PICANTE Q. B. (e quanto convenha!)
"Nunca lá fui!"
Viajem aos mares do sul
Joaquim Namorado
"Tratou com o Camorim,
Calecut, imperador,
Suas bravatas, enfim,
eram dum urso de côr."
Grandezas de Portugal
estância CXLIX
Capitão Joaquim António Pereira
Viajem aos mares do sul
Joaquim Namorado
"Tratou com o Camorim,
Calecut, imperador,
Suas bravatas, enfim,
eram dum urso de côr."
Grandezas de Portugal
estância CXLIX
Capitão Joaquim António Pereira
Ponhamos que a fosforescente Crazy Grazy engana bastante: a gente tira-lhe a bissectriz e pensa -"esta governa-se com meia dose infantil!". Engano absoluto e de danosas consequências para quem, amável mas ignorante, a convidar para comer uma bucha: a personagem pertence à classe das frieiras, subclasse frieiras com bicha solitária, ramo cabe sempre mais uma empadinha! Deus, todo poderoso mas distraído, concedeu-lhe dose tripla de apetite, dentição completa e um total descaramento na hora de passar o babete à volta do pescoço: gosta de tudo incluindo fígado de porco (nisto batendo o meu venerável amigo Rui Feijó que exceptuava esta porcina miudeza do seu voracíssimo cardápio. Este Rui, ancião guloso de comidas e de sexo feminino em geral, não suportava a passagem fatídica do meio dia -tocavam as doze badaladas e ele caía numa aflição que só lhe passava com a primeira pratada de sopa... Com a CG é o mesmo: entre as seis refeições diárias está prostrada pela fome!).
"Mas se a criatura é um ogre desse jaez há-de ser mais volumosa que a enciclopédia luso-brasileira com suplementos anuais e tudo" - dirão os escassos leitores que, por penitência me aturam. Erro, queridos paroquianos, erro crasso que a desinfeliz de gorda apenas tem as orelhas e mesmo assim...Em que transformará ela as provisões que enfarda á tripa forra é mistério mais difícil que o da trindade e olhem que este é dos mais arrenegados.
Mas não é da ziguezagueante CG que queremos tratar mas tão só de um pratinho de que ela me pediu a receita que aqui se assentará.
Tomai pois apontamento ó voláteis filhos de Deus que o que se segue dá pelo nome de caril de camarão. Aqui para nós, que ninguém nos ouve, caril é apenas a mistura de ervinhas e condimentos que, em molho, embebe qualquer conduto (camarão, caranguejo, galinha, porco e carneiro) e acompanha com arroz branco. Consta que os indianos o inventaram para, muito picante, matar a fome pelo simples expediente de pôr a língua do indígena a arder de tal modo que a vítima já só pensa em beber água.
Comece-se como recomendava o falecido Dr. Carlos Moreira, mestre de direito constitucional, pelo princípio: a menos que se conheçam as doses exactas dos componentes, o pó de caril há-de obter-se em qualquer comerciante indiano e não comprar-se já amortalhado em frasco: a diferença de aromas e sabores é enorme e paga a pequeníssima diferença de preços.
Outra recomendação que deve ser respeitada: os camarõezinhos hão-de ser grandes. O médio, tipo camarão da costa, deve reservar-se para um mano a mano com muita e boa cerveja de barril. Consoante o parceiro que se tem pela frente pode comer-se a meias ou pedir doses individuais. Este último expediente foi-me imposto depois de um frente a frente com o falecido António Mendes de Abreu, flor dos amigos a quem só não se perdoa a velocidade com que aviava estes crustáceos. Ia eu nos primeiros cem graminhas e já o Toninho averbava, no prato, os cadáveres de meio quilo. A partir dessa tarde fatal as nossas relações passaram a pautar-se pelo princípio "amigos, amigos, camarão à parte".
