a verdade é que não sabemos nada
e o que se esconde por trás
das pálpebras fechadas é sonho
ou sono .
a verdade é que a noite de alguns dias
é longa como se não se acabasse
e imóvel como um filme interrompido.
só ouço o som do cello a invadir a sala.
na voz quase humana.
entre as notas musicais,
nada se move sob as estrelas
caladas no seu brilho de séculos-luz.
a verdade é que só sei a falta,
esta lacuna.
só sei este oceano
em tumulto no meu peito.
silvia chueire
27 novembro 2005
a verdade
Marcadores: Poesia, Sílvia Chueire
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23 comentários:
Quando posso, visito as páginas deste “blog” onde me delicio a ler o MCR e a silvia chueire. Do primeiro temos a nostalgia do tempo passado, as memórias e aventuras do nosso quotidiano.
Da silvia chueire temos a magia da poesia a fazer mistério na nossa intimidade e a interpelar-nos sobre as questões da vida.
Hoje, temos a Verdade.
Há dois mil anos alguém fêz esta interrogação, de modo cínico: Que é a Verdade? Foi Pilatos, no “julgamento” de Jesus.
Desde esse dia que muitos, de um modo especial, se interrogam acerca da Verdade.
Para aqueles que acreditam, Jesus disse: «Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim» (João 14:6). E seguem-n’O!
Neste contexto, a Verdade baseia-se na minha Fé a qual é, para mim próprio, um mistério, mas certamente uma Graça de Deus que vou cultivando no meu dia-a-dia.
À semelhança do afirmado por João Paulo II, só Deus conhece a história da minha vocação. Na verdade, não sei como ela nasceu. Mas desabrochou certamente um dia, quando a minha Alma muito devagarinho deixou-se comover com a doce Figura de Jesus. E descobri, de mansinho, toda a poesia do gesto de Nossa Senhora, Mulher Mãe e Rainha do Céu e da Terra! Compreendi, de súbito, toda a nobreza da Sua Vida, Vida de Amor, de Gratidão, de Dádiva!
A Poesia aqui ajuda-nos a reflectir e constitui um bálsamo, para nós que andamos perdidos neste turbilhão a que chamamos de “vida”…
E o Mundo que é tão bonito! Mas maravilhoso seria se todas as pessoas se amassem fraternalmente, e não existisse o mal a perturbar o nosso quotidiano…
Precisamos de inventar outra vida, como disse algures o nosso escritor António Alçada Baptista!
Acompanhando a poesia, temos de evitar que a noite de alguns dias seja longa…
Obrigado, silvia chueire, pela magia emprestada a esta manhã de Domingo, aqui em Lisboa!
Beijos
Delfim Lourenço Mendes.
tao bonito que ate doi, Silvia!
No programa de Filosofia do ensino secundário, há uma rubrica sobre "a verdade". Fiz na altura uma aula em rap.
Já a coloquei em tempos uma sintese desta aula em post. A aula era assim:
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Rapaula
1. Vamos falar verdade.
2. A verdade não está fora de ti, não há factos sem interpretações: tu interpretas diferente de mim, mas podemos chegar à mesma interpretação se tu e eu falarmos das mesmas coisas com o mesmo “jogo de linguagem”.
3. Dentro de um jogo de linguagem há só uma verdade, mas nem sempre o teu jogo de linguagem é igual ao meu e, por isso, tenho de perguntar: porque é que a tua verdade não é a minha?
4. As palavras são como etiquetas e tu ou eu não as colocamos nas mesmas “coisas”, por isso, dizemos as mesmas palavras, mas interpretamos “coisas diferentes. Não jogamos o mesmo jogo.
Refrão
Todos: A verdade-consenso, não é a do senso-comum, nem a soma das opiniões de cada um. A verdade-consenso só tem uma imagem: é a verdade da melhor razão a que chegam todas as razões que aceitam “jogar” o mesmo “jogo de linguagem”.
5.E nesta recapitulação também devemos lembrar as verdades do coração. Não chega demonstrar, impondo sem discussão. Há verdades que aumentam de graduação pela persuasão.
6. Se queres persuadir não podes demonstrar sem discussão. Tens de procurar o “lugar do preferível.” Posso sentir-me mais seguro no “lugar” da eficácia e, então, não me peças a divagação.
7. Para organizares a tua argumentação tens de saber estruturar os teus argumentos por forma a que eu presuma que tudo o que me dizes é incontroverso.
8. Mas a argumentação não deve ser manipulação. Tem Platão razão quando pensa que o sofista é um retórico que, abusando da arte de saber falar, se torna num charlatão.
