Como quem pega na vida
por vezes fora de hora
como quem treina o palato
com tão dispersa comida
tal esta voz dividida
a cumprir o seu contrato
assinado a sangue e sina
de não calar nenhum facto
(de ser fiel no relato).
Com selo branco gravado
e escrito a tinta-da-china
ficará testemunhado
e em cartório arquivado
que será remo lançado
a remar contra a rotina;
contra a palavra servida
em pratos já consabidos
ou em fervor requentado;
contra a ordem recebida
humana seja ou divina
venha de cima ou de baixo;
contra a vileza expandida
com trajes bem à medida
de falsária urbanidade;
contra a besta desabrida
que sufoque a nossa vida
e nos roube a liberdade.
João Rui de Sousa
Lavra e Pousio (D.Q uixote, 2005)
21 novembro 2005
COMPROMISSO
Marcadores: Rui do Carmo
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1 comentário:
Porra, que sabe bem saber que há quem leia o João Rui... Os ignaros que não lêem ou que só lêem os da moda nem sabem o que perdem. Também não merecem.
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