Há dias, a jantar com um distintíssimo e muito mediático colega de profissão, a conversa descambou para as coisas da política. Ele foi, há anos, candidato a uma das maiores Câmaras do país. E perdeu. Eu fui, mais tarde, candidato à mediática Câmara do Marco, ainda nos tempos de AFT e perdi também. Foi uma verdadeira troca de "cromos". A ele, quem o convidou, prometeu-lhe uma campanha com mundos e fundos para o convencer a ser candidato e acabou - palavras dele, por certo um bocadinho exageradas - "falido". A mim, prometeram as mesmas coisas, e até mais porque ninguém queria ser candidato naquelas circunstâncias, e só não acabei falido porque acabei por ter juízo (sem falar no dinheiro com que alguns se abotoaram...). A ele, deram toda a liberdade para fazer as listas, mas acabou por ser pressionado para liderar um lista que não era a dele. A mim prometeram o mesmo e depois foi o que se sabe que foi. Por causa disso, ele ameaçou deixar de ser candidato. Por causa disso eu deixei de ser candidato (depois voltei). Ele, quando regressou ao escritório depois de todos aqueles meses de dedicação à causa pública, percebeu que tinha o escritório por um fio. Eu também. Ele ficou com má impressão sobre a forma como os partidos funcionam. Eu também. Não cheguei a perceber se ele gostou de fazer campanha. Eu, tirando a parte em que julguei que enlouquecia, gostei. Mas há uma coisa que ele me garantiu: não volta a dar para o peditório. Eu também não.
11 janeiro 2006
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2 comentários:
Uma garagalhada, caríssimo. Fico com a sensação de que ouviu a minha conversa. Será chuva, será vento ou apenas escutas descontroladas...? :-)
é essa a tragédia... eu também andei por caminhos semelhantes.
Quer saber uma coisa?
Era melhor no tempo da outra senhora. A malta depois ia dentro mas tínhamos a convicção que estávamos a defender convicççoes e a maioria. Mais: havia solidariedade à nossa volta. Agora é que V conta.
E as conclusões são assustadoramente as mesmas: já dei para esse peditório.
Que futuro se está a construir para este país?
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