21 fevereiro 2006

Fátima

Será que se conforma com o princípio da separação entre a Igreja e o Estado a transmissão pela televisão pública de um longo directo sobre a trasladação do corpo da irmã Lúcia para o santuário?
O problema coloca-se certamente, mas eu confesso a minha parcialidade. Considero as pretensas aparições de Fátima uma impostura grosseira, inventada por um grupo de padres intriguistas escaldados pela República e que foi utilizada pelo regime fascista para manter o povo português numa situação de miséria, opressão e exploração.

19 comentários:

josé disse...

"Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão

Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai

Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará"

Este poema lindo, da autoria de Rosalia de Castro, cantado por Adriano Correia de Oliveira, é para chamar aqui o mestre MCR, a ver se toma conta do leme...

Quanto ao postal de despedida:

Sou cristão, católico, como muitos milhares ou milhões de portugueses.
Outros não o são.
COmo eu respeito os outros nas suas não crenças, gostaria que os outros respeitassem as crenças.

Se o fenómeno de Fátima congrega multidões e concita o interesse e a religiosidade de milhões, será acertado dizer que é "uma impostura grosseira, inventada por um grupo de padres intriguistas escaldados pela República"?!

Não é- e que me desculpe o Rebeldino que não conheço.
Se defendemos o direito dos muçulmanos a não serem insultados através de cartoons, também deveremos defender o direito dos crentes a acreditar no que acreditam.

Quanto à separação do Estado e da Igreja, só uma coisa a dizer:
vi uma parte do programa que passou numa tv privada...mas nem dei atenção. Quanto à pública, é uma empresa que procura público que veja, para vender publicidade em concorrência.

Quão longe vão os tempos da unicidade!

C.M. disse...

Gosto de ter o "Incursões" aberto...vou dando uma "olhadela"...


Acabo de ver o "post" de Rebeldino Anaximandro. Tenho a certeza de que tais afirmações são por via de eu ter colocado o "postal" acerca da Irmã Lúcia.


Pensei em ignorá-lo. Mas também pensei que tal seria uma posição de cobardia.

Afinal, não quis ofender ninguém, é claro [eu é que me sinto ofendido como cidadão de pleno direito ( penso eu...) deste País] pelos inqualificáveis adjectivos empregues por aquele, numa linguagem que eu classificaria de verdadeiro "PREC".

Constato que alguns julgam-se donos da verdade.

Que não admitem a diferença.

É por via deste modo de pensar que, na História do Homem, existiram muitos gulags e que, afinal os amanhãs não cantaram.

Estou em estado de choque.

Sinto-me ultrajado.

Veja-se o exemplo do Compadre Esteves, o qual, para além de diferentes pontos de vista, manteve sempre uma relação de cordialidade e uma postura de diálogo através da qual foi possível construir muitas pontes. É assim que os homens devem dialogar e compreender-se mutuamente! Ah que saudades já tenho dele!

Mas há quem prefira destruir essas mesmas pontes!


Concordo com o JCP: chamar à colação o mestre MCR, “a ver se toma conta do leme...

Eu, por mim, posso sair do Blog. Não quero ser fonte de dissenções.

Afinal, sou um ingénuo. Pensar que os homens podem dar-se bem na diversidade.

Ainda há quem pense que a unicidade é uma virtude...a unicidade castradora da liberdade e da consciência dos homens...


Até penso que algumas notícias, fora do contexto político, este por vezes muito limitado, podem dar uma certa "frescura" ao Blog.

Mas estou em estado de choque, não só pela linguagem mas também pela atitude intransigente aqui posta em relevo.

Afinal, tanta acrisolada defesa de determinados princípios, mas tão só e apenas num único sentido!

A diversidade até é um bem: através dela cria-se um estímulo para construir um diálogo que se pretende fraterno e esclarecedor.

A diversidade não deve ser fonte de ódios. Mas ainda existem muitos que não a admitem.

Realmente, a maior parte do povo português ficou com uma má memória da I República e com razão: as provas estão aqui, neste “post”.

Ele é auto-incriminatório.

dlmendes

Kamikaze (L.P.) disse...

