Que se passa contigo, puto, que começas a tropeçar nas palavras, mesmo aquelas que são mais simples, quando a noite avança outra vez insone, e que já não escutas o suave som dos silêncios com a resignação que havia e achas que os mesmo sons são aqueles que agora atordoam o teu cansaço, o cansaço da solidão que compraste e que alimentaste e que se transformou na besta abominável?
Tu achavas que já não tinhas coração ou que só tinhas uma parte dele, a parte que serve os afectos e que se manteve incólume nos tormentosos dias em que te foram arrancando o coração que amava, esse coração enorme que sempre sobrou no peito e que porque sobrava no peito se tornou demais. Ou então não será o coração, será a alma, será na alma que nascem os afectos e tudo o mais que passa para além dos afectos e essa nunca ninguém pôde abalar, nem poderá, porque acho que essa nunca morre, pode é estar adormecida. Apenas adormecida.
03 janeiro 2006
Os sons do silêncio
Postado por o sibilo da serpente
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro)
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3 comentários:
Pelo que é dito (escrito), pelo que não é dito mas sentido e pressentido, pelo silêncio ensurdecedor que povoa esses sons, pela noite habitada por espantos e inquietações e pela referência subtil aos meus amados Simon and Garfunkel aceite, Caro Carteiro, um abraço de reconhecimento,
Vale
d'Oliveira
Estou a gostar muito deste seu "novo" estilo. Abraço, amigo carteiro.
Ora, era eu que escrevia as letras dos moços, em português, que nunca fui bom em línguas :-) Obrigado dOliveira. Ainda não li o seu texto acima, mas lá iremos. Um abraço.
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