09 julho 2005

media vita (1979)

Da vida vimos e à vida vamos
por esta mágoa de morte em que nos lemos.
Irmos é esperarmos.
E vir por onde vimos esquecermos.

E em vindo ou indo, se nos iluminamos,
exalta a cruz os signos em que vemos
irmos ou virmos em ainda estarmos
sendo pensados nos hinos e em os lermos.

E quando em vir esquecia acende-se na frente
de irmos; e ir se apaga na esperança.
Mas não na cruz ardente

que designa os signos na mudança
de serem lidos no cume do repente
se a solidão o estuda e no vagar o alcança.

Fernando Echevarria

6 comentários:

Amélia disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Amélia disse...

Gostei do poema, Compadre.Bom dia!Um abraço

Primo de Amarante disse...

Ontem estive com Echevarria na Foz, num bar escondido do barrulho do circuito dos calhanbeques. Estava também um conterrâneo, o Manel Mendes, conhecido por muitos incursionistas. Falamos sobre crise de fé. O Manel diz-se ateu e foi interessante a questão posta por Echevarria:«Alguém já demonstrou cientificamente o conhecimento?!...» Depois falamos sobre a LUAR. O Echevarria foi um dos fundadores. É curioso a fantasia que nos chega de tantos acontecimentos históricos. Na verdade, não há uma só interpretação da história. Além disso, a cada uma das interpretações se juntam estórias.
Vivemos num mundo de efabulações. Entretanto, a felicidade faz-se entre amigos, revivendo utopias. Por vezes, tão contraditórias!

Primo de Amarante disse...

O tema da LUAR veio a propósito do Emidio Guerreiro, e, Echevarria lembrou uma história quase desconhecida. Palma Inácio desponibilizou-se para arranjar dinheito para a luta de Humberto Delgado. Deu-se o assalto ao Banco da Figueira e ele chegou com cerca de 30 mil contos a Paris. Para não ser preso por delito comum, foi decidido entre Emidio, Echevarria e outros que se publicasse no Le Monde uma pequena noticia do assalto reivindicado pela LUAR.Assim apareceu o nome. Logo que aconteceu o 25 de Abril a LUAR (1ª) decidiu entregar o dinheiro ao MFA e dissolver-se. E foi entregue o que se conhecia restar. Mas houve quem não estivesse de acordo e apareceu a 2ª LUAR.
Esta narrativa gerou em torno de muitas personalidade (umas ainda vivas, outras já falidas) que foram (ou são) escritores, poetas e aristas que passaram anos terriveis entre França, Argélia, Itália e Suiça.

Primo de Amarante disse...

Com as minhas dislexias, escrevi "falidas", quando queria escrever FALECIDAS. Vá lá que dei conta!

Primo de Amarante disse...

Diria até: vá lá que não escrevi um palavrão!
A dislexia com a velhice é sempre uma mistura, donde se pode esperar o "inexprimivel", como diria Wittgenstein.
As minhas desculpas.