ouve-se as ondas
e o roçar da areia nos pés,
a lua no mar
é um caminho sem fim.
aqui o poema dá uma guinada.
por onde anda a curva suave da noite?
a moça que passa,
pedala a bicicleta vermelha,
pedala o sonho na noite.
dois rapazes pedem uma cerveja,
no quiosque iluminado.
discutirão o destino do mundo?
ruge um hip hop no carro azul de vidros pretos,
ferida na madrugada.
cantam as casuarinas,
deus se recolhe para dormir
e os homens brincam de guerra,
feito meninos em noite de São João.
o sem-sentido das coisas
é às vezes tão óbvio.
encontro o vai-e-vem das ondas
impiedosamente regular.
quando inspiro,
o ar sabe a sal.
e a face.
silvia chueire
11 agosto 2005
é noite no mar
Marcadores: Poesia, Sílvia Chueire
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2 comentários:
A solidão é assim: ouve-se tudo, mas não nos ouvimos a nós. Estamos tão só que até os sons que nos envolvem são mais fortes que nós. "O caminho sem fim" é o da inolvidável fragilidade e desamparo de nós mesmos. E isso (quando não encontra razões)é solidão, mas também triteza, a tristeza do desamparo sem razões para ficar desamparado.
A experiência desse caminho é o problema fundamental da existência: o de saber se vale ou não a pena viver nos limites dessa experiência, sem ideias feitas, nem pensamentos perfeitos.Só o branco que recebe os sons da natureza fica preenchido.
Obrigada, compadre, pela reflexão.
Quanto a viver nos limites desta experiência, sempre vale a pena...
Abraços,
Silvia
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