Portanto camarão bom de ver e melhor de apalpar! (A regra, de Camilo José Cela, tem, originariamente, como objecto as mulheres mas como o camarão goza da fama de afrodisíaco também dá...) Nada de miolo de camarão a menos que se use tal artigo apenas com o fim de engrossar o molho. Em contrapartida pode ser do congelado, selvagem ou cozido. A diferença estará na cozedura final: o primeiro aguenta 8 minutos no máximo enquanto o segundo não há-de ser supliciado por mais de cinco.
Vejamos o rol dos necessários, para quatro pessoas, segundo receita antiga e saborosa: 2 tomates bem maduros, 2 cebolas grandes, 4 dentes de alho, 2 paus de canelas, 4 colheres de azeite, 1 maçã (se possível) reineta (e, querendo, 1 manga), 1 pitada de coentros e 1 frasco de leite de coco.
Passemos ao capítulo das regJelly Roll" Morton ou Teddy Bucknerras gerais de aviamento: tudo isto há-de ser cozinhado com vagares de sátiro velho, uma cervejinha para combater os calores e um entretém para a puxar (o entretém que ocorreu às amáveis mas estouvadas leitoras é para depois nunca para antes!!!) O fundo musical põe alguns problemas a quem não goste de música indiana, aliás inexistente nas discotecas portuguesas. O meu conselho atira para algum jazz "New Orleans", "Jelly Roll" Morton ou Teddy Buckner: música vigorosa, bem disposta um vago cheiro a casa de meninas no French Quarter e a comida "cajun".
Então vai ser assim: ao som do "Tiger rag" pelam-se e desgraínham-se os tomates. Sempre em "New Orleans" picam-se as cebolas e o alho. Vai tudo junto para a panela onde ferverá um quarto de hora ao som malicioso de Morton, a quem as "meninas" ( e elas lá saberiam porquê...) apodavam de "Jelly Rol"...À cautela mete-se o pó abençoado, mas não todo, que nisto há que proceder como o verdadeiro guerrilheiro: apalpa-se o terreno à falta de coisa mais palpável e vai-se, lenta mas inexoravelmente, ganhando posições, quebrando a vontade de resistir do inimigo que isto de culinária é como na guerra: persistência e apetite...
Já o aroma do estrugido se vai insinuando, aleluia, pela casa toda quando, num audacioso golpe de mão, se acrescenta a maçã esmagada à qual os mais malandrecos agregam uma manga bem madura. Sempre fervendo, ainda que num lume compassado e vivace chega a altura de se juntar o leite de coco e os dois pauzinhos de canela. A música é obviamente outra: Teddy Buckner, trompetista poderoso -comece-se com "Martinique" e com mão bailarina dêem-se duas voltas ao rescendente cozinhado e, já agora, zás!, afinfe-se com os coentros.
Ainda que se esteja a sacrificar aos deuses hindus (e eles são tantos) convém não citar Vatsyiayana e o seu dificultoso Kamasutra - já não há pachorra nem ginástica - se bem que seja permitido um pouco de Tagore: duas ou três passagens de "O jardineiro". Imprescindível, porque a cozinha é de pé que se faz, a citação da estrofe XXV: "E os meus pés não podem com o meu coração!" Doravante o cozinhado faz-se por si, a sábia volúpia do lume brando vai agregando cheiros e sabores - assim se foi fazendo (e faz-se!) a grande música seja ela de Bach, Mozart ou Ellington.
Entretanto, tem a palavra o arroz: sem estrugido se fazem o favor! Este arroz quer-se branco e ungido numa calda de água e leite de coco. Para que os grãos se soltem usar-se-á uma gordura: q.b. de manteiga ou margarina. Sal pouco.
Chegam os convidados - se os houver (e que há-de melhor, em volta da mesa do que amigos, risos, memórias e um vinho antiquíssimo e civilizado?)- é tempo de rectificar temperos e fazer entrar na molhanga rescendente o regimento camaroeiro que tanto trabalho deu a descascar. A bicharada terá quatro a cinco minutos de cozedura, tanto basta para trocar sabores e cor com o caril. Exceptuam-se os camarões crus que pedem mais três minutos que os anteriores patrícios. À mesa comensais e que seja pelos vossos e meus pecados. Comam-lhe bem e bebam-lhe melhor como aconselhava o pretendente Ciro aos chefes dos Dez Mil mercenários gregos que deram nome à retirada e a posteridade a Xenofonte de Atenas.