9. Na obra “O Sofista” ouve, então, o que diz Platão: “Não devemos admitir que também o discurso permita uma técnica por meio da qual se poderá levar aos ouvidos de jovens, ainda separados por uma longa distância da verdade das coisas, palavras mágicas, e apresentar, a propósito de todas as coisas, ficções verbais, dando-lhes assim a ilusão de ser verdadeiro tudo o que ouvem e de que, quem assim lhes fala, tudo conhece, melhor do que ninguém.”
10. A arte da argumentação não pode ser a armadilha do charlatão. Tudo deve estar em competição e persuadir e, também, saber ouvir, porque a tua razão é mais forte, quando ouve a minha na nossa discussão. A verdade não é minha, nem é tua é a que havemos de encontrar no consenso da discussão.
11.A nova retórica é a filosofia do razoável. Surgiu com a própria filosofia e com a democracia, pois acabou com a autoridade de um só. Agora não abanamos só com a cabeça de cima para baixo, mas também de um lado para o outro. Não há só sim, nem só não: há “sim” e “não” e também há o “talvez”.
12. E agora vamos ver se há diferença entre o saber e o conhecer.
13. O saber é o que fica depois de conhecer. A ciência, a filosofia são saberes diferentes. Só digo que é científico um saber que pode ser sujeito a testes e, por isso, refutável. Só digo que é filosofia quando o saber é pessoal: uma sabedoria.
14. O que é então conhecer?
15. Conheço primeiro pela percepção. A percepção não é uma sensação, porque tomo-a numa interpretação. Não vejo as coisas como elas são, mas como aprendi a vê-las pela educação.
16 .Qual a origem do conhecimento?
17. Tudo depende do teu entender: Se és empirista tens uma solução; se és racionalista tens outra solução; se és construtivista nem dizes que só os sentidos ou só a razão são fontes de construção.
18. Que grande reinação. E então: qual o valor do conhecimento?
19. Depende da consideração que tu tiveres pelas fontes do conhecimento. Se pensas ter adquirido a verdade tens uma posição; se não, ficas na negação. O dogmatismo dá-te a primeira posição; o cepticismo deixa-te na negação.
20. Há uma diferença de aceitação entre o probabilismo e o pragmatismo. O que é provável não é o mesmo que o que é eficaz. Na probabilidade tens uma verdade que resulta duma lógica da matemática, na eficácia ficas com a verdade da lógica do interesse.
21. Teremos conhecimentos prévios às coisas. Para que eu saiba que isto é um lápis não terei de ter o conhecimento dum lápis?
22. A esta interrogação, obténs do racionalismo e do idealismo uma afirmação; mas o empirismo só aceita a indução.
23. A filosofia da ciência pretende analisar o que a ciência é, a natureza do seu conhecimento e o que é possível conhecer.
24. Então diz-me lá: o que é que poderei saber da Nova Filosofia da Ciência?
25. O Positivismo e o neopositivismo defendiam que os juízos de ciência eram observacionais, pois os testes verificavam a sua verdade. O racionalismo crítico vai opor-se ao positivismo para dizer que os testes nada podem provar, pois não se pode dizer que sempre acontecerá tal como aconteceu. Só podes testar para refutar ou corroborar.
26. Ficas a saber que a ciência não se define por critérios internalistas, não é um conhecimento demonstrado por regras ou por testes, mas é um saber integrado num paradigma ou “jogo de linguagem” e um jogo de linguagem manifesta sempre uma “visão do mundo”.
27. Por isso, toma atenção: massa, tempo e espaço não é para Enstein o mesmo que é para Newton, pois é no interior dum paradigma que os conceitos e as teorias jogam o seu jogo, bem como as suas aplicações.
Todos: Com a verdade me enganas se não falarmos o mesmo “jogo de linguagem”
Nesta manhã de segunda-feira, aqui no meu gabinete de trabalho, e ainda acerca do tema da Verdade, apenas tenho tempo de afirmar o seguinte:
A Verdade, aqui reflectida, é apenas uma, não resultando de um mero jogo de palavras...
Consequentemente, não se pode transigir com a mesma!
Como disse S. Josemaria Escrivá, " A transigência é sinal certo de se não possuir a verdade. - Quando um homem transige em questões de ideal, de honra, ou de Fé, esse homem é um homem... sem ideal, sem honra e sem Fé.
O grande Papa João Paulo II ensinou que a Verdade existe, e não é inventada pelo homem, não resulta de uma convenção, de um acordo de sábios, de uma assembleia de políticos, nem da decisão de um poder autocrático ou de uma maioria democrática. Não muda ao ritmo do tempo ou ao sabor dos ventos. E também não é um facto bruto, arbitrário, que se nos impõe, que nos esmaga, que nos escraviza, que nos determina contra a nossa vontade, pois a Verdade é boa e bela.
João Paulo II assim escreveu: "o esplendor da verdade brilha em todas as obras do Criador e particularmente no homem, criado à imagem e semelhança de Deus".
Apesar de tudo, com muita frequência, o homem "vai à procura de uma liberdade ilusória fora da própria verdade".
