Para o comum observador, o já designado caso “Casa Pia/ Escutas” gera uma enorme perplexidade, sem se saber ao certo a quem dar razão.
Fazem sentido as declarações do director do “24 horas”, bem como o comunicado da PGR e da PT. E isso pode significar que nenhuma destas entidades tem a verdade total ou que há quem, entre elas, minta.
As dúvidas e até mesmo a confusão estão instaladas. A tentativa fácil de explicar esta situação pode estar no recurso á velha teoria da conspiração, tanto para diabolizar o ministério público como o “24 horas”.
Mas, utilizar este recurso também lança uma outra dúvida: como é possível que um sistema que se pretende rigoroso nos procedimentos seja permeável ao embuste conspirativo?!...
É sobre tudo isto que a reflexão deste caso deve recair. Só, assim, no meu modesto parecer, se abrirá espaço àquilo que Weber chamou a ética da responsabilidade. Precisamos de desenvolver a ideia de avaliarmos as consequências dos nossos procedimentos para dessa forma evitarmos (pelo menos ao mínimo) os efeitos nefastos que as nossas acções podem causar. E este sentido da responsabilidade é também uma competência indispensável à credibilização das instituições.
13 janeiro 2006
Uma enorme perplexidade
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
Caro opinto: peço desculpa, mas a sua posição parece-me contraditória: deixando a confusão (eventual) continuar a confundir é servir os objectivos da confusão.
Se é mentira, alguém tem de ser responsabilizado. Não se credibiliza a Justiça (responsável pelo fazer cumprir regras) permitindo a imagem de que o País funciona em roda livre.
Aliás, o argumento "ad hominem" (vindo de quem vem/ a quem interessa)é inaceitável. Como sabe, não é demonstrativo, mas falacioso. Não serve, por isso, a causa da justiça.
Desde que não seja ao arbitrio, mas obedeça aos princípios do respeito pela lei, tudo bem.
O problema só existe quando tais princípios (que dizem respeito a liberdades e garantias) não são respeitados. neste caso é que é inaceitável e põe em causa o sentido e significado da justiça justa.
Fiquei, caro opinto, a pensar no que significará para si o conceito "principalmente" associado "aqueles que fazem crer que o País anda em roda livre". E se andar em roda livre, não é problema?!... Para onde vai o principalmente?! Para o mensageiro?
Repare, que há muita gente (desde o Cavaco Silva até ao Garcia Pereira) a dar a entender que o País anda em roda livre!
Coloca-se, aqui, o problema de saber quem leva o passo trocado: o batalhão ou o soldado que não acerta o passo com o batalhão?!...
Fugir à clarificação dos problemas nunca resolveu problema nenhum.
Meus caros Incursionistas:
Para mergulhar na nostalgia da História e particularmente de um País que me apaixona (faço por esquecer a Revolução Francesa…) fui ao “CC Amoreiras” ver o belíssimo filme “Le Promeneur du Champ de Mars” e deliciar-me com a soberba interpretação do venerável Michel Bouquet.
Trata-se, no fundo da importância da História, da memória colectiva e da memória de um Homem e sobre como todas elas se interpenetram no espaço e no Tempo.
Infelizmente, no filme também passava, subterraneamente, a problemática de umas escutas telefónicas…bolas, já um cidadão não pode abstrair-se da triste realidade do seu País…
Portanto, por causa da ida ao cinema, não vi a TV, ainda não li os jornais que ali tenho na pasta…
De qualquer modo, aos “amigos” que dizem que aqui somos “treinadores de bancada” (não sei como pois, na esmagadora maioria, aqui até somos juristas...e se fôssemos, esse problema certamente até seria apenas nosso, muito nosso,…ou alguém está a defender uma “dama” muito sua?) aqui deixo a seguinte questão:
A quem interessa a demissão de Souto Moura antes do Prof. Cavaco Silva ir para PR?
E esta, hem?!...
(Mas sempre direi que estes temas não me apaixonam; pelo contrário: desagradam-me. Os meus amigos (os verdadeiros e eles sabem quem são…) já devem ter percebido que aquilo que verdadeiramente me faz correr é a Fé, a Fraternidade entre as pessoas, independentemente das posições político-ideológicas, a Beleza, enfim a Poesia, e não a baixa política…mas não aprecio nem tenho muita paci~encia para certos comentários precisamente daqueles que não têm coragem para se identificar e gostam de “chatear” o próximo…
Ao Compadre Esteves, um Abraço rijo. Os seus postais são sempre “incómodos”…
Vou-me deitar e sonhar com a época em que existiam grandes Homens na Europa e não…enfim, sejamos piedosos…digamos, apenas, burocratas como nos dias de hoje…Quem há aí que chegue aos calcanhares de um De Gaulle! Robert Schuman, Konrad Adenauer…André Malraux, escritor e político de primeira água…Ai a História tem os seus retrocessos…
Uma muito boa-noite!
dlmendes
O problema central é este: é ou não verdade o que diz o 24 horas? Há ou não uma lista gigantesca de números de telefone com a gravação de todas as chamadas feitas e recebidas numa inqualificável devassa à vida de mais de uma centena de cidadãos com altas responsabilidades políticas e que nem de perto nem de longe têm conexão com a Casa Pia?
Se há impõe-se imediato processo crime por abuso ao sr PGR e aos senhores seus subordinados que espiam o país?
Se falsa impõe-se imediato processo ao jornal, ao jornalista e a todos quantos veicularam tal infâmia contra a jstiça e seus mais directos colaboradores por este ataque inqualificável.
Estou-mne nas tintas para a oportunidade ou não da manchete. O que interessa saber é se ela corresponde ou não a um acto delitivo gravíssimo.
Entendeu caro comentdor opinto?
Caro Compadre Opinto: O que é importante é a obediência aos imperativos dos valores que configuram o “quadro legal” e não o que pode acontecer com a intervenção dos advogados. È isso que marca a diferença entre a confiança e a crise. Na expressão de um amigo, «os advogados comportam-se como aquelas profissões que se entregam a quem lhes paga». Não digo que são todos, nem com esta citação quero ofender seja quem for!
Deixe que lhe desabafe: para mal dos operadores da Justiça, esta crise não está por eles a ser bem avaliada. E isso tem razões que se prendem com um culto exacerbado de auto-convencimento. Só uma cultura de serviço pode criar condições para vencer a crise. De contrário, todos vamos perder: os que precisam do bom funcionamento da Justiça e os que nela trabalham
Um abraço para si e para o Irmão Delfim.
Enviar um comentário