27 maio 2006

Os meus silêncios

Estava para escrever sobre isto, mas desisti. Talvez porque tenha alma de escravo.

16 comentários:

C.M. disse...

Caro Amigo: em conversa com (...) também me lembrei de fazer um "postal" acerca "disto". Mas concordo consigo...

o sibilo da serpente disse...

Sabe, Delfim, eu começo a ficar cansado. Há pessoas que estão tão formatadas pelas minutas, pelo copy paste, pela facilidade dos caminhos, pela naturalidade das coisas serem assim, pelas cumplicidades que não são apenas o cimento da amizade, que não percebem muito mais do que o mundo que criaram. Devem ser eles que estão certos. Eu sou o tipo que está errado, o que tenta perscutar, o que fala mesmo quando sabe que se trama. Muitas vezes, uso um tom duro, o tom que acho que é o adequado para que me percebam, mesmo quando sei que isso só me traz inimizades. Paciência. Já não vou mudar. (Que silêncio anda no INC!)

C.M. disse...

Meu Amigo, afinal, a livre expressão é um mito...e andaram a "lutar" por ela...

o sibilo da serpente disse...

Caro Delfim: Vc é um homem com coragem, porque defende coisas que a mais ninguém lembra, mesmo quando elas possam estar certas. Eu discordo de muitas, como, por exemplo,o MCR discorda, mas por aí vamos, dizemos que não concordamos, mais ele do que eu, porque eu prefiro ficar a lê-los, com os vosso latinismos. Mas não se espante se um destes dias, Vc for arguido porque defende o que defende. E eu arguido por causa do raio da alma peregrina :-)

C.M. disse...

Bem, parece-me que já tenho Advogado...olá se tenho!

o sibilo da serpente disse...

Escolha um advogado melhor. Eu prefiro ser testemunha. Com alma :-)

C.M. disse...

Na verdade, V. meu Amigo, tem uma Alma imensa! Isso já eu tinha constatado...V. e o MCR são Almas de eleição...cada um a seu modo...

o sibilo da serpente disse...

Sabe, Delfim, nas últimas duas semanas, tive de lidar com (já nem sei quantas) providências cautelares que, essencialmente, eram iguais. É óbvio que eu podia contestar sempre essencialmente igual. Mas não. Nos momentos que sobravam, fui lendo, lendo, tentando melhorar e, no fim, todas eram diferentes. Lá fui morrendo mais um pouco, a cada uma delas, era um caso novo. Fui ficando mais mordaz, também. Nos blogues também é assim. Vc não me conhece o bastante para saber, mas eu sou assim. Gosto de que a justiça funcione, mesmo quando funciona contra os meus interesses de advogado, mas, para isso, preciso de ficar convencido de que é mesmo justiça. Gosto de magistrados que se batem contra os poderosos, e destesto magistrados que se submetem aos poderosos. Do mesmo modo que detesto magistrados que, por uma qualquer questão que me escapa (!), são sempre contra os poderosos, apenas porque são mais poderosos do que eles. Aquilo que que eu gosto mesmo, é de magistrados competentes que não têm medo dos poderosos e que são capazes de os enfrentar, não porque eles são poderosos, mas porque praticaram crimes.

C.M. disse...

Sabe, a pessoa revela-se, quer queira, quer não queira, através da sua escrita.

E, lendo (sempre ansiosamente, por que me dá prazer) os seus escritos, vejo a sua maneira de ser, de estar na vida e…agrada-me!

Como o MCR. E são pessoas, creio, muito diferentes. Olhe, os três somos diferentes mas, no essencial, creio que somos muito semelhantes. E o essencial é aquilo que nos une: a nós, aqui no INC., ou num jantar nosso, em que nos sentimos bem uns com os outros; o que nos une aos nossos amigos, aos nosso colegas de profissão…, as nossas ideias à roda da vida, da fraternidade, do amor, enfim, daquilo que verdadeiramente importa na vida e é capaz de unir os homens…

Creio que estou sempre a dizer o mesmo…mas lembro, claro que sem me comparar, pobre de mim, os (bons) escritores que escreveram várias obras, mas que em todas elas foram sempre dizendo o mesmo…é que há mensagens que são demasiado importantes para serem transmitidas apenas uma só vez…

Relativamente aos magistrados, pois também concordo consigo: desgosta-me magistrados que se submetem aos poderosos, às “injustiças”olhando para o lado: assim a Justiça será uma miragem…Ou, como diz, aqueles que, por preconceitos ideológicos, são sempre do contra…detesto esses “gajos” do contra, serem do contra só por isso…sem ideias…só do contra…

Mas parece-me que, hoje em dia, o medo instalou-se na sociedade portuguesa, e isto não é uma crítica a este ou àquele poder instituído, mas uma crítica transversal ao nosso sistema político-constitucional.