Mas, em todo o homem permanece sempre uma saudade profunda, "a nostalgia da verdade absoluta e a sede de chegar à plenitude do seu conhecimento".
"Nenhum homem pode esquivar-se às perguntas fundamentais:
Que devo fazer?
Como discernir o bem do mal?
A resposta a perguntas como distinguir o Bem do Mal é dada por Jesus Cristo".
"A Igreja olha cada dia com amor incansável para Cristo, plenamente consciente de que só n’Ele está a resposta verdadeira e definitiva ao problema moral".
Antes de mais, é Ele que nos ensina o que significa a liberdade: "Cristo crucificado revela o sentido autêntico da liberdade, vive-o em plenitude pelo dom total de Si mesmo, e chama os discípulos a tomar parte na sua liberdade".
Além disso, Jesus Cristo é a nossa liberdade, pelo Seu perdão e pela Sua Graça.
Jesus mostra como "a obediência às normas universais e imutáveis" realiza o mistério da pessoa humana e salvaguarda a sua dignidade.
Infelizmente, às vezes até o desejo da verdade consegue ser silenciado no coração humano.
Alasdair MacIntyre, filósofo moralista contemporâneo, fazia em 1953 esta análise:
"Os homens de hoje não são nem ateus nem humanistas, no sentido de se comprometerem em alguma causa; deixaram pura e simplesmente de acreditar no que quer que seja".
O que é, convenhamos, trágico...
Delfim Lourenço Mendes, Lisboa.
"Jogo de linguagem" é um conceito introduzido por um dos maiores filósofos da linguagem do nosso tempo: Wittgenstein. Com esse conceito quis dizer que as palavras que usamos recebem um sentido em função das nossas crenças, do nosso modo de ver e, por isso, crenças diferentes dão um sentido diferente às palavras, gerando, por vezes, conflitos de interpretação. Outros filósofos, também cristãos, Ricoeur e Levinas acolheram este conceito. Suponho, entretanto, que Wittgenstein não era da Opus Dei.
Da parte da tarde, apetece-me, antes das realidades comezinhas da vida profissional, acrescentar que Wittgenstein foi,creio, um homem atormentado em busca precisamente da verdade, que certamente lhe parecia fugir...creio que ele pretendeu acabar com a ética, a filosofia e a religião, tudo aquilo que está desprovido de sentido (para ele, claro).
Assim, decididamente que não seria membro da Opus Dei ou de outra qualquer confissão religiosa...
(Também não percebo essa alusão à Opus Dei...).
Mas, é claro, eu não sou filósofo...
Deve haver alguma confusão na sua leitura de Wittgenstein. Este filósofo repetiu sem cessar "a minha vida consiste em me dar por satisfeito com algumas coisas". Talvez, por isso, deixasse a engenharia para se tornar professor numa pequena aldeia. No entanto, o mais importante num pensador não é o que se diz da sua vida (sempre dito de forma subjectiva e especulativa),mas o que a sua obra representa.E,quer o "Tratado lógico-filosófico", quer as "Investigações Filosóficas" (traduzidas pela Gulbenkian) constituem obras fundamentais da filosofia contemporânea, com reflexos em todas as outras disciplinas das chamadas "ciências humanas", nomeadamente no direito. Sobre elas já se fizeram centenas de estudos e trabalhos académicos e é significativo que nesse esforço tenha desempenhado papel relevante a Univers. Católica. Um pequeno texto "Conferência sobre ética" de Wittgenstein já merece referência em todos os tratados de ética.
A propósito de ser ou não filósofo, dizia Epicteto "o verdadeiro filósofo nunca se toma por filósofo". Talvez seja mais interessante este tema do que o da "Opus Dei".
Estou a ler um texto, que um amigo traduziu e me ofereceu. "Verdade e Política" -- uma conferência de Hannah Arendt. Nele se refere: a verdade no choque frontal com qualquer poder, seja político ou creencial, sai sempre perdedora.
È uma outra reflexão sobre verdade que, sem nenhuma espécie de insinuação, gostaria que lesse, se ainda não leu.
Sempre tive a ambição (talvez desmedida) que os poemas que escrevo, ao menos alguns deles, provocassem quem os lê, fizessem pensar, subvertessem até, para que a reflexão acontecesse.Com a noção clara que qualquer que ela fosse seria já o poema em seu próprio rumo.
Por isto é bom ler a discussão aqui ocorrida entre o compadre e o Delfim. Mas, espero que os ânimos se mantenham calmos. : )
Ao Delfim, à Kamikaze, ao compadre, meu grande abraço.
Silvia
Ainda falto eu, querida Sílvia!
Confesso que para mim a a primeira qualidade da poesia é a "emoção".