Amigo Rebeldino, caros incursionistas

Ao que parece, voltamos à questão do paradigma, ja há dias colocada aquis pelo Compadre Esteves. Mais uma vez não entendo bem a oportunidade, mas pelos vistos é mesmo problema meu.
É que, se poderia subscrever (quase) na integra este post do RA, não vejo que o facto de outros contributors terem perspectiva diversa me coloque - ou a eles - fora do tal "paradigma"! É que, para mim, se calhar erradamente, ele consubstancia-se no singelo estatuto editorial (link na side bar). O respeito pelas ideias diversas sempre foi um pressuposto do Incursões. E conseguido na pratica! Veja-se, p. ex., como, na sensível época da recente campanha eleitoral, aqui conviveram saudavelmente diversos, se não antagónicos, pontos de vista sobre os candidatos! É claro que isto não é o mesmo que fazer do Incursões um veículo de divulgação para ideias que nenhum ou muito pouco acolhimento encontram na generalidade dos demais contributors! Mas será que isso aconteceu??? Creio que uma resposta afirmativa é uma precipitação e um exagero, que lamento.
Claro que a saída de alguns do co-fundadores - LC e til - , bem como a ausência sistemática de vários colaboradores, afastou bastante o Incursões do seu projecto inicial, designadamente a nível temático. Assim, posso sentir mais ou menos interesse no actual Incursões, o terá mais a ver com os temas e muito menos com as opiniões expressas e não sinto que tenha realmente havido uma mudança tão grande que consubstancie já um “outro paradigma".
Mas isto sou eu a minha circunstância, os outros é que sabem de si. Contudo, acho razoável que, ademais tendo a “qualidade” de administradora (v)os questione.
Aliás, já o fiz também em comentário à “despedida" do Compadre - sem resposta. Mas, surprise surprise, enquando aguradava (e a "pedido de "varias famílias") que o Compadre repensasse a sua decisão de sair, ou seja, antes de aceder ao seu pedido de retirar o seu nome do elenco de contributors (o que só pode ser feito por um administrador e parece que sou o único em exercício), eis que o compadre resolveu mudar o seu nick - o que levou a que todos os postais por ele escritos desde Maio 2004 até hoje deixassem de figurar como "postos por Compadre Esteves" e passassem a figurar como "postos por Primo de Amarante"!
Tal evento confundiu seguramente muitos colaboradores e leitores e a mim, para além do mais, deixou-me perplexa! Claro que arranjei logo maneira de encontrar um aspecto positivo na charada: continuávamos em família... pois se perdêramos um compadre ganháramos um primo. Mas será mesmo assim? Confesso que não tenho certezas nesta matéria o que, dada a minha função de administradorase torna bastante caricato… ou não torna???
Será, por aqui, afinal, que passa a tão propalada mudança de paradigma? Se assim for, urge mesmo passar a minha "pasta" ... que, de resto, como já referi há tempos, não me tem agradado carregar sozinha.

Kamikaze (L.P.) disse...

Caro Delfim L Mendes

Quando iniciei a escrita do meu comentario o seu ainda nao constava. Quero assim apenas acrescentar que tem a minha solidariedade. Tanto mais que, como ja disse acima, subscreveria (quase) na integra o post do Rebeldino - no que a substancia da questao de Fatima se refere(e bom precisar)! Mas realmente tolerante e reconhecedora de inteligencia e merito alheios como creio ser, limitei-me a passar ao lado! Alias, tal como ja passei ao lado de outros posts de diversos colaboradores e estes terao passado ao lado dos meus e dos do Rebeldino!
Eu conheço o RA, sei que e pessoa nada dada a unicidades...por isso acho que deve andar aqui um grande mal entendido! E que ja vem desde a "despedida" do Compadre (=Primo de Amarante). Sera que alguem me faz um desenho??????

josé disse...

Ó meus amigos!

Deixem isto como está. Assim está bem.
Não se abespinhem com postais a favor ou contra a religião, mesmo que sejam daqueles que insultam.

O caro Delfim perceberá se eu disser: "Perdoa-lhes- porque não sabem o que fazem". Mesmo não sendo o caso, parece-me que o será sempre se o Pai neste caso for a tolerância para com a intolerância virtual.
Esvaziemos o saco da ira antes de cá entrar. O riso seria o melhor remédio e por isso, convoquei o "mestre"- que o é.

Pacifiquem-se, cum raio!

Escrevam ao director, como dantes se fazia, sem se saber exactamente quem era...!E precisamente por isso, não havia incursões "ad hominem"!
Que não haja- é o meu desejo de leitor que o quer continuar a ser.

