03 março 2006

Espanhas

Discutiu-se por aqui as comparações entre Portugal e Espanha e as qualidades de portugueses e espanhóis, seja lá isso o que for. Já referi noutros escritos que gosto de bastante de Espanha e de por lá cirandar. Não sou, por isso, dos que esperam apenas maus ventos e maus casamentos do lado de lá da fronteira.

Gosto de todas as Espanhas, no continente e nas ilhas (pelo menos naquelas que conheço…). Gosto do “ar”, da gastronomia, dos vinhos, dos puros (a bom preço) e de toda aquela fiesta permanente. Gosto dos seus monumentos, dos seus museus, das suas praias. Das cidades fantásticas, da movida e dos réveillons passados em Madrid e A Coruña (aqui na companhia do carteiro).

É certo que a primeira vez que fui a Bilbo fui recebido de metralhadoras à entrada da cidade, com direito a revista geral do veículo, mas também isso dá um salero especial. Gosto particularmente das enormes diferenças que se sentem de região para região, que nos fazem perceber que aquele é um estado com várias nações. E apesar de algumas diferenças de andamento (Estremadura e Catalunya estão tão distantes), é minha convicção que esta competitividade interna contribuiu muito para o desenvolvimento do país como um todo.

ps: não foi devido a uma qualquer gralha indiscreta que surgem escritos os nomes de cidades e regiões espanholas na língua local.

2 comentários:

M.C.R. disse...

Muito autonomista, muito línguas regionais, muito politicamente correcto. afora isso sou da mesma opinião. sinto-me profundamente ibérico e ao longo de uma vida em que por várias semanas ou mesas estive em grupos internacionais verifiquei que era com os espanhóis (todos os espanhois) que sentia afinidade grupal, de gostos, de modos de estar na vida etc... Isto dito por um cavalheiro que gostaria de viver em Paris, é alucinado pela Itália e e sempre se sentiu bem na alemanha, deve querer dizer alguma coisa...
Os leitores terão notado a minha insistência em "espanhóis" sem autonomias que as mais das vezes senão todas não têm a mínima consistência histórica. Caso da Catalunha que em boa parte pertenceu ao reino de Aragão, caso de Bilbau que nunca foi capital de coisa alguma e muito menos de um Estado, caso da Galiza que teve um efémero reino durante menos de vinte anos no seculo XII. Das restantes "autonomias" nem falo tão patente é a sua artificialidade. A menos que se queira ressuscitar o defunto reino de Leão (que não é autonomia...!!!) ou as taifas post-califais. quanto á entidade Andaluzia então é um molho de brócolos: parte dela foi rapidamente cristã e castelhana, enquanto que Granada só passou a ser espanhola no seculo XV.

M.C.R. disse...

Como V sabe, ainda há pouco tempo os basco-falantes eram menos de 5% . Agora parece que já são quase 15%. Que eu saiba durante séculos foram espanhóis e dos mais acérrimos: desde o fundador da Opus até a uns santinhos muito devotos. A banca espanhola é basca e a população do país basco tem práticamente metade de "metecos" (como eles dizem) para já não falar nos mais de 15.ooo expatriados bascos que tiveram de sair de lá por ameaças (Savater, por exemplo).
E nem sequer vou referir essa imensa coorte de políticos de lá saídos que governaram a Espanha. Nenhum foi tão conhecido como Franco, o galego? Paciência, não e sempre que se pode matar umas centenas de milhares de compatriotas. A ETA ainda nem sequer chegou (falta pouco, todavia) ao primeiro milhar...