E a segunda é esta: quando ao lermos um poema, dizemos para nós próprios:é isto mesmo o que eu queria dizer mas faltavam-me as palavras. O poeta é pois um porta voz da comunidade de ouvintes (agora leitores). Por isso o seu caracter semi sagrado nas antigas civilizações e nos povos "primitivos". infelizmente e para fazer jus ao nosso leitor Delfim a sociedade actual esqueceu isso. Já não sabem qual o papel do poeta na "polis".
a discussão aqui travada parece-me apesar de esgrimirem muitos conceitos filosóficos parece-me indiciar isto mesmo.
Silvia d'Alem Mar, permita-me dizer como Pound: che bella fabra!
Um abraço
Já, agora, gostaria de referir o seguinte: a questão do sentido em Wittgenstein tem um significado diferente daquele que uma leitura apressada pode levar a pensar.
No "Tratado Lógico-Filosófico", Wittgenstein segue o pensamento do neopositivismo ou positivismo lógico e considera que o dizível (no sentido científico) é o que é verificável ou se sujeita à racionalidade demonstrada e, por isso, deus, a metafísica ou a ética pertencem ao indizível; logo, sem sentido. Isto é, o “sentido” obedece a critérios fixos (matemáticos ou testabilistas).
Tal como defendiam os neopositivistas do Ciclo de Viena, considera que há um isomorfismo entre as estruturas da linguagem e a estrutura «fenoménica» do mundo.
A verdade deveria ser, por isso, dada por proposições que fossem uma espécie de cópia da realidade. Por ex., se digo «isto é uma mesa”. A proposição é verdadeira se e somente se «isto» (que está aqui á minha frente) é uma mesa.
Uma verdade que não correspondesse a factos não era uma imagem do mundo e, por isso, era uma afirmação desprovida de sentido. Mas não negava a ética ou a metafísica ou deus. Dizia que estas questões dizem respeito ao indizível (ou sem “sentido” lógico ou testabilista).
Estudei esta questão epistemológica com um dos maiores especialistas em Wittgenstein e refiro este tema no livro que publiquei “A ideia de Progresso em Thomas Kuhn”.
Este ponto de vista foi depois abandonado por Wittgenstein na obra “Investigações Filsóficas”.Nesta fase, em que abandona o neopositivismo , defende que o sentido se prende com os “jogos de linguagem”. O sentido não está fora das palavras, mas no contexto, fundo cultural ou modo de ver de quem fala. A verdade é a procurado do melhor denominador comum (consenso) e não há factos sem interpretações (os factos não falam por si e vemos as “coisas com os "óculos" que trazemos). Abre assim a questão referida por Habermas da ética da comunicação.
Wittgenstein nunca negou deus, ou a metafísica ou a ética. Simplesmente entendeu (numa altura em que se defendia que só se pode falar em conhecimento, quando o conhecimento é científico) que deus, a metafísica ou a ética não pertencem ao domínio do conhecimento (do dizível), mas das crenças.
Aliás, há quem defenda que toda a obra de Wittgenstein resulta de uma preocupação ética: uma espécie de ética cósmica, muito semelhante ao que defendeu Teilhard de Chardin na sua obra "O meio divino".
Caro Compadre,
Não, não li a "Verdade e Política" -- da Hannah Arendt. Mas dito assim, dá para aguçar a curiosidade. Hei-de procurar...
Ah! é verdade, reparando no seu texto, olhe que não fui eu a falar da Opus Dei…que também não sei onde está o problema…
Também sem qualquer malícia, diria que você gostaria de ler, pois toca na área da sua especialidade, " A Fé e a Razão", de João Paulo II (caso ainda não o tenha feito) em que este afirma, logo no início, que estas constituem “como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio”.
Lindo! Mas, reconheço que a Fé é algo que ou se tem ou…não! Mas algures, na nossa caminhada, ela pode surgir: ela não pede licença…
Também certamente para uma boa reflexão temos o “Esplendor da Verdade” igualmente de João Paulo II;
Enfim, de filosofia o que sei? Sei que nada sei… Li aquelas matérias que me interessaram mais para a interpretação do mundo do Direito e para o conceito de Lei: o pensamento clássico, nomeadamente com Aristóteles, que na sua Ética a Nicómaco, formula uma teoria da Justiça, discutindo conceitos como o Bem, a Virtude. Este é o meu Autor da Antiguidade preferido, dada a sua visão finalista, onde ele considera que o BEM é a plenitude da essência, aquilo a que todas as coisas tendem.
O pensamento cristão deu um novo fundamento teológico (Santo Agostinho) à Lei mas mantendo a sua axiologia material e a transcendência do direito positivo. Para São Tomáz de Aquino, os fins da lei são ontológicos: o bem comum - a lei é verdade e não vontade, visão que Maquiavel haveria de rejeitar, considerando a lei como um simples ditame antropológico sem qualquer intencionalidade ética.
