30 novembro 2005

estes dias que passam 7

Quando arrefece o coração das pombas,
desfalecem, na sombra, as suas asas...

Pois é, amigos, a Santa Gulbenkian, tratou de vos resolver essa maçada imensa de andar atrás de uma prenda de Natal: duma só vez, e por 40 brasas, oferece mais de 700 páginas de boa poesia: as traduções que David Mourão Ferreira fez de centenas de poetas. Vem tudo nos tês volumes seguidos da Colóquio Letras, acabadinhos de sair. Antes que me perguntem eis a numeração: 163, 164 e 165. Cá por mim, já me ofereci os voluminhos e à falta de melhor pretexto foi em honra da velhíssima Tomada da Bastilha coimbrã, que como o Rui do Carmo sabe, cai a 25 de Novembro. O David era um excelente professor e um bom poeta. Que os deuses imortais que velam pelos aedos o tenham no quentinho, com muitas ninfas em volta e bom vinho. O fragmento que abre este humilde diário é de Safo, traduzida pelo David.

E já que falamos em gregos, relembremos, uma vez mais, com gratidão e admiração a professora doutora Maria Helena da Rocha Pereira, felizmente ainda viva, e que, via Asa, nos oferece mais um belo naco de Grécia: Hélade, uma antologia de cultura grega. Ora aqui está uma senhora que honra a Universidade portuguesa e a de Coimbra em particular.

Outra notícia reconfortante: o sinistro Pinochet tem mais uma acusação em cima, desta vez por mera roubalheira. Para já está em prisão domiciliária.

E uma de pasmar: a excelente editorial Estampa, do meu querido amigo e colega dos primeiros anos de liceu, António Manso Pinheiro, começou em 86 uma óptima Nova História da expansão Portuguesa dirigida por Joel Serrão e Oliveira Marques. Dos 11 (onze) volumes previstos ainda faltam 4 (quatro!!!) e isso porque agora, de rajada saiu o volume terceiro em dois tomos. Comecei por ser aliviado de dois contos de reis e ontem esportulei 80 euros pelo vol III (em dois tomos). Ora toma! Pinheirinho, põe cá fora rapidamente os que faltam antes que a malta precise de ganhar o euromilhões para te pagar o produto...

E já que isto me fez voltar vinte anos atrás, lembrei-me de um final de Outubro de 81, ai esta velhice!..., e de Paris subitamente de luto: Brassens acabara de morrer e as pessoas cruzavam-se comovidas como se lhes tivesse morrido alguém familiar. O cantor dos oiseaux de passage e da mauvaise reputation está ainda tão vivo...Ó leitor José, e por Brassens não vai nada?

E o que diria ele, desses aviões sinistros que cruzam os nossos ares, com uma carga infamante de presos clandestinos, de presos “inexistentes”, em prisões “inexistentes”, por crimes eventualmente inexistentes, como já ocorreu, sem direito algum, sem nome, sem pátria e sem uma alma que os defenda?

Canto a paz em plena guerra
mas canto a guerra, também,
nesta paz três vezes maldita e assassina
Esta paz que é a dos cemitérios,
esta paz de arame farpado
esta paz sob as matracas
Eis porque canto a guerra revolucionária
pelos camaradas três vezes traídos
e uma outra vez pelos camaradas traidores:
Na minha inabalável humildade
canto a revolta.

(Wolf Biermann: Gesang für meine Genossen, trad. do escriba)

9 comentários:

josé disse...

Por Brassens?! Então não vai?!
É para já:

"Une manie de vieux garçon
Moi j'ai pris l'habitude
D'agrémenter ma sollitude
Aux accents de cette chanson

{Refrain:}
Quand je pense à Fernande
Je bande, je bande
Quand j' pense à Felicie
Je bande aussi
quand j' pense à Léonor
Mon dieu je bande encore
Mais quand j' pense à Lulu
Là je ne bande plus
La bandaison papa
Ça n' se commande pas.