M.C.R. disse...

mcr: sessenta e quatro anos, canhoto de pata e de coração, sem partido mas tomando partido sempre que com isso a liberdade saia fortalecida, agnóstico dos pés à cabeça, convicto admirador da tolerãncia, inimigo da intolerância vem por este meio dizer que:
a) não entende (mas será culpa sua ou estupidez natural) que se saia de algum sítio em nome de paradigmas
b) acha que a liberdade é um somatório de todos e não a exclusão de alguns
c) so percebendo a razão do opositor se poderá contrapor a nossa própria
d) que isso se pode fazer pacífica e civilizadamente sem cruzadas nem manifestações onde morrem, aliás, sempre os mesmos, os pobres, os incultos, os inocentes em suma les damnés de la terre...
e) abomina Fátima mas percebe que aquilo não é só treta de padrecas fanáticos e anti-republicanos
como
f) a resistência em Portugal contra o salazarismo e restantes avatares não foi só obra de bolchevistas iluminados ou republicanos do reviralho mas de gente simples que num determinado momento não aguentou a vontade de vomitar;
g) incomoda-se com a televisão espectáculo que promove hoje Lúcia como ontem a Cinha Jardim ou outra qualquer criatura perdida em quintas e quintais mais imbecis do que exemplos de porno-chanchada
h) mais entende que o leme está excelentemente entregue á "irmã" Kami a quem cumprimenta respeitosamente e recomenda outra fotógrafa como ela: Diane Arbus.

fora do texto, mas espicaçado por José, vem declarar solenemente que o poema de Rosalia cantado em tempos pelo seu querido amigo e companheiro de estúrdia Adriano Correia de Oliveira foi musicado por José Niza para um espectáulo de teatro chamado "Castelao e a sua época" encenação de Ricardo Salvat para o Círculo de Iniciação Teatal da Academia de Cpimbra (CITAC)em 1969, o ano de todos os perigos. Mais declara que quem primeiro cantou a dita canção foi Maria João Delgado à altura casada com o signatário e que disso mesmo é testemunha o inefável Anto também metido nestas andanças teatrais. Está bem assim, José ou quer mais sumo?
Resumindo: no antigamente os grupos mais fanaticamente marxistas-leninistas diziam que o partido se fortalece á medida que se expurga. a história já se encarregou de mostrar a sem razão deles. Sempre que alguém se vai ficamos mais pobres. Mas ele também não fica mais rico. a liberdade tal qual a entendo inibe-me de pedir a Rebeldino que se recorde de Anaximandro e, portanto, fique, pois quero crer que tomou esta decisão depois de, como Anaximandro, bem a ponderar.
Não sou dono de nada e muito menos de "incursoes" assim mesmo sem til melífluo mas creio interpretar o sentimento da maioria ao dizer-lhe que aqui há sempre uma porta aberta, uma luz acesa e um grupo de companheiros com o pão e o sal da hospitalidade.
finbalmente no finalmente: perdi um compadre mas ganhei um primo. Pessoalmente há muito qur via no João mais um irmão do que um compadre. Passámos por demasiadas coisas para nos chatearmos quando estamos pontiualmente em desacordo. saravah, primo.

josé disse...

Calmaria! Leme, sim, mas aqui e agora!
Nesta porcela. Que em rota de cruzeiro está muito bem capitaneado e ...la Nave Va!

C.M. disse...

Pequena nota:

Quando disse - "Concordo com o JCP: chamar à colação o mestre MCR, “a ver se toma conta do leme..." - obviamente queria referir-me ao José!

Obrigado, José, pelas suas palavras.

Não é a opinião diferente que me incomoda; é o palavreado empregue, impróprio de pessoas que se dizem tão "solidárias".

A propósito, então e o MCR? Que dizer deste, que, não comungando dos mesmos ideais políticos, religiosos, etc., (se calhar, até não estamos assim tão distantes...mas isso não importa…) contudo consegue construir as tais "pontes" de entendimento, de tal modo que, embora não nos conhecendo pessoalmente, diria que a estima que sentimos um pelo outro é profunda?

Isto é que é gratificante. Aliás, se houvesse obrigatoriedade de todos dizerem "amen" - a tudo - que sensaboria não seria este ou qualquer outro “blog”!!

Por causa da intransigência é que os homens não se entendem!

A intransigência radicaliza o outro!

Mas é necessária um pouco de inteligência para constatar verdades tão comezinhas…

Estava a pensar escrever alguma coisa na próxima Páscoa, colocar uma bela imagem alusiva…já não sei se o faça!

