27 maio 2006

Farmácia de serviço nº 22

Para arejar o subsídio de férias

Como as leitoras terão reparado, o ministro Correia de Campos, acabou com o monopólio das farmácias. Agora quem quiser estabelece-se e depois logo se vê: quem tiver unhas toca viola.
Nessa perspectiva, entende este vosso criado que se tem de apressar a trazer mercadoria nova, atraente e baratinha para não perder a freguesia, que isto agora vai fiar muito fino.
Ora então tomem lá esta: Bach! O musico claro, e destes, pois eles são vários, o mais importante, ou seja, o senhor Johann Sebastian Bach. Em português dá João Sebastião Ribeiro, ou seja um primo meu e do nosso caríssimo Carteiro, que somos os únicos neste blogue a ter o aquático nome. Aquático e modesto: bem podíamos assinar Rio, mas não, ficamo-nos pelo mimoso ribeiro, correntinha refrescante, amável, que serve a sede de cada um e ainda dá uma pinga para os campos continuarem verdes.
Bom, voltemos às nossas encomendas: o Senhor (com letra grande e reverente) J. S. Bach deixou uma obra imensa a que poucos chegam, questão de morabitinos, é claro. É preciso muita guita para comprar aquilo tudo, as variações e fugas, as missas, as cantatas os concertos enfim coisa para encher no mínimo cento e setenta cd. Disse 170! E depois ainda é preciso espaço para guardar orgulhoso os discos. Contas feitas aquilo pode encher dois metros e meio por via das caixas, dos libretos, etc...
Perante este caro e desanimador panorama, a maior parte dos amadores de música, fica-se pelas variações, um par de cantatas, outro tantos oratórios e já está. E com uma surda inveja do fulano que tem tudo, em várias versões, as “goldberg” pelo louco inspirado do Gould e outros mimos.
Ora bem, este boticário, Ribeiro de seu nome (como o Carteiro, repete-se) tem a honra de anunciar o vero milagre da multiplicação dos discos a preço de saldo. A conhecida editora “Brilliant Classics” acaba de editar a “Bach Edition” todo o JSB em 170 discos dentro de uma caixa, com um cd ao lado onde se dá notícia de todos os músicos, orquestras instrumentos etc. O preço? Ah, ah, ah, vão ter que descer de linha para o saber: 90 €. Noventa euros! 18 brasas das antigas.
Mas querem mais? Segundo noticia o suplemento cultural do ABC donde respigo esta novidade, a Brilliant foi-se às melhores e mais modernas interpretações, com instrumentos de época e tudo. O baixo preço não implica menor qualidade, nada disso. Bom e barato.
E agora vocês, sempre mauzinhos, vão dizer que foram à FNAC e nada. Também eu! Mas não se preocupem. A Bach Edition está de facto a sair mas a comercialização a sério demora uns dias, eventualmente umas semanas. Entretanto, “ojo!” como dizem os manos espanhóis.
A feira do livro anda por aí: aquilo é normalmente um circo, cheio de monos, mas nunca é demais dar uma volta à cata de uma pérola. E pérolas há, valha-nos Santa Restituta, virgem e mártir que hoje se festeja (o Delfim morde-se todo por eu saber estas minúcias...). Quem se sentir com coragem para alguns clássicos tem ao seu alcance o “Satiricon” de Petrónio, a “Arte de Amar” de Ovídio e o “Paraíso Perdido” de Milton. Aquilo são coisas onde custa meter o dente. Mas em metendo, as coisas depois vão de carreirinha, e a gente diz que afinal aquela malta escrevia bem.
Volta e meia, meto aqui, um cheirinho de Brecht. Ora bem: a editora cotovia (passaroco simpático!) anda a pôr no mercado uma integral de Brecht ou pelo menos do seu teatro: já saíram três volumes. Leitura apetitosa e pecaminosa! Em tempos também apareceu um romance do mesmo Bertolt:”Os negócios do senhor Julio César” numa bela edição da Europa América. Noutro dia pareceu-me vê-la na montra de um alfarrabista. Se a virem, agarrem-na que vale a pena.
Finalmente, os amadores da grande poesia alemã, de Schiller a Rilke, de Goethe a Hölderlin, têm ao seu dispor os volumes intermédios das “Obras de Paulo Quintela” editados pela Gulbenkian. Desconheço se a fundação vai à feira mas se for, já sabem.
Por último e para quem por isto se interessa: aos domingos pelas 19.30 ou pouco depois, a televisão espanhola (canal internacional, visível na tv cabo) dá um programa documental e de discussão sobre a guerra civil espanhola (el laberinto español). Absolutamente fundamental. E às terças a RAI (para quem tem a power box da netcabo) dá pela mesma hora as aventuras do comissário Montalbano, herói das histórias policiais de Camilleri, de quem esta botica já disse todo o bem possível. Em Portugal este autor está editado na Difel.

a frase do dia (30 graus á sombra) pertence a Eça esse autor genial: "está de derreter os untos!"

1 comentário:

C.M. disse...

mordo-me, pois...ahahah...