05 fevereiro 2006

Apito de lata


O processo dos 29 arguidos do ‘Apito Dourado’ acusados em Gondomar “só tem futebol dos pobres”, segundo disse ao CM Alípio Ribeiro, procurador-geral distrital da República no Porto.

“Em causa estão jogos dos escalões nacionais e regionais em casos e situações com eles relacionados”, disse Alípio Ribeiro, referindo-se à II Divisão B, à III Divisão e a campeonatos da Associação de Futebol do Porto, todos disputados já na época de 2003/2004. Em declarações exclusivas ao CM, aquele alto magistrado do Ministério Publico desdramatizou o gigantismo do processo, a decorrer na comarca de Gondomar, salientando “estarmos no caso a falar em futebol mais pequeno, do futebol dos pobres”. - Notícia do Correio da Manhã


Tantas horas de investigação, tantas horas de escutas telefónicas, tantas detenções, tantos interrogatórios, tantas notícias de jornal, tantos adiamentos para concluir a acusação, tantos impropérios contra a justiça, tantos cordões de ouro supostamente atribuídos como comendas por bons serviços prestados, tanto papel, tanta tinta de fotocópia. E, afinal, o Apito não é Dourado. É de lata, senhores, é de lata!, coisas de futebol dos pobres. E os cordões? Também serão falsos?

3 comentários:

Primo de Amarante disse...

Não estou nada de acordo. É precisamente no futebol dos pobres, onde o populismo, a demagogia e a corrupção tem menos quem lhes faça frente que o trabalho da policia e dos Tribunais tem de ser exemplar. Esse futebol serve muitas vezes para demagogos e populistas o utilizarem como palco da sua auto-promoção e ganharem espaço para se apropriarem dos dinheiros públicos. O Futebol e Fátima foram sempre os melhores instrumentos dos corruptos, demagogos e populistas. A propósito, para mim a ida de Fátima Felgueiras a Fátima para agradecer a sua eleição é a pior caricatura que ela própria poderia fazer da religião. Espero que a Igreja tome posição. E, como se sabe, Fátima Felgueiras começou as suas “façanhas” pelo futebol dos pobres.
Parabéns a quem soube perceber a importância da investigação do futebol dos pobres.

o sibilo da serpente disse...

Hum! Que silêncio pesado para aqui vai... Eu ainda não fui notificado da acusação, mas, segundo o Correio da Manhã, o meu cliente está acusado. Depois de receber a acusação, prometo que não falo mais no Apito. Talvez no fim...

Conservador disse...

Mas estavam à espera do quê? Isto não é como nos EUA ou Canadá ou Suécia...Isto é Portugal, meus queridos, PORTUGAL! É isso mesmo, PORTUGAL em letras grandes, porque pequeno é o engenho. Ora, vamos lá ver:
-Processos a correr com dezenas de sessões (a advocacia em peso e de ouro a ensarilhar tudo e todos e pergunta dali e dacolá mais coisinha e menos coisinha: só dos ricos.
-processos a subir e a descer de recurso em recurso, e tribunal constitucional, e não sei mais o quê, depois...prescrição:só dos ricos.
-nos crimes fiscais (daqueles que têm rendimentos...) até a suspensão da pena é ope legis...é só vê-los a passar e a fazerem do processo penal tributário um custo corrente...
Basta OLhar...nem é preciso o espanto para filosofar (material que PORTUGAL não exporta...)
A Justiça Criminal é feita e mentalizada pelo Poder Judicial como o parente pobre. Sempre o foi. Juíz que se preze, está no cível! E tal repercute-se e advém na avaliação dos magistrados, na formação dos mesmos... enfim o prestígio da causa resolvida do despejo da Miquelina com sentença de 13 páginas e motivação aos "quesitos" de dez, ou dos créditos do barracão do Josefo que foram graduados com sentença de 18 páginas (o Estado e os credores não viram nada...mas a peça lá está, no processo). Em suma, a visibilidade criminal está à altura da mentalidade jurídica que temos!