No Natal…a mesma coisa.

Sinto-me “espartilhado”…

Perdeu-se o “norte”….Alguém destruiu a bússola…

dlmendes

C.M. disse...

Cara Kami, obrigado pela sua solidariedade. Ela é muito muito importante para mim.


Respondendo de algum modo aos outros comentadores, eles têm efectivamente razão… eu TAMBÉM me limitei a usar da minha liberdade de expressão, constitucionalmente consagrada...

Só que eu gosto de colocar as questões com elegância, perdoe-se-me a imodéstia.

Relativamente aos "santinhos" não vejo que eles devam ser “guardados na carteira”. E ninguém trouxe qualquer questão religiosa para o “Incursões”. Quem é intolerante é que provoca “questões” religiosas ou não.

Ou será que existem temas tabu no actual regime político? É que se os há, então estaremos na mesma situação de antes do 25 de Abril, não é meus caros democratas progressistas?

Ou a liberdade de expressão é só para alguns? A liberdade de expressão só é privilégio de quem pensa de determinado modo? Afinal, que conceito de democracia é este? Não vejo diferença entre este pensamento e aquele que se pode resumir no seguinte brocardo: " QUEM NÃO É POR NÓS É CONTRA NÓS!"



Então, façam favor de fazer um “índex” e catalogar as questões das quais se pode emitir opinião; como se pode emitir esta, de que modo, e em que sentido. Já agora…é tal e qual o regime do Estado Novo que tanto detestam…


Bem prega Frei Tomáz…

dlmendes

C.M. disse...

Caro Hóspede, mande-me por e-mail a sua fotografia, que eu, se você for um homem bonito, coloco no meu registo,OK?

Ficamos todos felizes!

O meu olhar disse...

Concordo com o Rui do Carmo. Essa ia sendo também a minha conclusão à medida que ia lendo os comentários. De facto, o RA não tem direito a expressar a sua opinião, assim como todos os outros? Quanto ao modo como o fez, parece-me que a leitura está na cabeça de cada um.

Tal como Rebeldino Anaximandro, não concordo com a injecção das emissões televisivas sobre Fátima em geral e a irmã Lúcia em particular. Não o disse mas podia tê-lo feito, não fora esta ocupação excessiva do tempo.

Quanto à religião católica, e outras, respeito quem é crente apesar de por vezes o fazer com alguma dificuldade.A tolerância anda tão escondida...

Quanto à sua despedida RA, peço-lhe que repense a decisão.
Repetindo o que tão bem disse o MCR “Sempre que alguém se vai ficamos mais pobres. Mas ele também não fica mais rico”. Também eu estive para sair por não contribuir habitualmente. Ainda bem que não o fiz.

Quanto a si Kamikaze, continue a segurar o barco que a maré está brava, mas vai serenar…

C.M. disse...

Caríssima "o meu olhar" permita-me, para terminar, estas linhas, e numa derradeira tentativa de esclarecimento e separação de águas:

Está tudo muito certo o que disse, liberdade de expressão, etc., também não ponho isso em causa, caso contrário não participaria de um blog. Seria até contraditório, não é verdade?

Mas o que me choca é que haja alguém que queira sair deste "Blog" apenas porque coloquei umas singelas linhas acerca de um evento que iria passar na televisão...Alguém que diga que o Incursões " mudou bastante de feição nos últimos tempos" só porque alguém - no caso a minha pessoa - tenha salientado um determinado evento...ou possa pensar de modo diferente…(será tão diferente assim?)

Logo, quem é intolerante?

Até o JCP disse, aquando da minha entrada para o blog que tal seria uma heterodoxia...achei piada...

Mas afinal há quem seja ortodoxo...

É isto que me faz muita impressão...não está bem de ver? Eu discordei muito do Compadre esteves, do MCR, e nunca nos zangámos! Porque temos respeito uns pelos outros e “dominamos” a arte do “dissentir”

Desta, até nasce muitas vezes a luz para ambos os lados!

Será que isto não salta à vista?

Então, volto à minha questão:

1) Será que existem temas tabu no actual regime político?

2) Será que a liberdade de expressão só é privilégio de quem pensa de determinado modo?

Da próxima vez que eu escrever sobre determinada matéria, vou sobretudo preocupar-me no sentido de, dentro de mim, tentar "descobrir" a quem poderá incomodar sobremaneira um determinado tema.

Julguei que o 25A se tinha feito para todos nós não nos auto censurarmos...

