silêncio,
hiato entre mãos carregadas
e o fato inevitável do tempo
a trepar à montanha, à floresta,
ao nosso corpo.
obervamos sem palavras
o movimento geral das coisas
-imperceptível a olhos rápidos-
o amor desperdiçado a morrer
sob os pés na calçada,
que nos dizem
agarrando-nos a face :
- vê !
e ver pode custar uma vida de palavras,
minutos de lucidez mortal
ou o átimo do encontro.
o ano passa
no calendário dos homens,
as palavras se atropelam
na nossa pele,
e ainda assim calamos.
silvia chueire
12 fevereiro 2006
silêncio
Marcadores: Poesia, Sílvia Chueire
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3 comentários:
As palavras geralmente provocam "ruido" e já reparou que a velocidade da luz é muito superior á velocidade do som.
O poeta é uma pessoa da luminosa e isso significa que se coloca à frente das palavras. Precisa, então, das metáforas.
A metáfora diz mais que todas as palavras possíveis, pois abre espaço ao "não-dizivel".
O poeta precisa das metáforas, porque precisa de estar á frente do "barulho" que elas produzem para estar num silêncio que antecipa todas as palavras.
É assim que percebo o seu poema
Um abraço, querida poeta.
Bem, isto aqui no BLOG está deste modo: não temos um poeta, temos dois...
Abraços para ambos...
Interessante, compadre, a sua percepção do poema. Obrigada pelas suas palavras.
Delfim,~
Você vê? O compadre volta e meia nos surpreende.
Obrigada.
Abraços,
Silvia
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