Com a modernidade vem o antropocentrismo, perdendo-se a noção da imperfeição humana “redimida” agora pelo uso “correcto” da razão…
Temos a lei moral transcendente com Kant, separada da lei “jurídica”.
Temos os positivistas, com Hans Kelsen a pontificar; e os meus preferidos, os Jusnaturalistas (lembro Gustav Radbruch que se “rendeu”, após a catástrofe pessoal que viveu…).
A Teoria Pura do Direito foi durante muito tempo o único parâmetro de interpretação do Direito (viu-se no que deu na Europa a assunção plena desta visão…).
Havendo necessidade de repensar o Direito, surge Hart com o acento tónico na sociologia e o estudo dos conceitos de Direito, Moral e Coerção.
Com Dworkin contesta-se a discricionariedade do Juiz e a ambiguidade das palavras nas regras jurídicas.
Como vê, o meu universo filosófico é algo restrito às matérias profissionais…
Mas, voltando mais ao terreno que a Sílvia Chueire despoletou com o seu belo poema, direi que Wittgenstein tentou “compreender as frases” e não corrigi-las Assim, parece que “os problemas filosóficos surgem do mal-entendimento de certos usos linguísticos”.
Veja-se este exemplo: acreditar que a linguagem religiosa é do mesmo tipo que a linguagem da ciência. Ora, então a tarefa da filosofia seria resolver estes problemas, demonstrando que a causa destes não é mais do que uma confusão linguística.
Ora, reduzir problemas tão transcendentes a uma confusão linguística!…mas repito, eu não sou especialista da matéria.
Agora, tenho a certeza que é um exercício inútil esperar a Salvação pela filosofia, ou que se procure a Verdade através dela.
É claro que numa perspectiva marxista, não se pode defender a existência da verdade absoluta!
Diria, para concluir (e com isto não dei andamento, neste serão, a um processo…ai ai…mas é por uma boa causa…) que Sartre escolheu o absurdo, o nada; eu, como Jean Guitton, prefiro o Mistério!
A Fé é, essencialmente, Amor! Comoção! Paixão! Não se explica...
Uma boa noite e antecipadamente grato pela leitura (culpas para a Sílvia!)
Delfim Lourenço Mendes.
Acabei de ver o último post do Compadre, logo agora que publiquei o meu...vou para a cama zonzo...ai estes filósofos que complicam a vida...
Uma muito boa noite ao Compadre, à Silvia (tanto mar, tanto mar...)e ao MCR.
Não foi o compadre que referiu a Opus Dei, foi a sugestão da sua referência a Josemaria Escrivã de Balaquei. Mas este problema já está ultrapassado.
Adoro o debate. Reconheço que por vezes sou provocador, como no debate com o mocho atento ou até com a ternurenta Eugènia. Mas esta provocação é da natureza empática e não desconsiderativa.
Quanto ao que me diz, compadre Delfim, obriga-me a um desabafo amigo: eu fui dirigente da acção católica e depois de fazer o liceu fui para o seminário -- fui, o que se chamava, vocação tardia. Estive no Porto e logo a seguir no Seminário dos Olivais. Quis pertencer à diocese de Beja. Sabe o que isso significava nos anos 60 ?!... Fiz , com outros meus colegas que entraram nos Olivais, aquando o Grande Encontro de Jovens, a experiência de seminarista-operário: trabalhei na "SPEL", no Barreiro. Era uma preocupação em imitar os padres operários (França) e foi feita com o consentimento do reitor dos Olivais. Sou do tempo de Chico Fanhais. Pertenci também ao grupo que esteve ligado à Capela do Rato. Mas essas experiências provocaram em todos nós uma reflexão muito profunda sobre questões teológicas, institucionais (papel da Igreja no mundo) e existenciais. Dessa reflexão eu e muitos outros concluímos que a Igreja já nada nos dizia. O salto não foi feito de ânimo leve: resultou de uma decepção demorada, dura e amarga. Vivia-se um dos períodos mais duros do fascismo e da guerra colonial. Não vou contar histórias complicadas de conivência da Igreja, de padres, com a policia do regime. Tudo isso levou a que eu, e muitos como eu (se não todos o que fizeram a experiência operária), nos afastássemos da Igreja. Não sou anticatólico. Sou agnóstico que por vezes desconfia.
Poderei dizer que afastei-me da Igreja (como instituição)também por questões de fé, isto é de deixar de acreditar que a Igreja está com os mais podres, os mais desprotegidos da vida, que não é pusilânime e não cultiva perante os poderosos do mundo a hipocrisia. Passei a acreditar no contrário, o que foi uma desilusão terrível.
Eu sei que não nos vamos entender neste debate. Já o fiz com muita gente sem resultados. Como compreenderá tenho amigos teólogos e até bispos. As minhas filhas baptizaram-se com 18 e 17 anos -- quando elas quiseram. Uma delas já se casou catolicamente e foi um antigo companheiro do seminário, hoje cónego, que a casou.