Enganei-me…

Boa-noite, meu olhar, uma boa semana.


( que isto até está animado...)

M.C.R. disse...

é a falar que os homens se entendem. E a falar de tudo. De Mahomé ou de Júpiter de bridge ou de sueca. A propósito não abda por aí nenhum bridgeur perdido?
Pessoalmente achei espantoso que todas as televisões tivessem paerado por via da monja Lúcua. Nem sequer percebo que se baseiem num difuso mas real sentimento católico do povo português. Porque mesmo se assim fosse há limites para o tempo e para as convicções dum também elevado (e que o não fosse, que fosse até pequeno) número de pagadores da taxa televisiva. Acharia muito brem que lhe dedicassem uma reportagem especial, que pusessem gente a falar do percurso de fátima, religiosos e leigos, que enquadrassem sem medo nem reverências desnecessárias o fenómeno. Nada tenho contra as duas Televisões privadas. Essas põem o que querem. E se calhar terão posto alguma coisa licenciosa logo a seguir... A RTP não pode fazer assim: dá a notícia, dá a entrevista, a mesa redonda, Uma hora mesmo se tal for conssiderado necessário. Estou em crer, pelo que tenho ouvido, que aquilo fez mais mal que bem à causa dos 3 pastorinhos. Achei o comentário de Rebeldino desabrido mas enfim, ás vezes a gente irrita-se. estava no seu direito mesmo que o escrevesse por linhas tortas. só que, se a memória me não esmorece, não foi essa a sua posição (e muito menos a do invocado compadre Esteves...) a propósito dos desenhos dinamarqueses. Sei (porque alguém mo disse) que Rebeldino é homem capaz, cabal, inteligente, culto e tolerante. Como delfim tem provado ser. Algumas das suas posições aqui expressas poderiam ser assinadas honrosamente por muita da melhor gente de esquerda, A gente discorda dele (e logo no primeiro comentário que aqui fez sobre Moçambique saí-lhe ao passo e disse-lhe três verdades. lonfge de se zangar, voltou à carga explicando como e donde lhe vinham alguns conhecimentos errados. Repliquei e assim se foi construindo uma "ponte" (bridge em inglês como o jogo) uma boa amizade que apenas tem o senão de nunca nos termos visto! O mesmo ocorreu com o José e com muitos dos que comigo têem conversado. Com o meu querido amigo e companheiro de tantos anos, Manuel Simas, as discussões são por vezes tremendas. Mas ambos sabemos que uma coisa é o modo como vemos um problema outra é esta maravilhosa sensação de sabermos que se a um lhe cai um mal logo o outro se precipita para o ajudar. Idem aspas, aspas para o anto. O que eu lhe digo. O que ele me diz! E como fica vermelho. E como é um amigo desses que um gostaria de levar junto para a cova se tivesse a certeza que do outro lado há qualquer coisa.
Por aqui me fico.

José António Barreiros disse...

Olha Rebeldino, se andas irritado com o Incursões não irrites os que gostam de te ler. Vá lá, muda de ideias, que ninguém leva a mal.
Um abraço amigo.

M.C.R. disse...

Desculpem as gralhas do meu texto acima. Eram quase nove, a minha mulher chamava-me para a levar ao local de trabalho dela (além de mordomo também sou motorista, ou melhor, chauffeur, que é mais fino. Com o barulho das luzes se calhar confundi o Rebeldino com o Nicodemos no que toca a uma posição sobre os cartoons. Se assim foi desculpem-me os dois, Não sendo Jeová, Mahomé ou Shiva, para não citar Manitu ou o elegante Buda, meto o pé na argola com facilidade. Errar é humano, graças a Deus... mesmo se não acreditamos em Deus. Deve ser o cúmulo da chatice nunca errar. Ia a dizer como o dr Cavaco mas temo incomodar o carteiro. Mas digo-o na mesma porque o tenho por bom companheiro desses que sabe que isto de escrever tem as suas contingências.
O caro Nicodemos diz uma coisa que me vai permitir contrariar. Não me parece que o Compadre tenha sido contra o politicameente correcto no caso ddos cartoons: ou me engano muito ou o polticamente correcto era dizer que afinal aquilo era ofensivo que a liberdade tem limites, que se compreende a fúria dos crentes etc e tal. Mas isto é só uma opinião e ri-me a bom rir com a sua "invocação do nome do diabo em vão"!!! . Boa malha Nicodemos, boa malha. Na mouche como diria a nossa Kami, mãe dos pobres, socorro dos bloguistas aflitos, e fotógrafa imparavel (isto é nov-língua, Kami: quer dizer sem par).
Rebeldino:vou sentir a sua falta. Este mundo anda desenxabido e com falta de rebeldes mesmo que anaximandrem uma que outra vez. Um abraço

Kamikaze (L.P.) disse...

