29 janeiro 2006

O JCP quarentão

O nosso JCP, rapaz pouco dado às tarefas do lar mas que tem a Olga que resolve e muito bem, lá teve que convocar os amigos, para a noite deste sábado, para comerem umas coisas volantes e beberem umas coisas volantes a propósito da comemoração do seu quadragésimo aniversário, coisa que, como já aqui disse, me ficou cara quando por lá passei, não tarda muito faz seis anos.

O leitãozinho estava bom e o resto também estava e a conversa animada e, no fim de contas, era quase tudo gente do Marco, gente que se conhece há muitos anos o que vem provar a minha velha teoria de que os nossos melhores amigos são aqueles que conhecemos até determinado tempo da vida, aqueles que se cimentam nos tempos das dificuldades e não aqueles que vêm depois, quando acham que temos alguma coisa que se lhes acrescente. Tudo isto, obviamente, descontando algum exagero, coisa em que, como se sabe, estou a tornar-me especialista, não sei se é da idade ou se da inimputabilidade que cada vez mais reivindico, porque dá jeito para desculpar as tolices.

Heterogénea plateia e uma conclusão: todos, mas mesmos todos, estão mais calmos, menos agitados, mais comedidos. Um sinal de velhice, digo eu, ou um sinal de que o espaço começa a ser conquistado pelos meninos - os filhos dos adultos - que não páram e que nos mostram que o tempo tem passado rápido, porque eles crescem rapidamente, tão depressa como o nosso cabelo fica mais branco e mais raro, e talvez também, na parte que me toca, uma dor incisiva por não estarem ali os meus meninos, que estavam em casa da mãe. E uma dor atrevida, uma pontada de saudade e uma vertigem desalmada por saber que a minha filha estava de castigo - merecido, sem dúvida -, mas que me pediu pelo telefone que a fosse buscar porque precisava de sair e ir ver os amigos e queria que eu fosse com ela, mas eu não podia porque não podia nem queria desautorizar o castigo. Não fui. Mas ela esteve sempre ali, a toldar-me a alegria de estar entre amigos e a comemorar o JCP quarentão, que, à conta disso, aumentou a sua colecção de gravatas ao ponto de receber duas iguais e a que lhe ofereci e não era igual às outras e que, por sinal - mau sinal - ainda por cima não era das que a loja tinha em promoção.

Sim. O ritual manteve-se. Os cigarrinhos na varanda. Mas julgo que não haverá problemas, a temperatura não estava negativa - 3 graus positivos quando vim embora - e eu, que sei do que a casa gasta, tinha levado uma camisola mais grossa pelo que presumo não ser ainda desta que repito a pneumonia que um dia ganhei na Póvoa.

O José tem 40 anos. Parece que ainda foi ontem que éramos putos. Bom resto de vida, José!

4 comentários:

M.C.R. disse...

Bem aviada e bem humorada crónica do aniversário e respectivas cerimónias propiciatórias (mastigantes e ingurgitantes, claro).
Com que então o nosso caro JCP é quarentinha? Ainda lhe faltam quatro anos para quarentão e aí as coisa começam realmente a aquecer.
Ai os meus quarenta... que bem que se passaram e leves que foram. Em sentido próprio e figurado: pois eu tinha menos 15 ou 20 quilogramas ( não digo quilos porque pesam mais...) e muito mundo pela frente.
Isto agora fia mais fino: a disposição continua a mesma mas é (ou deve ser) tudo mais vagaroso que os anos não matam mas pesam.
Eu já tinha dado os parabéns ao JCP mas aqui os repito com muito gosto. Que corram tranquilos, com o(s) filho(s) a crescer bem e buliçosamente e uma roda de amigos para cantar os parabéns e conversar enquanto o JCP, pendurado num daqueles enormes charutos, se vai aquecendo ao sol vivo da amizade.
E que o tempo na varanda esteja mais clemente: realmente 3 graus põem as pessoas a sonhar com pinguins, ursos brancos e demais paisagem ártica ou antártica como melhor vos convier.
Um abraço Carteiro e boas melhoras da constipação.
Outro abraço JCP e que sejam muitos e bons os anos vindouros.

Silvia Chueire disse...

Parabéns JCP ! Felicidades !

Um abraço grande,

Silvia

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Um abraço ao carteiro, amigo de sempre e para sempre, e um abraço para os amigos incursionistas.
Afinal, ter quarenta não é assim tão pesado...

C.M. disse...

Até dizem que as mulheres gostam dos homens de 40...têm uma certa "patine"...

Votos de Parabéns ( embora atrasados...)e uma vida feliz!

dlmendes