Com os antigos colegas, debatemos, por vezes, esta questão, mas logo compreendemos que o nosso ponto de vista caminha para lados opostos e é melhor segurar as pontes (muito humanas e, por isso, muito ricas que nos unem). Respeita-mo—nos mutuamente e admira-mo-nos pelo coerência que cada um tem no projecto de vida que escolheu. Nenhum de nós quer “endireitar” o mundo á custa do outro.Cultivo a amizade e detesto o confronto conflituoso.
As leituras que me referiu eu também as fiz, na generalidade.
Sobre a ética, há três livros que me marcaram. O primeiro foi de Max Weber “O político e o cientista”, o 2º de Victoria Camps “Ética, retórica, política” e o terceiro de Perelman “Ética e Direito”.
Um abraço para si, compadre Delfim
Lourenço Mendes. Espero que compreenda este impulso do desabafo que por vezes surge.
Agora, ao reler reparei em alguns erros. Além de dislexico, estou a ficar velhinho.
Hoje, dei comigo, já cansado, a ver cair a noite da janela do meu gabinete, contemplando a arquitectura dos anos 40/50 que nos oferece hoje a poesia e tranquilidade que os “monos” de betão não podem albergar: a Praça de Londres, com a sua bela Igreja de São João de Deus, o jardim estrategicamente colocado, o casario posto em sossego, indiferente ao bulício da cidade, daqueles que ao fim do dia partem para os arredores tristíssimos de Lisboa.
Deu-me a vontade de me deslocar à “ Instância de Retemperação” e, qual “voyeur” espreitar lá para dentro.
Dei de caras com o penúltimo comentário do Compadre Esteves.
Ele há coisas! Só reforcei o meu pensamento que, de facto, nós nunca sabemos o que existe no mais íntimo de cada um. Podemos, é certo, de uma tirada, fazer uma certa “radiografia” daquele que temos à frente, podemos “adivinhar” muita coisa, mas aquelas “paisagens” interiores que povoam a Alma são inacessíveis. Cada um de nós possui as suas próprias memórias, os seus afectos. Até no caso da morte, que dizer do drama da perda irreparável de cada homem e de cada mulher que são tocados por ela e que encerrando “paisagens” dentro de si, e que sendo únicas, são oiro que se perde para a humanidade?
Mas isto é um dos tais mistérios que existem…
Ora sim senhor, tenho estado a ensinar, como se costuma dizer, o “Pai Nosso” ao senhor vigário. Fiquei comovido pelo relato da sua experiência que, graciosamente, quis relatar e aqui oferecer. Obrigado, pois creio que todos ficámos mais ricos.
Permita-me, contudo, que deixe aqui expressa a minha tristeza pelo facto da perda da fé ser provocada pelas contingências sociais e políticas: essas experiências de que fala seriam muito arrojadas para a mentalidade da época e certamente mal compreendidas: a linha separadora das águas deveria ser muito frágil…e uma vez a política a entrar num campo tão delicado como é o da Fé, só pode agitar esta no mau sentido, creio eu… ou seja, para mim, compreendo que a Igreja, formada pelos crentes, é pecadora. O corpo da Igreja assim será. Mas a sua cabeça (que é Cristo) é santa. E o mais não importa. Jesus Cristo veio anunciar o Seu Evangelho (a Boa Nova) sem querer mudar o mundo…A Sua realidade não é, de facto, deste mundo…
É claro que tal não impede que um crente actue na sociedade; pode e deve fazê-lo, à luz dos ensinamentos de Cristo. Olhe, a propósito, existe um texto muito interessante sobre a participação dos católicos na vida política, publicado no nº 19 - Jan./Mar 2004 da revista “ Nova Cidadania”. Bem, é um texto do então cardeal Ratzinger (ai, não puxe pelos cabelos…) mas muito interessante.
Enfim, que poderei dizer mais? Lá estou eu a ensinar o vigário…Mas olhe, Compadre, que no dia-a-dia existem coisas comovedoras que as instituições da Igreja fazem. Dou-lhe um exemplo que conheço bem: frequento a Igreja de Santo António à Sé, aqui em Lisboa, e costumo fazer, com minha mulher, as leituras da Missa das 19H de Domingo. Nesta Igreja vive-se, como é óbvio, o carisma franciscano. Nós próprios somos da Ordem Franciscana Secular. Ora bem: aqui, à Terça – Feira, com o dinheiro dos fiéis que alimentam o chamado “ Pão de Santo António”, é distribuído dinheiro aos mais necessitados – é uma cerimónia que tem as suas raízes na Idade Média…E tenho pensado que os nossos políticos nem sabem que aqui em Lisboa, sede do poder político, se juntam pessoas (diria até de diversas condições, algumas já terão vivido com certo desafogo mas as vicissitudes da vida retiraram-lhes, a muitos já no Outono da vida, um quotidiano que se desejava mais digno) naquela Igreja para uma pequena ajuda semanal – e é ver nomeadamente aquelas velhotas que me deixam bastante abalado, todas “arranjadinhas,” com os seus casacos de um tempo que foi mais próspero…desabafando ao mesmo tempo com o franciscano que as acolhe…
Enfim, olhe, o homem faz o inferno na terra. Este é uma realidade escatológica, a viver para além da morte, mas ele está já aqui presente: basta ver o telejornal…assim, o inferno vai criando ódios, crimes, dor.
