28 abril 2006

Ainda acerca da Literatura em Viagem...e do nosso Marcelo...

Com a devida vénia a Eduardo Prado Coelho, aqui transcrevo parte do seu artigo, inserido na edição de 4ª feira, 26 de Abril, do Jornal "Público", no qual se dá conta do evento aqui já relatado no "Incursões", intitulado "Literatura em Viagem", uma iniciativa da Câmara de Matosinhos.
Eis o texto:
Uma política cultural:
Eduardo Prado Coelho o fio do horizonte

Regresso de Matosinhos. Como tinha anunciado, haviam programado um encontro de escritores sobre o tema Literatura em viagem. Programador: Francisco Guedes (apoiado pela Paula Guedes). E devo dizer que os convites dirigidos às várias personalidades foram extremamente bem calculados: desde Siza Vieira (e do público que sempre o acompanha neste tipo de eventos) a falar sobre "se as viagens formam a juventude" até (e refiro apenas os últimos dias) Fernando António Almeida a falar da sua experiência pessoal de leitor da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, Ramiro Fonte, que, com a sua erudição e sensibilidade, ilustrou o seu tema da mais sugestiva maneira. Ou, num último debate, coordenado por Marcelo Correia Ribeiro, sobre o tema: Porque é que os homens se movem em vez de ficarem quietos num lugar?, onde tivemos a presença aliciante de Mia Couto, que misturou as suas experiências da terra e da biologia com a sua vocação para trabalhar o português até ao mais puro lirismo, a intervenção, extraordinária de inteligência e capacidade de relacionação, de Alexandre Quintanilha, ou, num registo inteiramente diverso, ou a capacidade efabulatória de Ondjaki (dois moçambicanos e um angolano).Esta foi a arte de Francisco Guedes: misturar pessoas de áreas muito diversas e pô-las perante certos temas que todas de certo modo partilham. Mas nada disto teria sido possível sem a colaboração estreita com a Câmara Municipal de Matosinhos (...).

4 comentários:

C.M. disse...

Afinal, vou-me deitar bem tarde...

M.C.R. disse...

ALTO E PÁRA O BAILE

O "vosso" Marcelo não merece honras de destaque. Mesmo que isso lhe possa eventualmente afagar o ego!
O "vosso" Marcelo foi tão só o maquinista do comboio onde viajaram o Mia, o Quintanilha e o Ondjaki.
Eu bem vos dizia, antes, que tinha uma "tripulação de luxo". Mas era a tripulação que era assim. Não o cavalheiro que lhes foi dando a palavra.
Há para quem frequente mesas de jogo de cartas seja uma proletária sueca (que tem os seus quês...) ou um admirável bridge, uma frase que define quem está só a ver:
Quem está de fora racha lenha.
Os espanhois dizem que este mirone deve estar calado e ir por tabaco.

O Eduardo é um velho conhecido; a gente encontrou-se nessa luminosa e distante Figueira dos anos 70 (do século passado: ai adorei esta, andava há que tempos a ver se a metia, vai mesmo aqui) por causa de um festival de cinema que lá se fazia. Vai daí ficámos amigos e assim continuamos.
Foi pura amabilidade dele destacar-me mas que a essa amabilidade não se junte a trombeta da fama. E olhem que eu não pratico a modéstia ainda que, honra me seja, também não abuse do contrário.
O "irmão" Delfim das cinco Chagas é que, movido por um inmenso ímpeto cristão, ou por alguma negra ideia de me converter, é que está a preparar-me uma hagiografia. Não digo que ele me queira converter em santo de altar (Já há 18 Marcelos no calendário cristão) mas que ele me quer beatificar ai disso começam a restar poucas dúvidas.
Ora fará o favor de me retirar dessa lista.
À uma porque o caminho da santidade é dificil e traiçoeiro e pode mesmo exigir um martírio. Credo!, nesta idade já não me dá jeito nenhum ser flagelado, esquartejado, crivado de setas enfim martirizado.
Poupe-me as carnes já durázias, Delfim!
Depois porque, mesmo sem estes excessos temíveis, alguma coisa eu deveria ter de fazer: comer menos, idem quanto a livros, pelo menos os mais sulfurosos, não dizer mal do próximo (ainda que nesse capítulo eu seja mais do género inocente) não ceder à luxúria ( a verdade é que o corpo já não é o que era mas a cabecinha, santo Deus, a cabecinha fervilha de huris, de concubinas, de favoritas, de bailarinas do ventre, de ninfas, de estrelas de Holliwood e arredores, enfim à simples lembrança do odore di femina há um frémito que me percorre. Ora, Delfim, um cavalheiro deste jaez que só tem a seu favor esta exígua sinceridade, não merece peanha de mau pinho nem menção com tanto carinho.

E agora uma notícia: apareceu (em e-mail) a leitora bonita. Ou ela me responde ao meu e-mail ou pespego com a sua excelente prosa no blogue. Leitorinha: a direcção, menina, para lhe mandar a prometida plaquete.

C.M. disse...

Ai que grande "maquinista"!

Pois da parte da tarde, após as agruras da manhã, visito o Incursões e deparo com este comentário do nosso MCR. Pois bem: Santos da qualidade dele, provavelmente que remédio terá São Pedro de os receber um dia! Na verdade, o importante é ser boa pessoa, independentemente de credos professados. Se passarmos por esta vida fazendo o Bem, estaremos a fazer a vontade do Pai do Céu. E isso é que conta!

(Até parece que já estou perorando no meu seminário franciscano...).


Do vosso "irmão das cinco chagas" Delfim.

josé disse...

Festivais de cinema, na Figueira?

A esses filmes, eu "via-os" pela rádio, nas crónicas de excelência modulada de José Vaz Pereira que também as debitava com garbo no Expresso. Mas na rádio, era outra coisa! Acredito que alguns dos filmes não valiam as crónicas...

Quanto ao tal Eduardo, desejo-lhe sinceramente as melhoras, algo contrito por ter desancado demais no que escreveu, apodando-o por causa da verve.
Este país é uma paróquia!