19 abril 2006

Que diabo!

"Jandre Botha, de quatro anos, desobedeceu à ordem de chamar "papá" à amante lésbica da mãe. Esta, Engeline de Nysschen, de 33 anos, atacou vigorosamente a criança enquanto a obrigava a chamar-lhe "papá". Jandre acabou por morrer das lesões causadas por essa agressão, algo que o traumatologista Mohammed Dada referiu serem idênticas às de uma pessoa que tivesse caído de um segundo andar". No sul-africano The Star.

17 comentários:

M.C.R. disse...

Oh que notícia tão politicamente incorrecta!!!
então ninguém mais diz nada?

C.M. disse...

Aceito o repto, caro Marcelo.

Que dizer?

Se se diz a verdade, a nossa verdade, é-se acusado de reaccionário...

Ainda ontem à noite deparei com uma reportagem na TV2 acerca de eventos relacionados com o ano de 1975; vi, numa manifestação, em recinto fechado (pareceu-me o Coliseu de Lisboa) esta edificante frase num grande pano:

SE NÃO ÉS A FAVOR DO DIVÓRCIO, ÉS FASCISTA!

Perante argumentos destes, não há...argumentos!


A aprovação de casamentos homossexuais por essa Europa, e a recente aprovação dos mesmos na Espanha, configuram uma verdadeira agressão cultural ao conceito de Matrimónio. Em Espanha, foi (caricatamente) apresentada como se fosse um avanço e uma conquista da humanidade!

Crei que temos de lutar pela defesa da verdade da natureza humana!

E não embarcar no "politicamente correcto"!

o sibilo da serpente disse...

Há alguma semanas atrás, num bar de praia em Matosinhos, uma senhora divorciada que estava com uma cliente divorcianda, quis demonstrar que eu sou um bota-de-elástico e fez a seguinte afirmação: "Ele é contra o divórcio!".
Não me dei ao trabalho de refutar. Eu sei o que penso sobre o assunto, a senhora em questão sabe o que eu penso sobre o assunto e a divorcianda em causa não ganhava nada em saber o que eu penso sobre o assunto. Preferi explicar-lhe as vantagens de saber gerir o assunto com a filha que tem.
O que não expliquei então, explico agora: eu não sou contra o divórcio. Pelo contrário. Eu sou é contra a facilidade com que as pessoas se divorciam, mesmo quando, católicas, exprimiram o que exprimiram quando se casaram na igreja.
Sou contra a facilidade com que as pessoas pensam mais nelas próprias do que naquilo que prometeram, seja qual o preço que os outros têm a pagar por isso. E quando falo nos outros, falo sobretudo nos filhos que têm e que não têm culpa.
Sou divorciado. Custou-me muito divorciar-me, ainda que hoje esteja certo de que foi um bom passo. Mas nem por isso deixei de ir à igreja, no dia da minha segunda conferência de divórcio, pedir desculpa a Deus por não ter sido um bom católico.
Para a outra parte, certamente que o sentimento é o mesmo - terá sido um bom passo, rentável até. Mas há uma diferença: não sentiu, seguramente, o que eu senti, muito menos a necessidade de pedir desculpa a Quem enganámos.
Todos podem aceitar o divórcio como uma coisa corrente - demasido corrente - nos tempos de hoje. Tanto quanto me parece, esse é o destino provável - o mais provável - de quem casa nos tempos de hoje. Só que uns reconhecem e sofrem com o não cumprimento dos seus votos. Outros, nada disso...

o sibilo da serpente disse...

Sobre a not´cia em questão: achi por bem colocá-la aqui, porque nos útlimos tempos há quem queira convencer-nos de que os casamentos homossexuais, as adopções por homossexuais são o melhor que há. Como em tudo na vida, esta notícia desmente que o mundo seja a preto e branco...

C.M. disse...

Acabei umas linhas para um trabalho de amanhã.
Dou uma “espreitadela” ao Incursões. Vejo o comentário do CR.

Vou-me agora deitar (excepcionalmente cedo, mas ando "estoirado"), feliz com esta nota do nosso Carteiro!

Totalmente de acordo! Um comentário extraordinariamente intimista, humanista, verdadeiro e cheio de amor. Cheio de pesar também…

Amigo Coutinho Ribeiro: a minha TOTAL SOLIDARIEDADE!!!