Mas não podemos deixar que ele ocupe espaço: para isso, temos de viver o amor, em todas as suas realidades. Até aqui, neste “blog”, com a nossa palavra, podemos contribuir para um quotidiano mais feliz. Olhe, por mim, que prazer tenho em ler aqui alguns textos!....Pelo menos, durante um certo espaço de tempo, penso em outras realidades, e aprendo sempre.
Compadre: sabe melhor que eu que a Fé um dia pode bater à porta…Olha, voltei!
Se, na nossa vida, no nosso pequeno quotidiano, cercados que estamos pelos cuidados do Mundo e dos seus pequenos interesses, nós atentássemos, a tempo, a Maravilha e o Mistério que é a existência de Deus, a Beleza que reveste Jesus e a Poesia que ilumina Sua Mãe, Maria Santíssima, a nossa história pessoal seria outra; certamente nunca teríamos chegado a cair em precipícios que o nosso inimigo nos coloca no nosso caminho…
Penso nesse mundo da Galileia, e imagino Jesus de Nazaré a percorrê-la, exortando os homens à fraternidade, ao amor. O amor que rareia na nossa sociedade, a qual vê muitas vezes o outro como inimigo, como um obstáculo aos fins prosseguidos, sejam eles quais forem...
Que bom seria podermos, nos dias de hoje, ir também ao Seu encontro, nestas cidades de betão, vazias de tolerância e de ternura e sermos salvos, talvez à beira de um qualquer lago Tiberíades…Podermos dizer sem hesitação: Sim, vou!
Enfim, o Natal está próximo. Tempo de magia e de surpresas…lá chegados, direi alguma coisa sobre ele…se me quiserem ouvir…
Um Abraço, Compadre, aqui de Lisboa.
(também para a “culpada” destas “incursões”, a “nossa” Sílvia…esperemos pelo próximo poema…este deu cá um trabalho…..
Delfim Lourenço Mendes
Estou sem palavras. Fez-me reviver tempos que me mrcaram muito. Gostaria de lhe oferecer um livro que fiz sobre a "Carta da Tolerãncia" de J. Locke. Não é pelo interesse do livro, mas porque o dediquei a dois dos meus melhores amigos. Tem o meu email na ficha do incursões. Se não achar inconveniente envie-me a sua direcção. Gostaria de marcar este nosso debate com a oferta de um trabalho meu sobre uma matéria que lhe toca: a tolerãncia.
Um abraço,
Não podia ter acontecido de modo mais do meu agrado esta discussão, do que aconteceu. Uma discussão que se preze sai do terreno da pura necessidade de convencer o outro para ouvi-lo. E é aí que temos as surpresas. Mesmo nas divergências há encontros.Este, meus amigos, é um terreno que conheço bem. E gosto dele. Um aprendizado sobre o ser humano que nunca se acaba.
Além disso, devo dizer que a liberdade que muitas vezes tenho visto neste blog, de algumas pessoas falarem de si, diz muito concretamente da confiança que os outros inspiram.
Ao MCR, para que eu não me esqueça, quero dizer que também entendo que a poesia é da ordem da emoção, ou dos afetos poder-se-ia dizer, de um tipo específico de sensibilidade e capacidade de colocá-la em versos que não eleva o poeta em relação aos demais, apenas o torna diferente.Como qualquer homem com o seu ofício, com o seu talento, com a sua tendência. Mas não somos afinal todos diferentes, cada qual com a sua sensibilidade?
Assim tenho visto aqui, assim tenho acompanhado.
Vocês estão de parabéns !
Um abraço atlântico,e minha gratidão,
Silvia
Alguma coisa nos ultrapassa. Penso que há situações às quais se pode aplicar a frase da Bíblia «vê onde pões os pés…» . Num mundo individualista e hedonista, sinto uma enorme admiração pelas pessoas generosas e que levam a sério as suas utopias. Até sonhei com o que me disse o compadre Delfim e por isso segui o apelo «aproxima-te para escutar» e abri, logo que me levantei, o blog.
A Sílvia merece bem a Eugénia que vive em si.
