1 - Esquecimento
pedra por pedra
rosto por rosto
componho o teu nome
hiroxima
grito por grito
silêncio por silêncio
esqueço o teu nome
para sempre
3 - Destruição I
na água
se reflectiram outros desenhos e
ritmos
longamente escritos
na claridade do dia
e a água foi apenas água nesse instante
o dia apenas dia
derramando nos suaves contornos da cidade
4 - Destruição II
um rumor de nada
um rio dormindo sobre a areia
um fruto maduro nas mãos do menino
das mãos do menino
um fruto tombado
menino dormindo sobre a areia
e um rumor de nada de nada
5 - Ódio
um barco navega
de norte a sul
de leste a oeste
com seu carregamento
mas não é de laca
mas não é de bronze
o seu carregamento
um casco de espanto
um leme de medo
um mastro de ódio
eis o carregamento
que mais não tem para dar
o porto de hiroxima
a não ser esquecimento
6 - Reconstrução
hiroxima é de vidro:
silenciosamente retira do mar as ostras que há-de vender.
(in Colectânea "Hiroxima", Nova Realidade, Tomar - 1967)
06 agosto 2005
Canções de Hiroshima
Marcadores: Poesia
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4 comentários:
Que oportuno e belíssimo regresso Anto!
Ah, que poema ! Gostei dele.
Abraços,
Silvia
Caro Anto: sempre na linha justa. Um abraço.
Jesus!,,, Há quantos anos, mano!... Há quantos anos...
fui pelo livrinho ma ou anda perdido fora do sítio e vai demorar séculos a encontrar ou pertence ao saudoso ( e enorme) número de livros levados pela "benemérita" nas diferentes razias com que me brindou até 74.
Escuso de dizer quanto gostei. receiio bem é que este meu gosto tenha ressaibos de antigo...
Naquele tempo pavoroso, cada um sabia onde estava, com quem estava e como estava. Isto não são saudades é tão só uma amerga constatação...
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