M.C.R. disse...

eu nada tenho contra as ligações homossexuais. mais: acho que tais ligações devem ser juridicamente protegidas como o é por exemplo a a pessoa que coabitou durante anos com alguém entretanto falecido. Efectivamente penso que se gerou uma economia doméstica fortalecida pelo passar dos anos e que portanto havia nesse casal uma clara intenção de dividir despesas e lucros e de proteger o outro. Parece que, para certo número de homossexuais, hoje em dia isso tem de ser sancionado por um "casamento", com flor de laranjeira, vestido branco e fraque. Pessoalmente acho ridiculo. As relações de tipo novo precisam de instituições de tipo novo. Já estou, porém, a ver um(a) pateta insidios(o)a a apomtar-me o dedo e achamar-me homofóbico. Chiça que isto é difícil! A historieta contada acima não atinge o universo homosssexual mas apenas uma lésbica imbecil. tenho a certeza que haverá milhares de outros homossexuais que se não reverão quer na atitude final quer na idiotice de querer ser "papá" de uma criança que não é do seu sangue. todavia há que punir exemplarmente este caso por duas razões : pela morte da criança e pela burrice absoluta. A burrice é também crime, raios!

Tenho dois divórcios no "cadastro". Não estou orgulhoso deles. Mas não me envergonho. Foram longamente pensados e responderam a situações de impossibilidade absoluta de vida em comum. Pessoalmente sou (e já era) a favor de uniões livres e responsáveis. todavia no tempo dos dois casamentos havia pressões sociais, familiares que impunham fortemente o casamento. E o meu argumento da união livre pressupunha que eu pouca importancia dava ao acto formal. Isso virou-se contra mim: se para mim tanto dava então, dizia a outra parte, porque não fazer-lhe a vontade. Ora aqui está um efeito pernicioso da tolerância. Vivo com uma mulher há uns largos anos, gosto dela, e quero morrer na cama dela. Casar, nunca mais.

M.C.R. disse...

Meu caro DLM

Eu percebo a sua surpresa ao ver num documentário sobre o ano de 75 esse cartaz que relaciona fascismo e anti divórcio. Não compartilho porém a sua indignação porque ela está, no caso, deslocada.
De facto o 25 de abril veio encontrar uma situação angustiante no capítulo dos casamentos falhados. Como sabe o estado (LAICO) reconhecia a indissolubilidade do casamento católico. A indissolubilidade civil. Ou, por outras e duras palavras, havia uma "charia" cristã, católica, apostólica, romana e lusitana que impedia o divórcio de duas pessoas casadas pela igreja após 1941 (concordata).
V. vai dar um salto (aliás: já deu) com a palvra charia. Todavia reserve as forças porque charia é tão só o conceito de direito canónico muçulmano aplicado á sociedade civil. Exactamente como esta coisinha do divórcio para os casados catolicamente. O Estado metia-se com o foro intimo das pessoas e condenava-as. E note-se que até a Igreja reconhece, em contados casos, a dissolução do casamento. Sobretudo a quem tiver dinheiro para ir até à Sagrada Rota.
Ora a sociedade portuguesa dos anos setenta estava em profunda transformação. Por um lado sopravam ventos turisticos fortes que abalavam estruturas arcaicas muito nossas. Depois havia o enorme peso de um milhão de emigrantes em países de divórcio que já não compreendiam o estado da lei em Portugal. Finalmente a guerra colonial de 13 anos abalara as estruturas nacionais multiplicando os casos de separação de casais desfeitos pelas agruras da separação. Contas feitas, havia, só nas grandes cidades, mais de cem mil casais separados.
E a luta pelo divórcio começou aí. Pelas pessoas que queriam refazer a vida, dar nome aos filhos, andar de cara descoberta na rua sem ninguém que lhes apontasse o dedo: amante, manceba, filho de ninguém!
Ora uma parte da sociedade achava mal o divórcio. Notabilizou-se nisso, e de que maneira, uma Igreja crescida à sombra do poder político do Estado Novo. É que foi o Estado Novo que instituiu essa lei celerada. Foi também o Estado Novo que acabou com o divórcio por mútuo consentimento.
Contra factos, caríssimo DLM, não há argumentos. Em 1975 ser contra o divórcio de pessoas casadas religiosamente (melhor: catolicamente) era de facto ser fascista, no sentido lato (bastante lato) do termo. Tanto mais que os casados evangelicamente podiam divorciar-se. O que prova que o casamento indissoluvel nem sequer é, ou era, maioritario nas confissões cristãs.
Que um católico "in immo pectore" seja contra o divórcio (seu, dele) perfeito. É com ele. Mas que venha requerer a César o que é de Deus, NÂO!
E aliás, sem querer fazer uma discussão teológica, V. sabe perfeitamente que a indissolubilidade do casamento é, na história da Igreja, algo de tardio.
E nem podia deixar de ser assim. O casamento na civilização ocidental de tradição grega e romana (ou judaica também, se quiser) não era indissolúvel. Então em Roma era um ver de te avias. Como sabe havia 3 formas de casamento desde a mais formal até à simples resolução de vida em comum mas todas admitiam -mesmo juridicamente - o desfazer dos nós do casamento. E a família, como sabe, era alargadíssima, sobretudo entre as elites, graças à adopção política.
E fico-me por aqui. Afnal deveria ter escrito um postal sobre isto.
Um abraço

PS acabo de ler o Pacheco Pereira. Parece que ele acha mal esta mistura de comentário com chat. conviria lembra-lhe que a internet hoje não é a de há cinco ou dez anos, em que ele, alias louvavelmente foi pioneiro.