Enviado hoje por email pelo "Compadre Esteves" (publicado aqui com a sua autorizaçao)

Querida Amiga Kamy:

Eu não mudei o link. O que aconteceu é que escrevo no blog "margemesquerda", onde uso o pseudónimo (?) Primo de Amarante, e automaticamente o pseudónimo que uso neste blog passou para o Incursões. Mas não foi por qualquer determinação ou intenção minha. As razões que me levaram a "abandonar" o incursões são, de certa forma, o desinteresse. Não me interessa debater, p. ex., se cortar cabeças no Iraque é mais importante que publicar cartoons ou responder a comentários como os que por vezes são utilizados, p. ex., pelo "intrometido". A isto junte algum desconforto por saber que fui convidado por Lemos Costa e este já ter abandonado o Incursões.
O meu modo de ver a vida e o mundo (o tal paradigma) tem eixos nos quais se apoia a vontade de escrever, debater ideias, etc. Um dos eixos é a solidariedade para com os pobres e os oprimidos; outro é a fidelidade ao dever de pensar pela minha cabeça e nunca me ver pela opinião dos outros.
Detesto o conflito e já tive vários neste blog, como a minha amiga (de quem eu tenho muita consideração) sabe. Sei que ia entrar em conflito com alguns“chatos” que apareceram no blog. E eu pura e simplesmente não estou interessado. Pesando prós e contras, achei, em consciência, que tenho outras coisas onde investir com melhores resultados para mim e para os outros.
Penso que sou uma pessoa de diálogo, era incapaz de mudar o link e muito menos fazê-lo para desconsiderar alguém.
Criei no blog uma grande empatia com algumas pessoas e isso manifestei-o oportunamente.
Digamos que pretendi em relação ao incursões um “divórcio” amigável. Espero que ninguém se zangue comigo. Não tenho questões pessoais contra ninguém: são só questões em relação a mim mesmo (ao meu ecossistema).

Um abraço,
JBMagalhaes - um compadre para todos os amigos (que esteve no Incursões)

Obs: isto não é uma confidência, mas um esclarecimento aberto (que pode ir para o Incursões) a todos os que desejem uma satisfação

Silvia Chueire disse...

