Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes e não vejo
Nem o crescer do mar nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.
Sophia de Mello Breyner Andresen
02 janeiro 2006
Cidade
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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2 comentários:
É um belo poema, compadre. Melancólico e belo.
Abraços,
Silvia
Compadre, cuidado com a melancolia! Sei do que falo!
Um Abraço!
dlmendes
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