23 fevereiro 2006

As mulheres e os homens

Foram dois dias demolidores no escritório. Não, não era nenhum julgamento importante, nem umas alegações de recurso particularmente difíceis. Coisa mais prosaica: uma relação de bens subsequente a divórcio. Ao divórcio de um amigo que, quatro anos depois, continua toldado e, toldado, incapaz de perceber as coisas mais simples, sobretudo as que lhe são ditas por amigos ou familiares. De tal forma, que o diálogo se tornou quase impossível, por muito que eu tente centrar as questões. Claro que ele deve achar - com alguma razão - que sou eu que ando pouco paciente.
Já aqui disse e repito: não sou dado a coisas de direito de família. Mas, pobre advogado, tenho que as fazer. Vai daí, pedi hoje, in extremis, ao Mocho Atento que subisse as escadas e me desse uma ajuda, mais que não fosse para falar com o meu cliente e amigo ao telefone e esclarecer as últimas dúvidas. Solidário, ele foi. Solidário, ele entendeu-se com o cliente. Solidário, acabámos aquilo.
Aquilo.Mas aquilo é direito? Deve ser. Eu é que não tenho vocação e nunca quis aprender. Mas sou capaz de não estar totalmente errado.
O Mocho e eu chegámos a uma conclusão absolutamente estapafúrdia. Mas verdadeira. Ou, pelo menos, assim achámos, mesmo quando uma das minhas jovens estagiárias nos olhava perplexa. Que conclusão: as advogadas mulheres são muito mais dadas a estas coisas de inventários. Verificámos isso logo ali: ele ligou a uma colega que, de imediato, soube dar valores a serviços de chá e de café, faqueiros de prata e coisas do género. Nós nem sequer fazíamos ideia (eu não sei, sequer, quanto custa um pão!). Mas há mais: as advogadas mulheres gostam de ir a casa das pessoas fazer essas avaliações, mexer nas coisas e isso. E gostam de saber muito mais do que importa para a solução do caso. Curiosidades femininas que os homens não têm. Eu pelo menos não tenho.
Mesmo quando se trata de divórcios, eu limito-me a perguntar o que é relevante. E já houve muitas alturas em que me diverti a ver colegas mulheres a perguntar coisas que não tinham nenhuma relevância para o assunto. Era mesmo curiosidade... feminina.
Elas gostam de direito de família e de inventários. Eu não.

12 comentários:

Kamikaze (L.P.) disse...

Pois e meu caro, elas tambem tem mais jeito para cozer meias e etc., nao e? Deve ser genetico. Pois. Enfim: gostei da imagem, o belissimo O BEIJo de Rodin (penso eu de que) e de o "rever" por estas bandas.

o sibilo da serpente disse...

Foi de propósito: para gostar da imagem (sim, Rodin) e não do texto... xenófobo, racista e porco machista :-)

o sibilo da serpente disse...

Ah. E elas já não têm jeito para cozer meias. Mas eu tinha jeito para engraxar os sapatos delas :-)

C.M. disse...

Ai os sapatinhso delas! Tinha jeito ou tem, caro Carteiro?

Ai as mulheres! Que seria de nós sem elas? Que seria do mundo sem elas?

Não existiria a Poesia!!

O meu olhar disse...

Caro Carteiro, obrigada por nos trazer esta imagem, bela e eterna, para além de terna.
Quanto ao texto, quero dizer-lhe que estou de acordo consigo. Refiro-me ao comentário que fez ao seu próprio texto, claro!

M.C.R. disse...

Carteiro
Acho que num ponto tem razão. As mulheres tem um demolidor espírito de observação que nos deixa a milhas de distância.
R tenho-me fartado de rir com as respostas. Felizmente V tem ombros largos.
E veja bem que nem o Rodin lhe serviu de viático (oh diabo: lá disse uma palvra um tanto ou quanto blasfema. Se o DLM me lê ainda se queixa ao Santo Ofício...)

C.M. disse...

Atenção: Santo Ofício presente!

(ahahah)

o sibilo da serpente disse...

Pois, é verdade MCR, tenho ombros largos. E estes ombrinhos já serviramm aí uma 6 ou 7 vezes para salvar mudar pneus furados, na estrada, a senhoras (aos carros das senhoras, claro) que olhavam suplicantes para quem passava. Pois. Nunca mais! Afinal isso também deve ser um sinal de machismo. E também que esqueçam o meu jeito para engraxar sapatos...

Silvia Chueire disse...

POis...Os homens têm este tipo de deficiência, não é ? Já era tempo de a deixarem de ter. : )
Bom vê-lo aqui, carteiro.

Abraços,
Silvia

o sibilo da serpente disse...

Pois é, Silvia, o que eu pretendia mesmo era dizer que as mulheres são mais capazes do que os homens em alguns domínios... :-)

M.C.R. disse...

Se são...

o sibilo da serpente disse...

Aliás, se que quisesse dizer o contrário, teria sido mais fácil reproduzir o que as mulheres dizem sobre... as mulheres.
Há dias, em conversa com uma psiquiatra amiga que já não via há bastante tempo - mulher, alguns anos mais velha do que eu e militante do PC desde antes do 25 de Abril - ouvi, dela, o maior libelo que algum dia ouvi sobre as mulheres. Fiquei surpreendido. Mas ela falava das coisas que lhe passam pelas mãos, no dia-a-dia das suas consultas...