C'est cette mâle ritournelle
Cette antienne virile
Qui retentit dans la guérite
De la vaillante sentinelle.

Afin de tromper son cafard
De voir la vie moins terne
Tout en veillant sur sa lanterne
Chante ainsi le gardien de phare

Après la prière du soir
Comme il est un peu triste
Chante ainsi le séminariste
A genoux sur son reposoire.

A l'Etoile où j'était venu
Pour ranimer la flamme
J'entendis émus jusqu'au larmes
La voix du soldat inconnu.

Et je vais mettre un point final
A ce chant salutaire
En suggérant au solitaire
D'en faire un hymme national."


Ahahahahah!
Não é a minha preferida, mas para agrémenter cette fin de jour, je vous suggère une autre:

Mourir pour des idées:
"Mourir pour des idées, l'idée est excellente
Moi j'ai failli mourir de ne l'avoir pas eu
Car tous ceux qui l'avaient, multitude accablante
En hurlant à la mort me sont tombés dessus
Ils ont su me convaincre et ma muse insolente
Abjurant ses erreurs, se rallie à leur foi
Avec un soupçon de réserve toutefois
Mourrons pour des idées, d'accord, mais de mort lente,
D'accord, mais de mort lente"

Continua...

M.C.R. disse...

Meu Caro José:
Eu deveria dizer que V. me espanta, mas não! Não me espanta mesmo nada. A sua posição muitas vezes declarada é uma contradição com todos os gostos que, pouco a pouco, V. vai confessando.
De acordo (coma uma subita e sua interrupção...) não estou a pô-lo nessa esquerda caseirinha e deficitária de ideias, de projectos, de audácia e de incorrecção política.
Para isso lá temos o senhor 1º Ministro e uma caterva de correligionários.
Mas estou a situá-lo numa outra coisa bem pouco conservadora, curiosa e atenta que também não quer explicar o mundo outra vêz mas talvez mudá-lo ou pelo menos abaná-lo. E isso, meu caro, de direita nem raspas.
Eu confesso que pensei em si, ao meter esta delida lembrança de Paris num dia pardo, as pessoas tristes e eu sem saber de nada até chegar a um bistrot onde bebia o primeiro café da manhã e perguntar (ou comentar, já nem sei...) as pessoas hoje parecem tristes e o tipo do balcão muito digno "c'est Brassens monsieur, Brassens vient de mourir", indignação que se foi adoçando ao ver a minha expressão subitamnte pesarosa e as perguntas se lá bas (Portugal) apreciavam Brassens. E os meus embaraços para dizer que lá bas só uma escassíssima minoria conhecia Brassens...enfim cenas de um gag parisiense na rue de Vaugirard mas lá muito ao fundo na zona de Convention que era onde me alojava em casa de amigos. Lá fui descendo (ou subindo) para a zona do Luxemburgo e por toda a parte caras fechadas, morrera-lhes um poeta, um poeta muito próximo que falava a gouaille parisiense com reflexos do midi. Raios que velho estou: já só me lembro desse trio magnífico Brassens, Brel e Ferré e dum quarto comparsa só cantor, o Regiani. Mas isto tudo vinha a propósito do que V vai revelando, a escrita é temível, a gente nem dá por ela e záz: confissão completa pronta a pasar pelo notário. Gratíssimo pela citação que pago com esta, tirada do Le Monde desse dia e devida a Henri Montant:
Ce malappris nous parle d'amour avec des mots croquants
Ce mal embouché pardonne au voleur et ngueule la maréchaussée
Ce malotru lutine les grisettes et régale les copains.
Mais cette fois, cee con va trop loin: soixante ans, Georges, c'est un peu jeune pour passer sa mort en vacances, sur la plage de Sète...
Sauf le respect que l'on te doit!
Bonito, não acha?
Um abraço

josé disse...