Kamikaze (L.P.) disse...

Excelentes comentarios, MCR!

E viva o chat no Incursoes!:)

PS. caro, tem estado dificil para mim sair do "mundo das sombras"... :)

C.M. disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
C.M. disse...

Enganei-me algures no meu texto ( é a pressa) e tive o apagar. Aqui vai ele, de novo (com as minhas saudações para a Kami):

A existência cristã é um combate sem trégua. Neste combate,
entra a defesa no sentido de que o Matrimonio se mantenha como uma Instituição que celebra e consagra a união entre um homem e uma mulher.

Este é a base da família e esta, por sua vez, é a base da sociedade. Por isso, o casamento é uma relação pessoal com um enorme significado público que não pode ser adulterada e vilipendiada.

Trata-se de uma união fiel, exclusiva e (idealmente) para toda a vida entre um homem e uma mulher que estão juntos numa íntima comunidade de vida e amor.

As uniões de pessoas do mesmo sexo carecem da complementaridade natural e da capacidade para gerar a vida, óbviamente.

Se se quer proteger as uniões de facto, já existem duas leis (duas!) da época Guterres, que dão guarida às pretensões de que fala o meu amigo: a protecção daqueles que, nunca tendo casado, vivem juntos uma vida inteira e que, em caso de morte de um deles, não teriam direito a nada, nem à casa de família...e devido à ambiguidade dessas leis, podem estar contempladas e assim protegidas as uniões que poderão ser entre pessoas de sexo diferente. Mas cito de cor, e não tenho aqui à mão essa legislação. Mas poderei precisar, mais tarde, quais são as leis e o seu âmbito preciso. Olhe, num postalinho...

Ora, havendo estas duas leis, avançadas direi eu, e que até foram promulgadas por um Primeiro Ministro Católico, mesmo assim o denominado “lobby gay” (vão-me cair em cima, mas paciência, daqui não arredo pé...) não está satisfeito.

O que se pretende, na verdade, é achincalhar a “Instituição Casamento” enquanto tal. Para isso, nada melhor do que fazer uma pantomina em que dois homens ou duas mulheres fazem os (ridículos) papeis de macho e fêmea...e tentam mimetizar os papéis de “papá e mamã” com as funestas consequências, a nível do desenvolvimento psíquico, das infelizes crianças que poderão ser adoptadas por essa gente que faz gáudio desses comportamentos desviantes.


Diz o meu amigo Marcelo que o casamento na civilização de tradição judaica não era indissolúvel. A este propósito, poderia dizer que devido ao coração cruel e rude do Homem, inicialmente Deus permitiu que o homem pudesse repudiar a sua esposa. Com a vinda de Jesus Cristo, Este considerou essa união indissolúvel...

Mas, é claro, tudo isto só faz sentido para o crente.

De qualquer modo, creio que as gerações actuais devem pensar muito bem quais os ritos e a cerimónia que desejam para a oficialização da respectiva união.

Apenas deverão casar pela Igreja Católica aqueles que a esta são fiéis. Daí, concedo, a importância da liberdade de formalizar o casamento, civil ou religioso.

Ainda percebo menos o desejo de certas pessoas que, rejeitando a Fé e todos os Dogmas da Igreja, pretendem contrair “casamento” utilizando a “Instituição Casamento” para formalizar a dita união.

Pretendem que recaia sobre si todas as consequências legais inerentes a uma Instituição, rejeitando, contudo, que esta seja indissolúvel.

Quanto à tragédia de 1975, pois na verdade creio que é terrível quando um projecto de vida termina por qualquer razão. E não se poder legalizar uma nova união face à legislação vigente... Deus me livre de uma situação dessas!

Mas compreendo o drama.

Estas linhas foram escritas à pressa, à hora do almoço. Este tema bem merecia um melhor tratamento e mais rigoroso. Gostaria de fazer um postalinho acerca dele. Com melhor oportunidade...

M.C.R. disse...