"Mas se a criatura é um ogre desse jaez há-de ser mais volumosa que a enciclopédia luso-brasileira com suplementos anuais e tudo" - dirão os escassos leitores que, por penitência me aturam. Erro, queridos paroquianos, erro crasso que a desinfeliz de gorda apenas tem as orelhas e mesmo assim...Em que transformará ela as provisões que enfarda á tripa forra é mistério mais difícil que o da trindade e olhem que este é dos mais arrenegados.
Mas não é da ziguezagueante CG que queremos tratar mas tão só de um pratinho de que ela me pediu a receita que aqui se assentará.
Tomai pois apontamento ó voláteis filhos de Deus que o que se segue dá pelo nome de caril de camarão. Aqui para nós, que ninguém nos ouve, caril é apenas a mistura de ervinhas e condimentos que, em molho, embebe qualquer conduto (camarão, caranguejo, galinha, porco e carneiro) e acompanha com arroz branco. Consta que os indianos o inventaram para, muito picante, matar a fome pelo simples expediente de pôr a língua do indígena a arder de tal modo que a vítima já só pensa em beber água.
Comece-se como recomendava o falecido Dr. Carlos Moreira, mestre de direito constitucional, pelo princípio: a menos que se conheçam as doses exactas dos componentes, o pó de caril há-de obter-se em qualquer comerciante indiano e não comprar-se já amortalhado em frasco: a diferença de aromas e sabores é enorme e paga a pequeníssima diferença de preços.
Outra recomendação que deve ser respeitada: os camarõezinhos hão-de ser grandes. O médio, tipo camarão da costa, deve reservar-se para um mano a mano com muita e boa cerveja de barril. Consoante o parceiro que se tem pela frente pode comer-se a meias ou pedir doses individuais. Este último expediente foi-me imposto depois de um frente a frente com o falecido António Mendes de Abreu, flor dos amigos a quem só não se perdoa a velocidade com que aviava estes crustáceos. Ia eu nos primeiros cem graminhas e já o Toninho averbava, no prato, os cadáveres de meio quilo. A partir dessa tarde fatal as nossas relações passaram a pautar-se pelo princípio "amigos, amigos, camarão à parte".
Portanto camarão bom de ver e melhor de apalpar! (A regra, de Camilo José Cela, tem, originariamente, como objecto as mulheres mas como o camarão goza da fama de afrodisíaco também dá...) Nada de miolo de camarão a menos que se use tal artigo apenas com o fim de engrossar o molho. Em contrapartida pode ser do congelado, selvagem ou cozido. A diferença estará na cozedura final: o primeiro aguenta 8 minutos no máximo enquanto o segundo não há-de ser supliciado por mais de cinco.
Vejamos o rol dos necessários, para quatro pessoas, segundo receita antiga e saborosa: 2 tomates bem maduros, 2 cebolas grandes, 4 dentes de alho, 2 paus de canelas, 4 colheres de azeite, 1 maçã (se possível) reineta (e, querendo, 1 manga), 1 pitada de coentros e 1 frasco de leite de coco.
Passemos ao capítulo das regJelly Roll" Morton ou Teddy Bucknerras gerais de aviamento: tudo isto há-de ser cozinhado com vagares de sátiro velho, uma cervejinha para combater os calores e um entretém para a puxar (o entretém que ocorreu às amáveis mas estouvadas leitoras é para depois nunca para antes!!!) O fundo musical põe alguns problemas a quem não goste de música indiana, aliás inexistente nas discotecas portuguesas. O meu conselho atira para algum jazz "New Orleans", "Jelly Roll" Morton ou Teddy Buckner: música vigorosa, bem disposta um vago cheiro a casa de meninas no French Quarter e a comida "cajun".
