07 fevereiro 2006

Frase do dia

"Se todos os juízes trabalhassem das 9 da manhã às 5 da tarde não havia atrasos na justiça."

António Marinho Pinto, advogado, Sic Notícias, programa Opinião Pública, hoje, 11h30

18 comentários:

Primo de Amarante disse...

Esta estratégia não seve os juizes, nem a dignidade da Justiça e só demonstra que a classe não está à altura do estatudo de um orgão de soberania. O sentido de estado não se harmoniza com esta "brincadeira".

C.M. disse...

Caro Compadre Esteves, olhe que o Estado, nesta III República, não tem investido no sector ( bem como noutros). O que me faz muita confusão pois, apesar da mudança de Regime, deveria ter sido mantido o que funcionava bem e ser modificado, para melhor, o que estava mal. Aliás, o que seria de esperar é que actualmente sectores que funcionavam bem na II República, estivessem hoje a um nível de excelência. Mas não: esses estão de rastos: veja-se a Educação, atente-se na Justiça.

O que se passa é que todos os Governos, desde 1974, se habituaram a que os Magistrados, Juizes e MP, trabalhassem “por carolice”: quando hoje se fala dos “privilégios” dos Magistrados, eu gostava de saber se esses senhores do sector privado que, para venderem sabonetes ou desodorizantes, ganham fortunas, trabalhariam sem contrapartidas financeiras!

E não digam que os Magistrados, todos eles, estão bem pagos! Os números que certos pasquins da nossa praça apresentam, para ajudar à incontornável inveja, configuram montantes ilíquidos. Um Juiz com 30 anos de carreira, ganha, “ limpos” à volta de500, 600 contos! Acham muito? Um agente da judiciária ganha tanto como um Magistrado, as mais das vezes para estar sentado à secretária. Uma falta de critério e de justa diferenciação salarial.

Qualquer “comercial” de meia tigela ganha muito mais! Sem contar que, atenta a formação constante, e o rodopio da legislação, têm de ser adquiridos, todos os anos, novos livros, que são bastante caros, a expensas próprias.

Pois o que se passa nos Tribunais é tão só o seguinte:. para realizarem julgamentos, os Juizes (ou MP) têm de levar trabalho para casa, ou sair dos Tribunais altas horas da noite, pedindo muitas vezes aos cônjuges que os vão buscar, pois também trabalham em instalações sem segurança, sem porteiro, sem Polícia!

E quem lhes paga esse trabalho?

Acho bem que deixem de alimentar este esquema viciado, a fim de que, um dia, de vez, se ponha o sistema definitivamente em crise, a fim de que, a partir das suas ruínas, sejam erguidas as necessárias estruturas para que a realização da Justiça seja feita em tempo útil, mas não à custa de “noitadas”, de fins- de- semana a trabalhar sem qualquer espaço temporal para a família, sem tempo sequer para repouso físico e mental.

O esquema que tem sido seguido nestes 30 anos e, como disse o representante sindical dos funcionários judiciais, Fernando Jorge, é que tem sido anormal. Agora repôs-se a normalidade!

E a questão das férias? Uma vergonha! Dos propalados 3 meses de férias (seria para rir se não estivéssemos perante uma grande manipulação do zé povinho ignorante, que nestas coisas, até faz o “jeito”...) restam uns 20 dias: digo bem: VINTE DIAS! Então os turnos no mês de Agosto? Os turnos na primeira quinzena do mês de Setembro? Já agora, os turnos da Páscoa? Os turnos do Natal? Adeus, minhas encomendas!

Mas não nos preocupemos: aqueles que querem desmantelar o Estado, para depois os privados venderem ao mesmo Estado os serviços ( por preços “de mercado” obviamente...) estão já preparar a “privatização” da Justiça, através de tribunais arbitrais, onde quem tem dinheiro é que poderá ali fazer valer os seus direitos.


Mas parece-me que os portugueses, com a sua tradicional mesquinhez, também não merecem mais.


dlmendes

C.M. disse...

Ó Compadre Esteves, olhe que esta crítica que aqui faço ( escrita a correr e a "quente") não tem nada de pessoal, ok? É uma crítica a toda a sociedade, bem entendido!

Um Abraço.

dlmendes

Primo de Amarante disse...

Penso que o sentido de Estado nada tem a ver com vencimentos, estados de alma e, muito menos, com férias. Sinto pena que os srs. magistrados não compreendam que se vulgarizam com essas formas de luta. Nunca percebi por que é que não fazem, p.ex., uma Carta aberta à Nação, denunciando as condições em que trabalham, os problemas da justiça (segurança de bens e pessoas, luta contra a corrupção, etc) e as medidas necessárias a uma Justiça célere e justa. Sem ganharem a opinião pública, nenhuma força conseguirão ter para atingirem o que quer que seja. Pelo contrário, darão cada vez mais força ao Governo.

M.C.R. disse...

O dr Marinho é uma pessoa a que os jornais têm dado um rtelevo que não de compreende dado o que escreve, como escreve e quando escreve. É fraquinho, coitado... , muito fraquinho. desconheço se é bom ou mau advogado nem isso me interessa. Basta-me l~e-lo em diagonal e perceber que a criatura tem um elevado conceito de si mesma e que vive do foguetório à volta da crítica aos juízes.
Depois de ter entrado como visitante ou como requerente em dois ou tês gabinetes de juizes fiquei com a ideia de que se eles trabalhassem das 9 ás 5 o dr Marinho já não tinha clientes poer estes pensarem que era ele a atrazar processos.
Juízo, dr Marinho, juízo e tento na caneta.

Primo de Amarante disse...