Meu caro, não fique admirado, porque a dicotomia esquerda/direita não se identifica nos gostos estético-musicais.
Aliás, sem querer entrar muito nessa noite escura da discussão político-ideológica, não se identifica muito bem com...nada, actualmente.

Niveladas que estão as escolhas entre os modos de produção possíveis, não se torna hoje intlectualmente viável, assimilar o modo de produção capitalista como o vemos a singrar por aí fora, com a direita, como outrora era de algum modo utopicamente inevitável.
Está agora a falar na tv um monge laico que pensa que é possível a contradição enquanto se consweguir enganar o crente no amanhã que cantará, como o galo todos os dias...

Mas deixemos esta conversa de ideias passemos à arte, neste caso musical:
Falou aí no reggiani que cantava maravilhas e deu-me a nostalgia du Pont Mirabeau. O poema é recitado no disco e foi um dos que ficou no ouvido anos a fio. Tanto que quando fui a Paris passear nas margens da Seine em busca de bouqins a con marché nos bouquinistes da rive gauche, lembrei o Pont Mirabeau da canção de Reggiani e do poema de Apollinaire. Tudo de esquerda, dirá.
E eu digo, ainda bem que eram de esquerda. O idealismo foi uma bandeira de esquerda, mas a música e a sensibilidade para as coisas da vida não têm lado, meu caro. (acho que já escrevi isto.)
Mas o Reggiani vi-o na década de oitenta, envelhecido, na tv portuguesa entrevistado pelo Júlio Isidro e até gravei parte. Devo ter para aí, misturado com um concerto qualquer de música pop.

Mas falando de artistas franceses de esquerda, até vou assustá-lo com outro nome sagrado da esquerda: Jean Ferrat, um comunista dos quatro costados estalinistas, mas com uma habilidade para cantar maravilhas que me encanta a mim que até fico a gostar de La commune e de Camarade, de 1971 e 1970.
O que é que essa música tem de especial?
Pois tem a produção do disco, numa sonoridade etérea que me arrasta para uma mística que nada tem de comunista, meu caro. Tem mais de idealismo e fraternidade do que outra coisa. E isso não se explica, sente-se. Quero lá saber se a comuna foi comunista ou proto-comunista...se o sentimento se aproxima do que sinto quando estou numa igreja antiga em oração!
E se a seguir, ouvir Aimer a perdre la raison ou Le Malheur d´aimer, a experiência torna-se quase mística. Por isso, ouço muito poucas vezes para preservar o efeito e não banalizar o efeito dos violinos em addagio.
São canções da paixão, meu caro. Da maior paixão, daquela que nos arrebata para o infinito e nos deixa lá. Tive sorte, acho.

Mas se quiser sentir a nostalgia do tempo que passou, ouvirei À l´ombre bleue du figuier ou Tout ce que j´aime.

C´est assurément un comble, mon chèr.

Mas lembro outro cúmulo do bom gosto musical:
Georges MOustaki! O esquerdista libertário que esteve em Portugal, logo no mês de Abril ou Maio de 74!
Todos os discos do méteque são bons.
Acho que todos os franceses sabem de cor a Carte du tendre. Quem conhece isso por cá?!
E quem, senão o grande Moustaki poderia escreve sobre uma coisa tão íntima e maravilhosa a que o poeta designou como um lugar chamado C´est là?
Deixo aqui o poema tão belo como delicado, na certeza que ninguém nos lê...ehehehe.

Voilà:

"C'est là que le monde commence
C'est le début de l'infini
Jardin secret couleur de nuit
Royaume d'ombre et de silence
Terre promise île déserte
Refuge crypte et oasis
Jardin de nos plus doux délices
Source toujours redécouverte
C'est là le centre de la terre
Où se rencontrent nos envies
C'est là que se donne la vie
Royaume d'ombre et de mystère
C'est là que commence le monde
Là où ta main guide ma main
Pour mieux lui montrer le chemin
Au coeur d'une forêt profonde
J'y découvre des paysages
D'étranges fleurs d'étranges fruits
Dans cette étrange galaxie
Où me conduisent mes voyages
C'est là le centre de la terre
Le saint des saints le lieu précis
Où de naguère à aujourd'hui
Je me noie et me désaltère
C'est là que le extase commence
C'est le début de l'infini
Jardin secret couleur de nuit
Où tu recueilles ma semence"

josé disse...