Então vai ser assim: ao som do "Tiger rag" pelam-se e desgraínham-se os tomates. Sempre em "New Orleans" picam-se as cebolas e o alho. Vai tudo junto para a panela onde ferverá um quarto de hora ao som malicioso de Morton, a quem as "meninas" ( e elas lá saberiam porquê...) apodavam de "Jelly Rol"...À cautela mete-se o pó abençoado, mas não todo, que nisto há que proceder como o verdadeiro guerrilheiro: apalpa-se o terreno à falta de coisa mais palpável e vai-se, lenta mas inexoravelmente, ganhando posições, quebrando a vontade de resistir do inimigo que isto de culinária é como na guerra: persistência e apetite...
Já o aroma do estrugido se vai insinuando, aleluia, pela casa toda quando, num audacioso golpe de mão, se acrescenta a maçã esmagada à qual os mais malandrecos agregam uma manga bem madura. Sempre fervendo, ainda que num lume compassado e vivace chega a altura de se juntar o leite de coco e os dois pauzinhos de canela. A música é obviamente outra: Teddy Buckner, trompetista poderoso -comece-se com "Martinique" e com mão bailarina dêem-se duas voltas ao rescendente cozinhado e, já agora, zás!, afinfe-se com os coentros.
Ainda que se esteja a sacrificar aos deuses hindus (e eles são tantos) convém não citar Vatsyiayana e o seu dificultoso Kamasutra - já não há pachorra nem ginástica - se bem que seja permitido um pouco de Tagore: duas ou três passagens de "O jardineiro". Imprescindível, porque a cozinha é de pé que se faz, a citação da estrofe XXV: "E os meus pés não podem com o meu coração!" Doravante o cozinhado faz-se por si, a sábia volúpia do lume brando vai agregando cheiros e sabores - assim se foi fazendo (e faz-se!) a grande música seja ela de Bach, Mozart ou Ellington.
Entretanto, tem a palavra o arroz: sem estrugido se fazem o favor! Este arroz quer-se branco e ungido numa calda de água e leite de coco. Para que os grãos se soltem usar-se-á uma gordura: q.b. de manteiga ou margarina. Sal pouco.
Chegam os convidados - se os houver (e que há-de melhor, em volta da mesa do que amigos, risos, memórias e um vinho antiquíssimo e civilizado?)- é tempo de rectificar temperos e fazer entrar na molhanga rescendente o regimento camaroeiro que tanto trabalho deu a descascar. A bicharada terá quatro a cinco minutos de cozedura, tanto basta para trocar sabores e cor com o caril. Exceptuam-se os camarões crus que pedem mais três minutos que os anteriores patrícios. À mesa comensais e que seja pelos vossos e meus pecados. Comam-lhe bem e bebam-lhe melhor como aconselhava o pretendente Ciro aos chefes dos Dez Mil mercenários gregos que deram nome à retirada e a posteridade a Xenofonte de Atenas.
Bom apetite!
A Exma Srª Dr.ª Crazy Grazy, também conhecida por doris Ibarruri, cartomante velocipédica, primeira recipendiária desta modesta receita, decerto dará o seu imprimatur a que com ela se brinde o Ilmº e Exmº Sr. Dr. FBC, curry maker. Em se tratando de gente boa há lugar para todos...
13 comentários:
A propósito, conto-lhe a seguinte história:
Na sua recente visita aos Estados Unidos, Mário Soares e sua esposa, hospedaram-se num luxuoso Hotel.
Cerca das 17h00, Mario Soares agarra no telefone, chama o serviço de quartos e diz:
-- TU TI TU TU TU TU
A recepcionista não compreende o que quer dizer Mário Soares e crendo que se tratava de uma mensagem cifrada, avisa imediatamente o FBI.
Num ápice, apresentam-se dois agentes do FBI e postos ao corrente, e não conseguindo decifrar a mensagem decidem chamar a CIA.
Os serviços secretos mandam mais dois agentes ao hotel e começam a investigar e a tentar decifrar a mensagem, mas sem qualquer resultado.
