28 outubro 2005

Desmotivado para algumas conversas

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Pois é, cara Kamikaze, é verdade, tal como li em comentário seu abaixo, que ando um bocado fugidio. E desta vez, trata-se, apenas, de falta de motivação para entrar na acesa discussão sobre as greves dos magistrados e as causas que lhe estão na origem. Já não tenho paciência para o assunto e, tanto quanto me parece, anda tudo tão embebecido com o assunto, que presumo que não haja paciência para outras conversas.

Sobre o candente assunto, já por aqui fui dizendo o que pensava. E penso mal. Continuo a prezar muitos magistrados individulamente, mas espisódios como aqueles a que vamos assistindo têm-me levado a prezar menos as magistraturas enquanto corpo. E acredite que prezava muito, tal como, também, por várias vezes garanti aqui, ao ponto de as considerar como o mais importante pilar do regime, ou o último reduto de confiança do povo.

Talvez os magistrados estejam a colocar-se numa situação em que, a final, serão eles os principais prejudicados. E isso não é apenas um problema deles. Continuo a achar que magistraturas desprestigiadas são um mau sinal para o regime. E o que me parece óbvio é que são os próprios que colocam a cabeça a jeito para que tal aconteça.

Dou um exemplo. Há muito tempo, por aqui, sugeri que as brilhantes cabeças que pensam o direito e que nos presenteiam com o seu saber nestas colunas, apontassem cinco medidas para melhorar o estado da justiça. A sugestão - exceptuando duas ou três excepções - foi tratada com desprezo total. Já não sei se alguém escreveu ou só me disse por outra via, meio a sério meio a brincar, que a minha sugestão era apenas um pretexto para dar pistas ao Ministro da Justiça (então JP Aguiar Branco) sobre a matéria. Obviamente, não era. Era um exercício sério com vista a tentar contribuir para discutir aquilo que realmente interessa. Ou, melhor, que eu julgava que interessava. Porque, hoje, percebo que aquilo que realmente interessa é a questão dos benefícios e privilégios que os magistrados garantem que não têm e que o governo (em que não votei) entende serem excessivos.

Continue-se, pois, nesse registo. Entretanto, o barco vai-se afundando. E todos vamos com ele. Mas será que isso é verdadeiramente importante?

Pela minha parte, ainda resisto. Sem especificar, posso até garantir que tenho levado muito a sério a necessidade de contribuir um pouco mais para o país. Faço-o da forma que posso. Quixotescamente, talvez. Como quixotesco será este meu postal. Mas Vexas já estão habituados e, por isso, não se espantam.

1 comentário:

o sibilo da serpente disse...

Obrigado, magnólia. E, já agora: se as sugestões que me diz terem sido já avançadas pelos órgãos de cúpula das magistratura e não foram ouvidas, creio que uma greve por causa da "surdez" dos responsáveis políticos talvez fosse entendida pelos cidadãos.