Liliana e companheiros,

Não entendo muito bem como as coisas chegaram a este momento.
Tenho evitado participar das questões mais polêmicas do Incursões. Não apenas porque muitas vezes são sobre assuntos portugueses sobre os quais não tenho ainda opinião formada, como porque muitas vezes tratam-se de temas que versam sobre o Judiciário, que, como todos sabem não é minha área de atuação.
Não tenho absolutamente nada contra nenhum dos participantes do blog, e acho que deve haver liberdade de opinião. Sempre.
Acho também que os detentores da dita opinião devem saber quando constrangem, quando exageram ou quando radicalizam. E para o bem comum, como em qualquer lugar civilizado, emitir suas opiniões com bom senso e lembrando-se dos outros. Ou seja, um pouco de cautela, certo cuidado com quem partilha o espaço.
O que acabo de dizer não é dirigido a nenhuma pessoa do blog em particular, se assim fosse eu nomearia, tenham certeza.
Achei muito bem ler os posts defendendo as candidaturas preferidas de cada autor. É a isso que me refiro. Foram cuidadosos e respeitosos com os outros.
Há que haver espaço para a crítica ao companheiro. E para ouvi-las sem que como crianças digamos : não brinco mais !
Repito : não estou me dirigindo a ninguém em particular. E repito exatamente isto porque o Rebeldino acaba de dizer que sairá, e o compadre saiu eu nem soube muito bem porquê .
Sou atéia, e já disse isto antes. É claro que ler textos voltados para a religião me constrange a ponto de não comentá-los. Por quê? Porque certas opiniões que tenho podem ofender a alguém na sua crença, na sua fé. Nestes casos prefiro calar-me. Mas não faço questão que sejam retirados do blog.
Sou atéia, mas nada tenho contra as religiões, ou contra as pessoas terem fé. Considero a fé um sentimento pessoal que não se pode ( e não adianta) discutir. Não acho que deus explique as confusões deste nosso mundo. Isto é, não se pode discutir as falhas de um sistema de previdência alegando falta de fraternidade, ou de solidariedade ( aqui sim, referi-me ao Delfim ). A não ser que estas alegações fizessem parte de um tratado de, digamos, Antropologia. O Delfim entre os muitos posts que colocou nos últimos dias escreveu ao menos três francamente religiosos. Comentá-los pareceria possivelmente ofensivo a ele como pareceu o post e comentário do Rebeldino. O que complica este último é a saída imediata, como se fosse uma intolerância absoluta e o modo de o dizer. No entanto temos que considerar a franqueza, em não sendo capaz de calar-se e para evitar confusões maiores, decidiu sair . É questionável, mas compreensível. Por outro lado ainda o Delfim também colocou no blog posts que nada tinham de religiosos.
Não gosto do uso que a mídia e o pessoal do marketing faz dos símbolos religiosos. Se fosse crente gostaria menos ainda. Mas não chego a zangar-me por isto.
Não sou comunista, mas absolutamente nada tenho contra pessoas que fazem esta escolha ideológica . Ainda que lhe reconheça a radicalidade da prática ( ao menos aqui no Brasil ), que aliás vem mudando.
Gosto de um bom debate, bem argumentado, e o Incursões tem me proporcionado a leitura de muitos. Os radicalismos nunca me agradaram. Ainda que do ponto de vista político encerrem uma vantagem : sempre sabemos com que estamos lidando. Mas é só.
Para encerrar : Delfim, tenho razões para gostar de si, nenhuma para não gostar . Mas queria dizer-lhe uma coisa, opinião minha. claro. A mim me parece que , por exemplo, um post comemorativo da páscoa num blog como este não faz sentido, o que não quer dizer que eu seja a favor de censurá-lo, vc entende? De modo algum! Apenas quer dizer que é uma manifestação da sua fé e não propõe comentários ou discordâncias, porque as discordâncias sempre esbarrarão no seu sentimento . Mal comparando ( pessimamente comparando aliás): e se eu fosse espírita ? Ou se eu fosse judia ? E se cada alguns de nós tivéssemos religiões diferentes? Seriam posts sobre as datas, as recomendações dos chefes religiosos, os preceitos, etc. E isto não são eleições, que cessam.
Achei precioso o comentário do MCR ao post em questão. Acho pena que RA saia . Mesmo. Ao fim e ao cabo como vcs dizem , em meio a isto tudo veio-me um sorriso , pensei assim: não é à toa que ele escolheu este nick. : )
Esta é uma boa ocasião para discutir-se a questão da liberdade, do direito do outro, etc, etc. Penso que chegamos a uma idade em que não queremos mais ser catequizados, nem pela direita, nem pela esquerda, nem pela religião. Mas temos que saber ouvir.
Liliana, vc está me saindo uma pessoa corajosa.
Carteiro, discordo completamente do seu post sobre o Islã. Não disse lá, mas digo aqui. :)
Compadre, sinto a sua falta no blog.
Delfim, não se zangou comigo,espero. Mas eu precisava dizer. : )
Algumas coisas apenas me fariam sair deste "convívio", nenhuma delas ainda surgiu no blog. Felizmente. Gostaria de preservar este espaço. Para mim ele é importante, pessoas de outras áreas, outro tipo de discussão, e em geral uma grande gentileza comigo e tolerância com os meus poemas . Meus poemas também não serão algo para discussões ( mesmo que eu pense diferente ), mas são talvez um fôlego, penso, nos assuntos do blog, como a música ( desculpem a pretensão) ou certas telas.
Espero que esta questão se esgote e que não restem farpas, ironias. Uma das coisas que gosto no Incursões é que nele até hoje não houve censura, ainda que houvesse crítica.
Meu abraço a todos. Com o pedido de perdão pela minha prolixidade. Escrevi às pressas.

Silvia Chueire

ps: escrevi isto antes de ler a carta do compadre.

josé disse...

Entre crer e não crer, situa-se outra dimensão bem mais real e concreta que o pensamento recôndito e intangível: a acção, a atitude.