Diga lá:
Conhece alguém que consiga escrever assim sobre as mulheres?!

Malin, ce type là..! Très malin.

M.C.R. disse...

Tem V. muita razão: os gostos estéticos não têm cor para as pessoas de bem, para os homens de carácter, para os que sabem que afirmar as suas ideias passa por ouvir, educada e cuidadosamente, as dos outros.
O diabo é o resto: este mundo cada vez tem menos gente de bem (eu não disse "gente bem"!) e cada vez mais vozearia.
Quer crer que volta que não volta dou um salto ao XV só para passar o pont Mirabeau? Que ainda por cima vai dar ao boul. Emile Zola, esse amigo dos grandes pintores e defensor de Dreifus. E excelente escitor diga-se de passagem...
Eu confesso que acho o Moustaki um belo poeta mas como cantor ...népia. Já o Ferrat é outra loiça.
Ai a grande canção francesa... a Piaf, meu Deus a Piaf!!!
O meu querido amigo Manuel Simas, volta e meia, critica-me este penchant francófilo como se eu tivesse culpa de ter sido desmamado a Julio Verne, Dumas e Ponson du Terrail (o do Lagardere...). Andava pelos meus 14 amos comecei a ler os franceses mais graves, o gigantesco Balzac e o admirável Stendhal. Tudo em tradução, claro. Mas logo que me apanhei com Paroles do Prévert percebi que em francês, os franceses eram outra coisa. Nunca mais comprei traduções. É dificil? dicionário com ele. A minha "educação marxista" foi em francês. Em coimbra nos anos sessenta comprava o Monde e o Express. E a Lui (ah, ah, ah) e a Europe, revista bem literária inteligente e exigente. Continuo a comprar o Monde e o Express: eu cá sou cão que conhece dono. Fiel aos amigos, às lojas onde me tratam bem, às livrarias que conseguem ter a minha longevidade e a essa imensa alegria de conversar com gente como V, meu caro.
E com vários dos bloguistas que aqui deixam as suas reflexões.
Um abraço

josé disse...

Esse penchant francófilo é o que nos falta.Abandonámos a francofilia, para pendermos mais para os nossos aliados manientos, por causa do globalismo de uma língua franca que já nem é "Franca".
A França ainda é um belo país de intelectuais que cuidam do seu jardim de delícias.
Escrevi há dias sobre a LIre que foi uma criação de Barnard Pivot e Jean Louis Servan Schreiber ( que dirigiu o L´Express...)e que nos anos oitenta organizou um campeonato de ortografia nacional.
Por cá, o ano passado, o Expresso tentou o mesmo, mas nada de parecido aconteceu.
O Bernard Pivot tinha um programa na tv que era o Apostrophes que o nosso Carlos Pinto Coelho tentou ( e bem) imitar. Era um sucesso, aparentemente.
E sobre a Lui, nem me fale...que me descaio no gosto estético para falar de Aslan e das suas belíssimas fêmeas softcorizadas( anglicismo atabalhoado)que me perturbaram o imaginário de juventude.

M.C.R. disse...

Meu Caro
Um maldoso causídico desta praça enviou-me para eu lhe remeter esta outra peça do Brassens. depois do que eu tenho para aqui falado de processos este texto vai-me valer um coro de imprecações mas arrisco-me porque tem graça e eu não o recordava. Fui agora encontrá-lo numa edição da Séghers de 63 (e já era a 31ª edição). Como graça devo acrescentar que este meu livro leva o nº de ficheiro 6442 e é um segundo exemplar na minha posse. O primeiro com o nº 716 deve estar na estante de outro admirador de Brassens menos endinheirado e bastante audacioso para mo surripiar.

