Freqüentemente me esqueço que o mundo
tem a idade do olhar dos homens
para as coisas e as mulheres,
como se fossem deuses ou baú de brinquedos.
Que as mulheres vivem na oscilação lunar
pisando ora em lâminas,
ora na areia da praia,
em pequenas taquicardias,
a oferecerem o seio ao amante
ou ao pequenino que alimentam
com olhos mansos.
Freqüentemente me esqueço da aguda
mortalidade nossa.
Nossa, de todas as criaturas
- transfiguradas em pó ou pedra
ou numa árvore qualquer,
sem solenidade -
apenas porque um dia surge
depois de outro.
Freqüentemente me esqueço
e quero o teu corpo.
Para amá-lo, abrigar-me nele,
por ele me deixar amar
atravessada de prazer .
Penetrada por ti em luz, alegria,
o desejo atendido
a atender-te.
Ainda que não estejas.
Porque do alto do amor
pouco me interessa
a questão metafísica da morte
ou da possibilidade de não estarmos aqui
se o tempo do olhar
não corresponde ao tempo físico.
Silvia Chueire
18 janeiro 2006
Esqueço-me
Marcadores: Poesia, Sílvia Chueire
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2 comentários:
e eu percebi...
Ah, que bom, carteiro. Fico feliz. : )
Abraços,
Silvia
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