Um abraço para todos
É meio dia. Dou uma vista de olhos pelas notícias e à “Instância de Retemperação”...que esta, em rigor, deve ser lida à tarde, para descomprimir...
Dei de caras com o seu último “post”, Compadre.
Olhe, eu é que estou sem palavras, e muito penhorado, pois oferecer assim um livro a um desconhecido, um livro que adivinho feito com muito amor...é obra! Para mais, diz-me que até o dedicou a dois amigos seus...sinto-me indigno de tal honra.
Mas recordo-me, nas aulas de filosofia do Direito falarmos em Jonh Locke. E o seu livro vem aguçar realmente o apetite: é que, e folheando alguns livros que tenho aqui à mão (dizem-me que a minha biblioteca é “demais”: se vissem a de casa...que os livros nunca são de mais...) Jonh Locke acredita numa lei natural divina, apoiando-se na Biblia, em S.Tomás de Aquino...Muito interessante.
E, relativamente à tolerância, parece que defendia que esta seria algo intrínseco ao Cristianismo, chegando a fazer uma separação entre a "letra" e o "espírito da letra". Tal como no Direito! Creio que é a tal interpretação que os exegetas vão hoje fazendo; dos textos bíblicos; aliás, os frades franciscanos capuchinhos são especialistas nesta matéria.
Tem, pois, muita actualidade, nos dias de hoje, o pensamento de Locke, concorde-se ou não com todas as premissas do seu pensamento e, “pour cause”, o seu livro.
Enfim, Compadre, é um mistério como as pessoas se aproximam, mesmo na divergência de crenças ou opiniões.
Vou dar-lhe (não resisto) a minha morada. Só não sei como retribuir-lhe esse seu gesto.
Que o Senhor lhe dê muitas Graças na sua vida!
Penhorado,
Daqui envio um abraço fraterno.
Como dizem os franciscanos, “Paz e Bem”!
Delfim Lourenço Mendes
( um beijo à Sílvia, que provocou algo parecido com um milagre).
No meu correio electrónico não chegou, ainda, a sua direcção, compadre Delfim Lourenço.
No mês de Agosto visitei o mosteiro de Guadalupe que, como sabe, é dos Franciscanos. Encontrei lá o D. Clemente com outros padres de Lisboa. A importância desse santuário em Portugal está bem patente nas pinturas a óleo dos seus corredores. Os descobrimentos foram feitos com o pensamento nesse Santuário. Por alguma razão Colombo teve necessidade de ir a Guadalupe.
Gosto de visitar Mosteiros. Impressiona-me a dedicação desses homens. Fascina-me, por exemplo, o papel dos monges de Cister na criação do vinhedo do Douro. O mosteiro de S.João de Tarouca, S.Pedro das Águias, Santa Maria de Salzedas e outros desenvolvem nos visitantes uma espécie de percurso introspectivo que ajude a compreender a riqueza do que somos e a reencontrar o papel que nos cabe na história. Cister, não só promoveu o desenvolvimento do Douro, como colocou Portugal na Europa do tempo com o seu avanço tecnológico. Em torno do desenvolvimento agricola construíram-se pontes, barragens, desenvolveu-se a arquitectura e estabeleceram-se interpostos comerciais que deram origem a vilas e cidades. Se calhar conhece isto melhor do que eu!
Aguardo por email o seu contacto
Um abraço.
Caro Compadre, não conheço os Mosteiros que refere (mea culpa), os de S. João de Tarouca, S. Pedro das Águias, Santa Maria de Salzedas. Mas só os nomes são apelativos. Deixei-me, durante alguns anos, seduzir por paragens mais mundanas - é a loucura da praia e do sol...Mas faz-me falta visitar esses lugares mágicos. Recordo a visita que fiz, neste verão, a dois Mosteiros de Clarissas em Menorca – (trata-se de uma ilha muito bonita, recortada por arribas selvagens, praias idílicas, e salpicada por pequenas povoações piscatórias, onde existe bastante sossego) onde pude sentir o cheiro da História, nomeadamente os efeitos nefastos da Guerra Civil Espanhola.
Penso, estava já na mente, dar um “pulo” até Ávila, a seguir ao Natal, tanto mais que ando a ler as “Obras Completas” de Santa Teresa de Jesus. Mas aqueles Mosteiros que referiu situam-se até numa zona – Viseu – onde tenho um casal amigo e, por conseguinte, ali vou de quando em vez…Fica registado!
Nota: muito obrigado pelos livros: cá fico à espera, na volta do correio.
Um Abraço fraterno.
Delfim Lourenço Mendes
Antes de visitar esses Mosteiros não deixe de adquirir o livro "Cister no vale do Douro", edição do Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense, Afrontamento.
Se não o conseguir arranjar, penso que ainda o posso adquirir directamente na editora.
Hei-de procurar, Compadre...
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