Se esta for colocada ao serviço daquela, em modo guerreiro e activista,é inevitável que se gerem dissensões e lutas ideológicas. Por mim, estas pelejas, por escrito preferencialmente, são estimulantes e aceito um harmónio de argumentos e contra-argumentos muito extensível e pragmático.
Mas há sempre o risco de nestas pelejas que se querem harmónicas e musicais ( agradáveis ao ouvido e à leitura)aparecer a nota dissonante ou mesmo o acorde do diabo ( o Delfim sabe o que quero dizer, pela certa).
O truque é passar à frente rapidamente e compor novo acorde musicado em aleggro ou andante, ficando a dissonância perdida na composição geral.
Claro que insistir demasiado na repetição, da capo, do acorde celerado e maldito, gera entropia musical e caos na comunicação.
Para quem tiver jeito e vocação, esta nova forma de arte musicada,à roda de dissonâncias e acordes menores, pode abrir novas perspectivas de discussão e audição.
É essa a vantagem das dissonâncias nos discursos musicais: habituar-nos a ouvir o que nem sempre nos é agradável ao ouvido, mas que existe e deve ser escutado.
Mesmo que a nossa música preferida seja outra...

Muito agradecido ao Rebeldino fico pela prova que acaba de dar em escutar uma dessas dissonâncias, fazendo-o em tom sereno de addagio.
Por mim, que até gosto de experiencias musicais vanguardistas ( com conta, peso e medida) ficou aqui reposta a harmonia.
Cumprimentos.

C.M. disse...

Encontro-me em jeito de balanço...e tudo aquilo que é aqui dito me faz pensar e...crescer como pessoa. Mesmo que fique desgostoso. Ou amargo.

Gostaria de conhecer o Rebeldino. Não para o “puxar” para o meu “redil” – tarefa impossível – mas para, através do contacto directo, poder desfazer uma quezília a qual, diga-se, foi ele próprio que a fêz nascer. Não por ele discordar de certos valores, mas sim pelo facto de ele, de forma intransigente, não aceitar que alguém os defenda ao ponto de abandonar um Blog.

Ora, pergunto eu: se um blog não serve para todos exporem a sua opinião, então para que serve? Para que todos digam: “AMEN”? Então, não vale a pena o trabalho.

Quanto ao Compadre esteves e eu, o Rebeldino não sabe “da missa a metade”. Pois para além do diálogo aqui travado, trocámos correspondência, intimista diria eu, a qual ficará apenas para nós dois.

Estou como o nosso carteiro, na carta que me enviou e a qual foi dada a conhecer a todos vós.

Olhem, vou colocar aqui o mail que acabo de enviar ao Mocho Atento:

Caro "Mocho Atento" não sabia que era um colega de profissão...

Obrigado pelas suas palavras.

Subscrevo também, inteiramente, o teor da carta do nosso colega Coutinho Ribeiro. Tenho pena que deixemos aqui os nossos estados de alma e que depois levemos " um balde de água fria"...

Creio que o colega se quer referir, não ao "post" de Fátima em si mas ao comentário do Rebeldino. Espero que os outros incursionistas compreendam.

Nunca pensei que estaria a "violentar" alguém. Afinal, há tantos crentes! Mas aqui não parece ser o caso. Olhe, tirando nós dois, pelos vistos...O que respeito, obviamente. Mas se eu soubesse que iria ferir susceptibilidades, então realmente não o teria colocado. Mas também não teria ingressado neste blog.

Afinal, ao ser convidado para nele colaborar na qualidade de "contributor" as pessoas já conheciam as minhas posições. Não mudei agora...

O próprio JCP disse que seria engraçado um pouco de heterodoxia...

Mas verifico que não há espaço de manobra para tocar no transcendente. Matéria que daria para belos postais. Tenho pena e sinto-me triste.

Nao é a opinião contrária que provoca escândalo. É a atitude de intransigência, ao ponto de alguém querer sair do blog por causa de opiniões contrárias. O dizer-se que o blog está diferente e que não se pode conter a língua, que poderá haver agressividades, etc. Então, isto é ser tolerante? É ser "democrata"? Estamos conversados!

Gostaria, à semelhança do meu amigo, que alguns magistrados falassem deste tema. Mas são muito reservados...então para que fazem parte de um blog? É melhor conversar à lareira, em surdina, e com a porta de casa bem fechada...


Mas é o vocabulário violento empregue que me desgostou profundamente. Não estamos aqui para nos ofender. Quem não compreender isto, não sei o que lhe faça...


Não sei bem o que vai acontecer. Mas a coisa está à beira do precipício...

Um abraço.

dlmendes

(acho que colocar este mail junto ao último comentário do Rebeldino).