Registo 1.
Na Carta Apostólica “Mulieris Dignitatem", de João Paulo II (15.8.1988) reflecte-se sobre a "dignidade e a vocação da mulher, a igualdade e a comum dignidade do homem e da mulher, as respectivas diferenças complementares (…) quer no seu ser pessoal quer na comunhão de vida conjugal e familiar (…). O relacionamento de Jesus com as mulheres do Evangelho, e a figura de Maria, a mais perfeita criatura saída das mãos de Deus, ajudam a admirar o “génio feminino” a que tanto deve a Sociedade (e a Igreja)".
“A mulher (escreveu João Paulo II) é um outro “eu” na comum humanidade. Desde o início, [o homem e a mulher] aparecem como “unidade dos dois”, e isto significa a superação da solidão originária (…). Certamente se trata da companheira da vida (…) tornando-se com ela “uma só carne (…).
Registo 2
Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.
Com a celebração deste dia, pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher, o seu valor como pessoa, e não um mero objecto de prazer ou escravidão, qualquer que esta seja. E perceber o seu papel na sociedade.
Sem a Mulher, não existiria a inspiração necessária para um pequenino poema ( grande na ternura) como este:
"deixo
sempre um segundo
de amor
todas as noites
na tua mesinha
de cabeceira"
(Miguel Barbosa, in Cerejas – Poemas de Amor de Autores Portugueses Contemporâneos, Editorial Tágide).
4 comentários:
Caros amigos, como viram, procurei não vos maçar com certas citações que, porventura, nada vos diriam. Apenas um registo que considero de grande beleza e de grande apreço pelas mulheres.
Espero que gostem.
Como mulher agradeço-lhe a beleza dos textos que escolheu.
Gostaria de dizer que gosto do dia da mulher apenas por duas razões. A primeira, porque não deixa esquecer uma luta que infelizmente ainda é, de diversas maneiras, a luta de muitas. A segunda, porque é sempre um pretexto para receber flores. Apesar de as preferir ver no jardim, recebe-las é sempre um momento bom.
Quanto ao mais, não gosto que tratem as mulheres de uma forma separada. São as mulheres, os deficientes, os idosos, …. Não gosto de colocar as pessoas em categorias que as transforma num pacote estatístico. Somos todos diferentes e únicos.
A propósito, um poema de Fernando Pessoa que retrata com beleza o que eu sustento:
Como é por dentro outra pessoa
Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Como que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
Sinceramente, plenamente de acordo. Com efeito, catalogar alguém pelo género pela deficiência ou pela idade é mau, muito mau.
Prefiro ver esta data em concreto apenas pela poesia que pode acontecer num gesto que refere, qual seja, o de oferecer umas lindas flores, e fazer do dia em causa um motivo de acrescida ternura.
Por outro lado, importa não obliterar a Memória, evitar o esquecimento de actos atrozes que aconteceram no passado.
A História é algo que nos pode ensinar a não repetir, nos dias de hoje, os erros cometidos no passado.
dlmendes/ c-m
E eu a pensar que era o primeiro a lembrar-me da data...
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