Recentemente circularam pela internet três textos confirmadamente falsos, atribuídos a Gabriel Garcia Márquez, Miguel Sousa Tavares e Eduardo Prado Coelho. O primeiro sobre uma pretensa doença cancerígena e a perspectiva da morte, o segundo sobre o aeroporto da Ota e o terceiro sobre a sociedade e os políticos. Todos estes autores se viram obrigados a vir a público desmentir a autoria dos textos, quando a respectiva circulação atingira já uma enorme repercussão. Contudo, esses desmentidos acabam por nunca chegar a todos os que alimentaram a “corrente” e ajudaram a propagar o boato ou a falsa informação.
Este é um problema novo suscitado pela sociedade do conhecimento, em que a informação circula de forma tão rápida e informal que nem sequer dá tempo para que verifiquemos as fontes e as origens de determinadas notícias. Quem analisasse com atenção os textos atribuídos aos autores supracitados constataria facilmente que a autoria dos textos só podia ser falsa, mas a ânsia de absorver e partilhar informação é tanta que mesmo o facto mais inverosímil se torna, em pouco tempo, um dado absolutamente seguro para todos.
Perante esta realidade, penso que a circulação de informação na internet – um elemento fulcral para a partilha do conhecimento contemporâneo – não pode deixar de obrigar cada um de nós a seguir o velho princípio da “máxima responsabilidade para a máxima liberdade”. Doutro modo, cairíamos na total ausência de critério e de rigor na divulgação de factos, notícias e opiniões, sem cuidar de saber da respectiva proveniência e autenticidade, contribuindo, em última instância, para o êxito de campanhas que tenham como objectivo descredibilizar pessoas, instituições ou projectos.
17 novembro 2005
Novos perigos
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
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1 comentário:
Absolutamente de acordo.
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