03 novembro 2005

A Galiza a puxar pelo Norte de Portugal

Esta notícia do “Público” de hoje dá conta do empenhamento do presidente da Xunta da Galiza, Emílio Pérez Touriño, em esclarecer junto dos governos espanhol e português o futuro da ligação do TGV entre Porto e Vigo. De acordo com o ministro Mário Lino, o projecto não foi abandonado, mas vai ser objecto de uma reprogramação. Não se sabe bem para quando. O que se sabe é que, da forma como o dossier TGV tem sido tratado em Portugal, já nada nos surpreende.
Reconhecendo que a decisão final pertence ao governo português, Emílio Pérez Touriño salienta a importância deste projecto para a euro-região Galiza/Norte de Portugal e quer ver o assunto inscrito na agenda da próxima cimeira luso-espanhola, a decorrer este mês.
À falta de uma entidade com plena legitimidade para representar e defender os interesses do Norte de Portugal no contexto nacional e ibérico, tem que ser o presidente da Xunta da Galiza a assumir a defesa de projectos estruturantes para toda esta região do noroeste peninsular. Força Emílio!

3 comentários:

M.C.R. disse...

Confesso que ainda não vi -mas seguramente por falta de informação - o interesse económico português na linha tgv até Vigo. Digo português porque pelo menos até Valença seria Portugal a pagar, ou não é assim?
De um ponto de vista pessoal e egoístico dava-me jeito a linha mas...será rentável? Valorizará a produção portuguesa ou será tão só um escoadouro da pujante industria galega?
Estas perguntas são mesmo a sério, pois como já disse desconheço tudo ou quase sobre a bondade do projecto.
Haja quem me alumie.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Caro MCR, cada vez mais há uma grande ligação entre as duas regiões – Galiza e Norte de Portugal – do ponto de vista económico. As notícias de hoje, plenas de oportunidade, confirmam-no. Paços de Ferreira avança em força para promover a sua indústria do móvel numa feira empresarial de Vigo e José Sócrates vai assinar acordos de cooperação transfronteiriça que envolvem a Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho e a Deputación de Pontevedra.
No que me diz respeito, posso testemunhar que as empresas espanholas são uma presença assídua nas feiras da Exponor, não só como produtoras mas também como compradoras das empresas portuguesas. Há, sem dúvida, uma grande aproximação entre os mercados de ambos os lados da fronteira, com vantagens recíprocas. Para muitas empresas portuguesas, a entrada na Galiza é a forma mais fácil de achar um caminho para penetrar no mercado espanhol.
Lembro também que a remodelação do aeroporto do Porto deveria ser concertada com uma estratégia que permitisse servir todo o noroeste peninsular. Se nada fizermos deste lado, perdemos uma grande oportunidade para fazer passar por Pedras Rubras largos milhares de turistas e viajantes galegos.
Nada sei das contas do TGV, mas parece-me evidente a vantagem em fazer uma ligação Porto-Vigo, que depois ficará articulada, a Norte, com a rede de comboio de alta velocidade que liga as várias cidades espanholas. Cada vez mais estou convencido que esta faixa de território Norte de Portugal/Galiza tem tudo a ganhar no contexto ibérico e europeu se conseguir implementar projectos estratégicos de interesse comum.

M.C.R. disse...

Obrigado pelas suas dicas, caro JCP.
Todavia eu persisto: o tgv, ao que sei, só transporta bípedes. Se se tratasse de um sistema eficaz, rapido e barato de transportar também mercadorias ainda compreendia. Mas só pessoal? chegará par o tornar rentável?
Um segundo ponto sobre o aeroporto: está bonitinho sim senhor, faltam-lhe é aviões, gente, e linhas dessas novas e baratas...que por acaso vão para Vigo e para a Corunha!!! Ou seja: astas duas cidades galegas tem belíssimos portos de mar, as grandes companhias pesqueiras estão lá, os fretes marítimos são metade dos nossos em preço, os parques industriais de média e grande dimensão estão lá, etc, etc,,,
Que temos nós a oferecer-lhes a bom preço? Nem hoteis nem restaurantes, sequer. É por isso que se de um ponto de vista pessoal me daria jeito otgv do ponto de vista nacional ... a coisa fia mais fino. Eu bem sei que o Sócrates fez unss acordos; ainda estava em Paços de Ferreira e já a industria pacence em peso se preparava para a feira de Vigo. Tudo bem, tudo jóia como agora se diz mas...uma andorinha faz a primavera. É que eu estou farto de mega projectos: foi o Cachão, foi Sines agora é aquela barragem no alentejo de que já nem sei o nome mas que só dá água para os campos de golfe, foi a Expo de Lisboa que ia ser um negociarrão e ainda andamos a pagar os três paquetes que se alugaram para a multidão de turistas que não veio, foi o euro dos futebois que criou pelo n+menos 6 estádios que estão às moscas mas que endividaram as camaras respectivas até daqui a não sei quantos anos...Etc. etc...
Ó Amigo JCP não se arranja um projecto pequenino e baratinho que não traga milhões mas prometa umas modestas centenas rápidas e eficazes?
É isto que me consome, sabe? Este desparrame de dinheiros que depois não tem retorno, estes projectos mirabolantes que ficam sempre dez vezes mais caros do que estava previsto, estes elefantes brancos que depois não têm serventia. Estarei errado? Será do meu fígado? Estarei em dia não, como o Vasco Pulido Valente?
Um abraço