Caro Delfim
Nada tenho como sabe contra as convicções profundas de um católico. São dele e ponto. Quer viver segundo a sua lei? Muito bem, desde que a não imponha aos demais. E que os demais não lhe imponham uma qualquer abjuração ou apostasia.
Todavia permita-me lembrar-lhe que não foi Cristo quem tornou o casamento na instituição que é hoje. Foi um concílio, séculos depois. dir-me-á que nos evangelhos sinópticos e em S Paulo já aparece um casamento para indissolúvel. É verdade mas também se admite o contrário. de resto o cristianismo de Jesus é contemporãneo de alguma poligamia judaica que durou até finais do seculo I. e relembremos Abraão e Agar...
Nada disto, claro, obsta, á visão católica romana actual. E o contrário, a admissibilidade do divórcio, está claramente previsto nas igrejas reformadas. que também são cristãs e reconhecidas como tal pelo Papa e pelos últimos concílios.
Outro ponto é o da definição de casamento como tendo obrigatoriamente como contraentes um homem e uma mulher. sou forçado a aceitar essa definição tanto mais quer tem com ela milhares e milhaes de anos de história. E não me digam que isso se deve á invisibilidade dos homossexuais. Não é verdade! Na Grécia clássica a homossexualidade era motivo de troça mas não de grandes condenações. E todavia mesmo que dois homens ou duas mulheres se jurassem fidelidade absoluta isso não os fazia dar o fatal passo matrimonial. eu sei que isto não é politicamente correcto mas como não aturo papas nem polícias posso muito bem não aturar o movimento gay e as suas numerosas seitas. Era o que faltava!

M.C.R. disse...

Muita gralha, muita gralha. E letra pequena no inicio dos parágrafos. Desculpem lá. Eu prometo melhorar-me.
Kami: obrigadinhos!

C.M. disse...

Caro Nicodemus, peço desculpa mas o MCR está comigo no que diz respeito a estar CONTRA OS CASAMENTOS GAY...parece-me que não estou sozinho, aqui neste blog, quanto a este ponto.

o sibilo da serpente disse...

Esclareço: eu também sou contra os casamentos gay. Defendo a máxima liberdade para que vivam juntos, para que possam apresentar declarações de IRS juntos, que posaam herdar um dos outros. mas casamento, caramba, isso não! Não me peçam explicações que talvez não saiba dá-las, mas isso não. E quanto a adopções, absolutamente contra.

C.M. disse...

Em tempo:

Gostaria ainda de ficar convencido, que nesta roda de amigos, não se ignora a tentativa que existe acerca de um verdadeiro processo ideológico de desconstrução da família. Com que fins? Vou deixar a pergunta no ar. Que cada um pense por si...

o sibilo da serpente disse...

Domingo de Páscoa. Cheguei à aldeola, ao fim da tarde, estacionei em frente ao café que frequento quando lá vou e onde encontro os meus amigos, com o meu filho que estava a jogar play station e não quis sair do carro, e deparei-me com o primeiro cenário:
Uma amiga minha (que também é da aldeola e vive no Porto), recém-divorciada, com os dois filhos muito jovens, saía do´mesmo café e entrava para o carro dela, ao lado do meu, visivelmente nervosa. Explicou-me que ia embora porque tinha ido tomar café e tinha deparado com o recém ex-marido com a sua namorada. Tentei dar duas a abater, já indisposto e sem saber se entrava ou não no café. Disse-me que ia a casa de amigos comuns, mas estava preocupada porque ele também poderia aparecer lá. Com a namorada, claro. Houve mais: o filho mais velho, informou-me que o pai estava no café com a namorada e estava preocupado porque a mãe não da gostava da X (nome suposto, percebem?), e eu, sem saber o que dizer, lá fui adiantando que as pessoas não têm de gostar todas umas das outras e, bem, blá, blá...
Entrei no café. Segundo cenário:
O ex-marido recente (que também vive no Porto e também é daquela aldeola), com a namorada, amantíssima, ambos muitos beijoqueiros, e eu sentei-me ali. Falámos do tempo e de outras coisas tão importantes como o tempo. Ah, e falámos dos foguetes e de futebol.
Chegou outro amigo nosso (nosso aqui também), com a família (normal, esta), charuto ostensivo e, logo a seguir, a cunhada deste meu amigo com os filhos (minha cliente, por sinal, no divórcio e correlacionados), com o namorado, também ele recente, com quem não cheguei a falar por causa dos foguetes e do futebol.
E eu ali. O meu filho no carro. Os meus pais e o meu irmão à espera que eu chegasse.
E eu mortinho por ir embora. E fui embora. E na noite seguinte, o amigo do charuto telefonou-me por causa de uma coisa que achava que era importante e eu desviei a conversa para o cenário desta Páscoa na aldeola e ele, com razão, dizia-me que a vida é assim e eu, pois, talvez a vida seja assim...

C.M. disse...

Caro CR, que cena, hem? pois, a vida está cada vez mais complicada...

( "topei" bem quem é esse cavalheiro de charuto...).