pede, como é que isso se faz. Não é o caso de ser por fax ou email. É saber, perguntado, em que lei se baseia esse pedido do Executivo a um órgão de poder autónomo como é o MP e articularmente o CSMP.
Essa questão nem foi aflorada nem respondida, porque aparentemente ninguém fez a pergunta...

Depois, a imprensa, ao referir-se a um "advogado" e a um "professor universitário", sem mencionar a circunstância de esse tal advogado ( que nem está inscrito na OA, a fazer fé no site da Ordem) seer membro do CSMP, está a omitir uma informação essencial e primordial para a compreensão de toda a notícia.
Depois, mesmo sabendo, como se sabe agora que foi um membro do CSMP quem elaborou o parecer, conviria saber também como é que isso se processa: se foi o CSMP em plenário quem encomendou tal tarefa ao referido"advogado" e em que altura tal sucedeu. Não é difícil saber. basta perguntar. A visão até cita um Conselheiro do CSMP que não identifica, mas que presta declarações interessantes- é uma fonte anónima!- e que diz que o GOverno comprou uma guerra. Diz- e bem.
Mas para esta guerra, o povo leitor e votante e observador deveria estar melhor informado e fazer uma pequena caixa a acompanhar a notícia, explicando estas coisas que escrevi, distingue o bom jornalismo do jornalismo excelente. E o bom é inimigo do óptimo!
Talvez na próxima oportunidade, possa dizer que o jornalismo português melhora a olhos vistos!
Assim, limita-se apenas a ser bom.

Kamikaze (L.P.) disse...

Email enviado hoje pasra o Incursões, pelo Dr. Fraústo da Silva, membro do CSMP, com pedido de publicação:

"Exmos. Senhores Responsáveis pelo «Incursões»:

Regressado de curtíssimas férias, chamaram-me a atenção para uma troca de postais entre os bloguistas Carlos Lima e «José» no Incursões.

Como não sou «bloguista», não respondo lá - não sei (ainda) como se faz. Mas porque é várias vezes referido o meu nome - Fraústo da Silva, relator do parecer sobre (entre outras coisas) férias judiciais que veio a ser aprovado, por maioria, pelo CSMP - com dúvidas várias e sendo feitas considerações que merecem correcção - até me acusam de não estar inscrito na Ordem dos Advogados - peço o favor de, junto do bloguista «José» (já me correspondi com Carlos Lima) esclarecer e rectificar que:


Fui efectivamente o relator, designado em plenário do CSMP - órgão de que faço parte por eleição da AR, já nesta legislatura - do parecer sobre um projecto de proposta de lei que o Governo, mais concretamente, o Senhor MJ, solicitou ao mesmo órgão.


Foi, pois, nessa qualidade de membro do CSMP que produzi o relatório em causa. Não se trata, portanto, de parecer que tenha elaborado a directo pedido do Governo, como da notícia do Público se poderia inferir, muito menos na qualidade de advogado. Por outro lado, não exerço funções de docência universitária desde 1993 (tendo então apenas alcançado a categoria de assistente ou assistente estagiário, consoante as Faculdades onde leccionei, e não merecendo por isso ser referido por professor universitário, devendo evitar-se a confusão com o meu Pai, J. J. R. Fraústo da Silva, ele sim professor catedrático jubilado do Instituto Superior Técnico, mas que por seu turno não é advogado, nem sequer jurista, nem tem qualquer relação com o Conselho Superior do Ministério Público).


Em todo o caso, estou mesmo incrito na OA, sendo titular da Céd. Prof. nº 7.994 do Cons. Distrital de Lisboa - pode ser confirmado no site www.oa.pt - O meu CV está resumido em www.fsmmadvogados.pt.

Penso ser inútil publicar este esclarecimento no blog, mas peço a gentileza de ser reenviado ao V. colaborador mencionado. Em alternativa, poderei fazê-lo directamente, assim me seja informado o respectivo endereço de e-mail.

Antecipadamente agradecido,

Com os melhores cumprimentos,
Filipe Fraústo da Silva"

Primo de Amarante disse...

Um esclarecimento muito importante, que põe no blog o sentido do rigor que todos queremos.
Obrigado.

josé disse...

Regressado de férias breves por terras alheias a net e a notícias, deparo com este esclarecimento endereçado.
Muito bem; e fico, de facto, algo esclarecido- mas não totalmente.

Fico esclarecido quando ao que escrevi no primeiro comentário acima-"porque há um avogado com esse nome e que está registado na OA como fazendo parte de um escritório. No site desse escritório não é possível dterminar se foi esse ou não."
Sei agora que é esse mesmo advogado que é o membro do CSMP.

Do que não fico esclarecido é porque motivo no site do escritório não está actualizado o estatuto do seu membro que o é também do CSMP, eleito pela AR.
Por lá procurei, e não encontrei. Daí que alvitrasse a possibilidade de o membro do CSMP ser outro, com um nome parecido e que incluisse os patrónimos Madeia e Marques.
Ainda por cima, o nome FIlipe Madeira Marques Fraústo da Silva, não consta no site da Ordem dos Advogados, qua tale!

Para quem não conhece, a confusão torna-se quase obrigatória, o que os jornais Pùblico e revista Visão se encarregaram de demonstrar.
Para além disso, falta saber ( o público leitor...) como é que o CSMP designa o relator de um parecer: é por indigitgação? Por escolha colegial? Por votação? Ninguém o esclareceu, nem o site da PGR ajuda muito. Aposto que nenhum jornalista o sabe. A propósito: porque não admitir jornalistas nas reuniões, depois das mesmas se realizarem, comunicando directamente o que se passou e pode ser comunicado?!

Aliás, o teor dos meus comentários, focaram essencialmente os títulos dos jornais e o conteúdo das notícias ( a meu ver e que agora se confirma) mal feitas, porque imprecisas, com falta de rigor e desinformativas ( ao dizer que foi o Executivo que pediu o parecer a Filipe Fraústo da SIlva).

Mesmo assim, os meus cumprimentos ao dr. Filipe Fraústo da SIlva pela atenção prestada. E votos de actualização do site, com a menção _ membro do CSMP eleito pela AR.
É justo; é correcto e informa.

AH! Estou a precisar de férias! Ainda dou um salto a Sanxenxo para beber umas cervejolas com um certo comparsa aqui do blog...