Entretanto, Mário Soares, volta telefonar e recepcionista, agentes do FBI e da CIA ouvem Mário Soares repetir:
-- TU TI TU TU TU TU
Desesperados os agentes resolvem chamar o tradutor oficial da embaixada dos Estados Unidos em Portugal.
Um caça supersónico do Pentágono recolhe imediatamente, no aeroporto de Figo Maduro, o respectivo tradutor que é conduzido sem mais delongas aos Estados Unidos.
Chegado ao hotel e posto ao corrente da situação o tradutor disfarça-se de criado, vai aos aposentos de Mário Soares e descobre o mistério.
O ex-presidente Português e actual candidato tinha querido dizer "Two tea to 222"
Caro compadre:
A sua historieta é engraçada e poderia bem dizer-se dela "se non è vero e ben trovato"...mas falta para a verosimilhança, um pormenor que não é de somenos: o MS, segundo se diz, non spika niente du tout de la lengua madre di Shakespeare...
Em francês nós ouvimos...ouvimos,infelizmente, os atentados à língua de Racine, em catadupa, às vezes, juntamente lá com o son ami.
Quanto á prosa fleuve de MCR, mais uma vez, a referência avulsa a figuras cimeiras das artes me desperta a memória auditiva.
Desta vez, retunmbou no ouvido a cadência tuma, tumba, tumba mardi gras! Tumba, tumba tumba hei...e a seguir os metais atacam o ritmo da música em swing do músico original enquanto o cantor canta "let the music wash your soul; you can mingle in the street; You can jingle to the beat
of Jelly Roll"!
Por causa da evocação, estou neste momento a ouvir a canção que sai de um dos discos mais importantes que conheço na música popular:
There Goes Rhymin´Simon, de Paul Simon, de 1973.
Pensando bem, talvez seja o único disco que levaria para um lugar solitário se pudesse levar só um.
Thanks for the memories, mais uma vez.
Esse disco do Simon é simplesmente genial.
Não creia, leitor José que desdenho dessa grande música: tenho até uma excelente discoteca nesse específico domínio. O "jelly roll" é um gigante e o Teddy buckner uma descoberta surpreendente.
Todavia, os meus amores são indubitavlmente o jazz, a musica barroca, alguma ópera e a grande chanson francesa. Por esta ordem. Claro que, a coroar isto tudo como um imenso cometa benfazejo, MOZART é nothing but the best.
sobre o francês de Soares, permitam-me: vi e vejo constantemente a TV5. vi ums bos vintena de chefes de estado a ser entrevistados pelos melhores jornalistas franceses. Soares naquele francês aqui tão criticado só foi ultrapssado por um efémero 1º ministro romeno que por acaso tinha vivido muitos anos em França: Petre Roman. O resto ou não dizia para a caixa ou eram bem piores (por exemplo: Felipe Gonzalez) e os meus amigos franceses dizem-me perceber perfeitamente o Marocas mesmo quando ele diz regret por regresso!
Já agora: este texto pertence obviamente á série "farmácia de serviço" tanto mais que é uma receita...
Pois então, sobre música francesa, ponha lá os discos a tocar e bote uma prosa daquelas que só aqui leio...
"Posso pedir um disco?
A frase é..." Jean Ferrat- La commune.
PS. Esta é só para confundir uns pândegos que leram um comentário meu sobre a independência dos tribunais antes de 35 de Abril e entenderam tudo ao contrário...
pronto, 25...
Deliciosas a receita, a ambiência, a música. Suas crônicas estão se tornando mesmo imperdíveis.
Abraços,
Silvia
Caro MCR, mesmo um incompetente cozinheiro fica marvilhado com tal receita.
Compadre esteves, essa anedota fez-me rir a bandeiras despregadas.
Caíssimo mcr, esta receita é tão boa, mas mesmo tão boa, que até me abriu o apetite a moi, que nem aprecio caril! E nem só nem principalmente à cause do entretém que também, naturalmente, ocorreu a esta amávelleitora...!
