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Pois é, cara Kamikaze, é verdade, tal como li em comentário seu abaixo, que ando um bocado fugidio. E desta vez, trata-se, apenas, de falta de motivação para entrar na acesa discussão sobre as greves dos magistrados e as causas que lhe estão na origem. Já não tenho paciência para o assunto e, tanto quanto me parece, anda tudo tão embebecido com o assunto, que presumo que não haja paciência para outras conversas.
Sobre o candente assunto, já por aqui fui dizendo o que pensava. E penso mal. Continuo a prezar muitos magistrados individulamente, mas espisódios como aqueles a que vamos assistindo têm-me levado a prezar menos as magistraturas enquanto corpo. E acredite que prezava muito, tal como, também, por várias vezes garanti aqui, ao ponto de as considerar como o mais importante pilar do regime, ou o último reduto de confiança do povo.
Talvez os magistrados estejam a colocar-se numa situação em que, a final, serão eles os principais prejudicados. E isso não é apenas um problema deles. Continuo a achar que magistraturas desprestigiadas são um mau sinal para o regime. E o que me parece óbvio é que são os próprios que colocam a cabeça a jeito para que tal aconteça.
Dou um exemplo. Há muito tempo, por aqui, sugeri que as brilhantes cabeças que pensam o direito e que nos presenteiam com o seu saber nestas colunas, apontassem cinco medidas para melhorar o estado da justiça. A sugestão - exceptuando duas ou três excepções - foi tratada com desprezo total. Já não sei se alguém escreveu ou só me disse por outra via, meio a sério meio a brincar, que a minha sugestão era apenas um pretexto para dar pistas ao Ministro da Justiça (então JP Aguiar Branco) sobre a matéria. Obviamente, não era. Era um exercício sério com vista a tentar contribuir para discutir aquilo que realmente interessa. Ou, melhor, que eu julgava que interessava. Porque, hoje, percebo que aquilo que realmente interessa é a questão dos benefícios e privilégios que os magistrados garantem que não têm e que o governo (em que não votei) entende serem excessivos.
Continue-se, pois, nesse registo. Entretanto, o barco vai-se afundando. E todos vamos com ele. Mas será que isso é verdadeiramente importante?
Pela minha parte, ainda resisto. Sem especificar, posso até garantir que tenho levado muito a sério a necessidade de contribuir um pouco mais para o país. Faço-o da forma que posso. Quixotescamente, talvez. Como quixotesco será este meu postal. Mas Vexas já estão habituados e, por isso, não se espantam.
28 outubro 2005
Desmotivado para algumas conversas
Postado por o sibilo da serpente
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro)
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1 comentário:
Obrigado, magnólia. E, já agora: se as sugestões que me diz terem sido já avançadas pelos órgãos de cúpula das magistratura e não foram ouvidas, creio que uma greve por causa da "surdez" dos responsáveis políticos talvez fosse entendida pelos cidadãos.
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