28 fevereiro 2006

Aromas e sabores de Espanha

Em trabalho no reino dos Algarves nos últimos dias, aproveitou este incursionista, militante mas absentista, o fim-de-semana para dar um salto à vizinha Andaluzia.
Hoje, com a Via do infante e a Autovia do Centenário concluídas, é um saltinho de qualquer ponto do Algarve até Sevilha. Depois, seguindo um pouco mais para sul, sempre em auto-estrada, em menos de uma hora estávamos em Puerto de Santa Maria, para almoçar.
Estive na dúvida entre uns mariscos no Romerijo ou uma carnita no Méson del Assador e acabei por optar por este último. Depois do jamon ibérico, dos morrones assados e da salada, veio para a mesa um pequeno fogareiro, com brasas, para que o próprio cliente possa grelhar o chuleton de buey a seu gosto. A carne estava óptima, tal como os entrantes e as sobremesas. Em vez do vinho, talvez um Rioja, que seria certamente melhor companhia, teve este comensal que se contentar com umas cañas, uma vez que a viagem haveria de prosseguir e não seria interessante qualquer encontro com a Guardia Civil.
O méson estava à cunha e com vasta fila de espera mas, estranhamente, o aroma dominante era o da carne grelhada. Faltava ali qualquer coisa que, às primeiras impressões, não era identificável. Bem, só no final da refeição me apercebi que ninguém fumava na apinhada sala. Era essa, de facto, a grande diferença. A seguir, numa pequena pastelaria onde fomos tomar o café, e que também estava apinhada de gente, a mesma sensação agradável: cheirava apenas a café e bolos e não a tabaco. Aí, em local bem visível, um cartaz chamava a atenção para a proibição de fumar em locais públicos. Ah grande Zapatero, pensei. Quando será que o Sócrates segue os bons exemplos, em vez de se entreter com fogo-de-vista ? É verdade que também me lembrei do nosso Carteiro e de um seu post sobre a liberdade de fumar, mas neste aspecto não tenho qualquer hesitação: proibição do fumo em lugares públicos, Já !
À noite, no hotel em Marbella e, no dia seguinte, às portas da Mesquita-Catedral de Córdova (de que nos falava num post recente o nosso prestimoso Marcelo), a mesma agradável sensação do cheiro a comida nos restaurantes. Aqui, na cave sem grande arejamento do Rafaé, mesmo para quem, como eu, detesta o cheiro a fritos, o aroma tornava-se agradável, pois cheirava a chipirones, a boquerones, a pimentos del piquillo, a gambas al ajillo e a outras coisas boas, e não a tabaco, alcatrão ou nicotina.
Parece que a lei, antes de entrar em vigor, em Janeiro deste ano, foi muito contestada e havia quem vaticinasse que nunca seria cumprida. Dois meses bastaram para demonstrar que, pelo menos aparentemente e pela curta amostra que me foi dada ver, a lei está a ser cumprida, sem grandes sobressaltos e com manifesta vantagem para a saúde de nuestros hermanos.
Vamos lá ver se, como diz o ditado, os bons exemplos frutificam.

3 comentários:

Kamikaze (L.P.) disse...

Oh Nicodemos, que bom rele-lo por estas bandas!!! E logo para nos falar de Sevilha, Cordoba e desses optimos petiscos...(so de ouvir a palavra meson ai ai!)
Olhe, estive recentemente em Londres e mesmo nos restaurantes em que ainda era permitido fumar nao se via ninguem a faze-lo! Resultado: la segui o exemplo, nao tanto receosa que me olhassem como quem olha um(a) energumeno(a)m mas mais por respeito pela atitude alheia e... sobrevivi sem angustias de maior! Tal como nos avioes (ou na sala de audiencias, dirao outros...). E eu, que sou uma fumadora compulsiva, vim de Londres a fumar bastante menos (ate porque e raro o sitio onde faze-lo e permitido) e assim me mantive, conscientemente, por uns POUCOS dias...
Moral da historia: a gente habitua-se, e mesmo nao gostando que seja a força, ha que reconhecer que neste caso ajuda um bocadinho...:(

PS - como Vexa e um maroto que nao nos quis divertir com o seu GATO CONSTIPADO, deixo a pista, que os incursionistas (tambem)merecem dar umas boas gargalhadas eh eh eh

28/2/06

C.M. disse...

PUEETO DE SANTA MARIA!!!!!!!!!!

UM MUST!!!!!!!!!

AI QUE INVEJA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Mas, diga-se com propriedade, que uns "puros" até que sabiam bem após um rioja ou mesmo umas "canas"!!!

Vou ficar com essas indicações preciosas, Nicodemus!

M.C.R. disse...

este nosso Nicodemus (ou: os) é cá um felizardo... E a comer-lhe, cheira-me que não pede meças a ninguém...
Por essas bandas também já andei e não me posso queixar. então as aldeias e vilórias da serra mais para os lados de Jerez...
Quanto ao tabaco (eu que deixei de fumar há dez ou mais anos) como de costume é a política do tudo ou nada.
Porque raio será que num+nca se tenta fazer as coisas com serenidade, equilibrio e respeito por todos?