Quem disse que não era boa ideia passar-se a aviar mezinhas em estabelecimentos ad hoc???
Ah, e a anedota que o Compadre nos trouxe é de chorar a rir! Boa compadre! Ridendo castigat mores!
Essa receita, vai-me desculpar, mas vou apropriar-me dela, asinha, asinha.
O tamarindo faz lembrar uma receita também de caril que ouvi a D. Maria Cal Brandão, nada e criada em Timor, donde veio casada com o Dr Carlos Cal Brandão, autor de "Fumo guerra em Timor" , grande resistente contra os japoneses e contra o salazarismo. Este CCB foi para Timor, relegado, em vez do irmão Cilo que a polícia não apanhou. Lá terão dito : à falta do mais velho vai o a seguir que também não é boa prenda.
Honra pois á família Cal Brandão gente direita que quando não estava na cadeia asilava refugiados na sua casa de Gaia. Honra a D. Maria que além da política é uma grande cozinheira.
Honra a essa Srª Dª Abília Bruto da Costa que consegue acreditar nas virtudes de cozinheiro de um juíz!
Honra ao supradito que sabe tratar de duzia e meia de mastigantes com um caril cuja prova vai ser rapidamente feita nesta casa.
A musica sugerida é boa. Nem podia deixar de o ser.
venham mais receitas.
Um abraço
Meu caro MCR, antes do mais, não tenho nada que desculpar, foi a Senhora minha Mãe que expressamente me autorizou a divulgar onde eu entendesse a receita do caril de carne que ela apurou ao longo de anos.
Como "ameaça" servir o dito caril, aqui vai a receita do chouriço picante, que deve ser servido (em pequena quantidade, porque é apuradíssimo) juntamente com o caril de carne:
Chouriço picante
Ingredientes
1 - Chouriço: 1/2 Kg. Retirar a pele, cortar às rodelas e deitar num tacho
2 - Juntar ao chouriço:
- 1 c.chá, raza, de açafrão
- 1 c.sopa, cheia, de cominhos (ou 3 c.chá cheias)
- 2/3 de copo de vinagre
- um pedaço pequeno, esmagado e cortado, de gengibre
- 1 c.chá, rasa, de coentros em pó
- 12 grãos de pimenta redonda (inteiros)
- 12 a 15 cravinhos (inteiros)
- 10 dentes de alho, picados
- piripiri (ou malagueta) ao gosto (3-4 c.chá cheias)
- 2 c.chá rasas de açucar
- 1 c.chá, rasa, de colorau
- um pouco de cognac (1-2 tampas)
Modus faciendi
3 - Misturar com uma colher de pau e deixar descansar durante 4-12 horas.
4 - Juntar:
- 2 c.sopa de margarina, só se o chouriço for muito seco
- 1 folha de louro
- 4 cebolas médias/grandes, cortadas aos pedaços.
5 - Cobrir de água, tapar a panela e levá-la ao lume (1 hora, pelo mesno, mas poderá apurar 2, 3 ou 4 horas).
Notas à margem
A ideia é mesmo "carregar a sério" no gindungo, piri-piri ou quejando - o chouriço tem obrigação de ficar uma autêntica "pólvora" - daí que cada pessoa só se possa servir de uma pequena quantidade, sob pena de "sair a voar".
Caberá assim ao anfitrião explicar aos convivas essa situação, sob pena de arranjar uma carga de trabalhos com as almas mais sensíveis.
Um abraço e bons cozinhados.
(Agora é melhor calar a veia culinária, não vá a K chatear-se e chamar-nos à pedra com a alegação de que o Incursões não é um blog de donas de casa...)
AH AH AH, que provocaçãozinha marota, FBC!
À boleia: já reparou que foi apodado de Professor Universitário aqui neste jornal onde se citam escritos seus em coments recentes no incursões???
Já sim senhora, caríssima, já tinha reparado na "promoção" a professor universitário.
Esse jornalista, que não conheço, deve ser rapaz com visão...
Simpático é de certeza.
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