03 fevereiro 2006

Quem vai ao mar avia-se em terra

Informa hoje a Sic Notícias que um qualquer empreendedor pretende construir uma enorme ilha artificial no mar defronte a Vale do Lobo, no Algarve.
Tal empreendimento terá os habituais equipamentos próprios de um resort de luxo, entre eles casino e centenas de apartamentos e estará ligado a terra por um túnel.
Bem se compreende este afã em estender agora ao mar o que já não cabe em terra, sabido que é que este aldeamento turístico, classificado como sendo de 5 estrelas, está há muito sobrelotado por construções (só se distinguindo, nesse particular, da plebeia Quarteira, quase contígua, por ter aquele poucas construções em altura e uma maior envolvente verde) e que já teve uma parte dos seus equipamentos construídos sobre a falésia (v.g. a piscina) em risco de desmoronamento devido ao avanço do mar (apenas evitado com o escoramento da falésia por muro de pedregulhos e betão bem visíveis que praticamente acabou com a praia nesse ponto).

Segundo as mesmas notícias, o projecto irá em breve ser posto a discussão pública. Está-se mesmo a ver que não faltará quem, a nível institucional, deslumbrado com a possibilidade de empochar mais umas massas, nos venha apresentar tal projecto como sendo de salvação nacional, tentando épater os auctónes com tamanha modernidade à la Dubai! É que isto de trazer ao Algarve mais uns milhares de turistas é claramente um projecto estruturante não só para o desenvolvimento da região mas até para a economia nacional e combate ao desemprego. Coisa que compensa bem os evidentes, mesmo para um leigo, impactos ambientais negativos. Dirão eles, claro! “Nós” digamos também o que pensamos, que os tempos estão de melhor feição para a participação cívica!

E como quem vai ao mar avia-se em terra, cá por mim, se insistirem na coisa, proponho que, em compensação da construção da ilha, impludam grande parte dos edifícios existentes na zona em terra, a começar pelos que estão sobre as falésias, passando pelas construções em altura, tais como o Hotel que surge inopinado junto à vizinha praia do Garrão e boa parte de Quarteira!

À discussão pública do projecto, marchar marchar, malta!
E já agora, caso vá por diante a proposta de implosão, que a aprovem antes da pensada demolição da esplêndida moradia dos anos 60 que tenho na marginal e que já nem eu nem ninguém da família frequenta, apesar da belíssima vista e ainda melhores recordações!

2 comentários:

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Essa da ilha artificial será para esconder as plataformas petrolíferas? Sem ofensa para os algarvios de gema...

M.C.R. disse...

Com que então proprietária na primeira linha de praia...