Le gorile
(Georges Brassens)


    C'est à travers de larges grilles,
    Que les femelles du canton,
    Contemplaient un puissant gorille,
    Sans souci du qu'en dira t on.
    Avec impudeur, ces comméres
    Lorgnaient même un endroit précis
    Que, rigoureusement ma mére
    M'a défendu de nommé ici...
    Gare au gorille !...

    Un jour la porte de la prison bien close
    Où vivait le bel animal
    S'ouvre, on n'sait pourquoi. Je supposes
    Qu'on avait du la fermer mal.
    Le singe, en sortant de sa cage
    Dit "C'est aujourd'hui que j'le perds !"
    Il parlait de son pucelage,
    Vous aviez deviner, j'espére !
    Gare au gorille !...

    L'patron de la ménagerie
    Criait, éperdu : "Nom de nom !
    C'est assommant car le gorille
    N'a jamais connu de guenon !"
    Dés que la féminine engence
    Sut que le singe était puceau,
    Au lieu de profiter de la chanse,
    Elle fit feux des deux fuseaux !
    Gare au gorille !...

    Celles là même qui, naguére,
    Le couvaient d'un oeil décidé,
    Fuirent, prouvant qu'elles n'avaient guére
    De la suite dans les idées ;
    D'autant plus vaine était leur crainte,
    Que le gorille est un luron
    Supérieur à l'homme dans l'étreinte,
    Bien des femmes vous le diront !
    Gare au gorille !...

    Tout le monde se précipite
    Hors d'atteinte du singe en rut,
    Sauf une vielle décrépite
    Et un jeune juge en bois brut;
    Voyant que toutes se dérobent,
    Le quadrumane accéléra
    Son dendinement vers les robes
    De la vieille et du magistrat !
    Gare au gorille !...

    "Bah ! soupirait la centenaire,
    Qu'on puisse encore me désirer,
    Ce serait extraordinaire,
    Et, pour tout dire, inespéré !" ;
    Le juge penser, impassible,
    "Qu'on me prene pour une guenon,
    C'est complétement impossible..."
    La suite lui prouva que non !
    Gare au gorille !...

    Supposez que l'un de vous puisse être,
    Comme le singe, obligé de
    Violer un juge ou une ancêtre,
    Lequel choisirait-il des deux ?
    Qu'une alternative pareille,
    Un de ces quatres jours, m'échoie,
    C'est, j'en suis convaincu, la vieille
    Qui sera l'objet de mon choix !
    Gare au gorille !...

    Mais, par malheur, si le gorille
    Aux jeux de l'amour vaut son prix,
    On sait qu'en revanche il ne brille
    Ni par le goût, ni par l'esprit.
    Lors, au lieu d'opter pour la vieille,
    Comme l'aurait fait n'importe qui,
    Il saisit le juge à l'oreille
    Et l'entraîna dans un maquis !
    Gare au gorille !...

    La suite serait délectable,
    Malheureusement, je ne peux
    Pas la dire, et c'est regrettable,
    Ca nous aurait fait rire un peu ;
    Car le juge, au moment suprême,
    Criait : "Maman !", pleurait beaucoup,
    Comme l'homme auquel, le jour même,
    Il avait fait trancher le cou.
    Gare au gorille !...
 

josé disse...

CAro M.C.R:

as canções do Brassens estão por aí disponíveis na net.

Pode dizer ao seu amigo que não perde pela demora. Agora não tenho tempo para responder em letra de forma...ahahah!

josé disse...

Esta, embora nada deva a Brassens, fica tudo a dever ao humor francês e por isso vai dedicada ao tal causídico apreciador de calembours especiais:

« Pourquoi doit-on enterrer les avocats très profondément? Parce que au fond, ils ne sont pas si mauvais que ça ».