Eu conheço o dr. Marinho. É de Amarante.Quando pertenceu à secção dos Direitos Humanos da ordem dos advogados fez um trabalho generoso e louvável sobre a situação dos prisioneiros. É polémico como muito boa gente. A liberdade de expressão que quero para mim, penso que também devo respeitá-la nele.

Primo de Amarante disse...

Só mais isto: os jornais não dão relevo ao Dr. marinho da Silva. O Dr. Marinho da Silva é jornalista desde há muitos anos (no Expresso, desde a sua fundação)e depois advogado.

Primo de Amarante disse...

A pressa, levou-me a falar de Marinho da Silva. Marinho da Silva também é de Amarante: é um pediatra cardiologista, ex-trotskista, que vive em Coimbra. António Marinho, ex-comunista, é de Amarante, advogado e jornalista e também vive em Coimbra.

Os dois são excelentes pessoas: só que o pediatra é muito reservado e o advogado mais expansivo. Ambos batem-se por causas.

C.M. disse...

Alguns comentários:

Nunes da Cruz, presidente do CSM, confirmou ontem, à saída de uma audiência com o líder do PSD, que deixou de existir "aquela dedicação louca" dos juízes ao trabalho. Nunes da Cruz classificou o protesto dos magistrados como "uma reacção normal" face ao tratamento que têm recebido do Governo. E deixou um apelo ao ministro da Justiça, Alberto Costa "O que se pretende do Governo é que compreenda a nossa posição, o esforço e os sacrifícios que têm sido feitos".

Edgar Lopes reconhece que os juízes estão hoje com "uma menor capacidade de sacrifício", evitando trabalhar "aos fins de semana" e dirigir julgamentos depois do fecho dos tribunais - sem prejuízo de ficarem no seu gabinete a trabalhar nos processos.

Para o deputado António Filipe ( PCP) o Governo “é o único responsável pela situação criada, colhendo agora as consequências da forma irresponsável com o tem tratado os profissionais desta área. Se antes a dedicação dos juízes ia para além daquilo a que estavam obrigados atenuava os problemas de morosidade da Justiça, o facto de cumprirem agora um horário de trabalho virá evidenciar a situação dramática do sistema judicial.

Luís Fazenda, do BE, diz que “ O Governo encontrou conflitos mas tarda em encontrar soluções”

À Direita… um deserto de ideias…

Já só me restava ter de concordar com as posições do PCP…enfim, até são os únicos que actualmente estão a ser clarividentes…

dlmendes

C.M. disse...

Ai que injustiça!

No DN:
Marques Mendes acusou o MJ de ter "uma atitude lamentável" para com os Juizes; "O Governo tem sido useiro e vezeiro em agredir os Juizes, funcionários públicos, outros sectores. Agredir seja quem for, neste caso os Juizes é de um populismo inaceitável".

Honra seja feita a Marques Mendes!

Conservador disse...

O Dr. MARINHO E PINTO (é deste que se trata...) é jurista imaginativo, mas mau. Que me perdoe mas é a minha opinião. Diz tonterias que só os jornalistas (mal formados nestas lides) dão guarida. Ponto Final.

M.C.R. disse...

O dr Marinho não pertenceu a uma das comissões de Direitos humanos por ser jornalista mas por ser advogado.
Quando escreve nos jornais reveste-se sempre da qualidade de advogado. Se é jornalista também isso não tem nada a ver aqui. como também não tem o ser de Amarante ou ter sido filiado num partido político. Aliás se bem me recordo foram os dirigentes da Ordem que lhe acabaram com a função de na comissão dos direitos humanos. Posteriormente candidatou-se a bastonário e perdeu.
Dito isto que, aliás, pouco relevo deve ter, convém antes tentar perceber as razões da sua absoluta fobia aos restantes operadores da justiça.
quando se souber talvez se perceba o que faz mover o homem.

C.M. disse...

Eu é que não queria o Marinho como Advogado...aquele homem numa sala de audiência e é causa perdida por certo...

Primo de Amarante disse...

Suponho que as causas ganham-se ou perdem-se pela aplicação do direito aos factos e não por quem está ou não está na sala de audiências.

O dr. Marinho diz o que pensa e isso é louvável, muito embora possamos discordar do que ele diz. Seria horrivel que fosse prejudicado profissionalmente pelas suas atitudes relativamente à Justiça ou aos seus operadores.

Aprendemos todos com as criticas, mesmo que muitas vezes não concordemos. Não é fácil ser contra a corrente, como se vê pelos juizos que são feitos em relação ao Martinho. Mas é gente como Martinho que por vezes nos ajudam a ver que "o rei vai nu".

Primo de Amarante disse...

queria dizer Marinho.

Primo de Amarante disse...

O Dr. Marinho mantém a mesma matriz ideológica desde o tempo em que esteve preso pela polícia política.

Eu defendo alguns constrangimentos morais em relação à liberdade de imprensa, mas nunca defendi impedimentos.

Estranho que a liberdade sem constrangimentos só seja defendida por alguns para os caricaturistas de Maomé.

É certo que o Dr. Marinho, tanto quanto sei, não é crente, mas mereceria que os que aplicam a liberdade de expressaõ e de imprensa aos caricaturistas não deixassem o dr. Marinho de fora, mesmo quando as suas criticas em relação ao sistema da Justiça sejam as que se ouvem quase todos os dias.

C.M. disse...

"Suponho que as causas ganham-se ou perdem-se pela aplicação do direito aos factos e não por quem está ou não está na sala de audiências."

Caro Amigo, se assim fosse, qualquer amanuense poderia fazer de advogado...

Primo de Amarante disse...

Caro Amigo, não percebi.Penso que é no Tribunal que se aplica o direito e os tribunais têm uma forma de se constituirem.

De qualquer maneira, cada um de nós já compreendeu a posição contrária. Eu fico com a minha admiração pelo Marinho e podemos dar o assunto por terminado.