24 outubro 2005

O fascínio do dinheiro

Recomendo vivamente a leitura da crónica de Pedro D'Anunciação no último "Expresso", na sua habitual coluna "Zapping". A sua crítica televisiva aborda esta semana a forma como alguns entrevistadores tratam os banqueiros deste país, tomando os exemplos das entrevistas de Maria João Avillez a Horta Osório e de Judite de Sousa a Ricardo Salgado, em contraponto com a maneira como os políticos são tratados nos media.
O que nos banqueiros é doce, apaziguador e de um enlevo extremo, em que cada palavra dita é recebida como a mais pura verdade, já nos políticos assume um tom invariavelmente agreste, inquisidor e desconfiado. O político é alguém de quem devemos sempre suspeitar, que tem colado a si um selo de incompetência e de falta de rigor. O banqueiro é sério e responsável, incapaz de cometer um erro ou uma ilegalidade. Só mesmo por negligência...

2 comentários:

assertivo disse...

Bem observado! Acresce que também anda a ficar cada vez mais patente que muitos jornalistas já interiorizaram que têm amos e a quem convém não incomodar.

M.C.R. disse...

Os jornalistas, especialmente, os da televisão, sentem-se parte integrante do jet-set, do people, como agora se diz.
em tempos não muito distantes, Já Paul Nizan, ao falar deste género de criaturas chamava-lhes "chiens de garde". claro que não eram exactamente os plumitivos que ele detestava mas os actuais entram na classificação.
Depois os jornais tornaram-se, como as radios e televisões, em empresas que têm de dar lucro. É por isso que as nossas tevês são o que são. aquela maralha está ali enqunto se portarem dento de parametros bem exíguos. Assim a consciencia das criaturas é tão elastica quanto a mão de quem governa os media...
quanto aos ricaços que lá vão debitar umas vagas explicações - estão no seu papel. Uns são arrogantes por já virem de outros ricos, outros, os novos ricos, são arrogantes por mera grosseria originária: fizeram-se ricos a passar por cima de qualquer um e pensam que o mundo foi fewito para empreendedores do seu gabarito.
Lá diz o evangelho: é mais fácil um camelo passar pel ofund ode uam agulha...