Na minha agenda deste ano escrevi ainda o teu nome. Recusava acreditar no inevitável, que chegou ontem, pouco faltava para o fim do ano. Prefiro pensar que partiste de mansinho, assim como quem dá a mão e que mesmo a Morte se comoveu, ao passar ao pé dos bancos corridos onde te esperavam os doentes que atendias de graça todos os sábados de manhã no Hospital de Santa Marta. Que te terá perdoado mesmo aquele desconhecido, que ainda há uns dias lhe roubaste num café em Paris, estavas tu algaliado, devastado pela radioterapia. Que te terá perdoado o teu olhar de satisfação por mais uma vitória, a última.
Jorge Quininha, hei de sempre lembrar-me de ti, quando ouvir dizer que o que toda a gente quer agora é enriquecer, ter honrarias, subir na vida e esquecer os que sofrem. Não tu. Com a tua modéstia habitual, quase não se dava por ti, continuaste a recusar fechar os olhos à dor alheia e à injustiça. O mesmo espírito que te levara, já nos tempos de estudante, a lutar por uma sociedade verdadeiramente justa e fraterna, correndo os riscos de quem combatia o fascismo e o colonialismo.
Obrigado por teres sido o que foste. Até sempre!
PS. O funeral do Dr. Jorge Quininha realiza-se amanhã, dia 2 de Janeiro, no cemitério de Aveiro, pelas 15 horas
Jorge Quininha, hei de sempre lembrar-me de ti, quando ouvir dizer que o que toda a gente quer agora é enriquecer, ter honrarias, subir na vida e esquecer os que sofrem. Não tu. Com a tua modéstia habitual, quase não se dava por ti, continuaste a recusar fechar os olhos à dor alheia e à injustiça. O mesmo espírito que te levara, já nos tempos de estudante, a lutar por uma sociedade verdadeiramente justa e fraterna, correndo os riscos de quem combatia o fascismo e o colonialismo.
Obrigado por teres sido o que foste. Até sempre!
PS. O funeral do Dr. Jorge Quininha realiza-se amanhã, dia 2 de Janeiro, no cemitério de Aveiro, pelas 15 horas
3 comentários:
..."não te envergonhes, quando os mortos roçarem por ti,
os outros mortos, os que resistiram
até ao fim. (que quer dizer: fim?) troca
com eles teus olhares, tranquilo, como é costume,
e não tenhas receiode que o nosso luto
te sobrecarregue..."
Permita, caro Amigo, que o acompanhe na sua dor, com este excerto do Requiem por Wolf conde de Kalckreuth, na tradução de Paulo Quintela
Bem hajas Anaximandro, por esta homenagem ao Homem, ao Medico, ao Amigo Quininha.
O que é belo não morre: transforma-se em outra beleza.
(Balley Ardrich)
Resquiat in pace !
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