E não sei o que é mais dramático (isto é retórica, porque julgo saber o que é bem pior…): existir uma censura, previamente determinada por lei, ou existir a auto-censura…

Ao que chegámos!

O nosso Amigo MCR diria aqui, neste preciso ponto, que o 25A não tem culpa, et coetera…pois não terá…então de quem é a culpa?...interrogamo-nos, nós, os ingénuos…


Meu Amigo, um Bom Fim de Semana e um grande Abraço!

M.C.R. disse...

Caros dialogantes:
permitam-me que diga que um "homem de bem" encontrará sempre correspondencias noutro "homem de bem". Eu habituei-me de novo, a dizer não mesmo com os riscos que daí poderiam vir. Penso que as coisas, todas as coisas, são passíveis de discussão civilizada. Aqui neste blogue tenho verificado isso e já concordei e dissenti de todos os bloguistas.Acho que até da Sílvia, mas não tenho a certeza. Não quero ganhar discussões e creiam-me que de todas vou tirando o meu bocadinho a mais de sabedoria graças aos amigos que me contraditam. Pena que seja já tão na tarde da minha vida mas paciencia há-de dar para o crepúsculo e para a noite.

Silvia Chueire disse...

de mim nunca discordou, mcr.por ora não. : )

há de dar para muitos crepúsculos e muitas noite ( e naturalmente muitos nasceres do sol).

abraços, extensivos ao carteiro e ao delfim, cuja conversa gostei de apreciar.

silvia chueire

João Ferreira Leite disse...

Sou vosso leitor quase diário.
Creio ser este o primeiro comentário que produzo. Não que noutros momentos não estivesse tentado a fazê-lo. Acontece que são mais as vezes que me identifico com os vossos "pensamentos" do que o contrário.
Hoje não resisti a esta troca de mimos porque, definitivamente, é esse também o meu caminho.
"Os outros são grandes se estivermos de joelhos!" - ouvi muito cedo na minha vida de alguém que me ensinou muito do que sou hoje.
Numa rápida passagem pelo ginásio cruzei-me com uma colega finalista de Direito. Por entre a conversa dispersa, em determinado momento, disse: "Mas esses é que ganham!" - a propósito dos alunos que, sendo exímios nos exames, demonstram fragilidades múltiplas naquilo que deverá ser um jurista. Procurei contestar mas, no final, replicou: "Não sei se vale a pena!".
É nesta massa que se vão formando aqueles que conduzirão o nosso futuro.

C.M. disse...

pois é...mas o cansaço, de facto, invade-nos. Por exemplo, por tudo isto, pelo "clima", estou cá com um "stress"!...

Vou para a praia, andar ao longo do mar, juntinho à "aguainha", que nos beija os pés...a ver se relaxo...

Um bom fim de semana para todos!

Em tempo: Ó MCR, olhe que nunca é tarde! É o que a vida me desmonstrou...

Que tenha muitas manhãs, muitas tardes, muitas noites ( atenção às noitadas! - essas são da especialidade do nosso Carteiro - em trabalho, claro! - na companhia dos seus e nossa. Se porventura, o INC. acabar, ficamos nós, a sua "massa crítica", aquela que verdadeiramente interessa, pois...com a nossa amizade!

C.M. disse...

Em tempo:
Bolas! A Sílvia anda a "produzir-se! Esta foto ainda é melhor que a anterior!
Que acham?

M.C.R. disse...

Vocês são uma simpatia mas não me compreenderam. Eu não receio o crepúsculo ou a noite nem penso morrer para já. Tenciono mesmo viver bem esse meu crepúsculo, com qualidade de vida, claro. De todo o modo vou aprendendo a viver esses tempos que se avizinham melhor.
Sílvia ainda bem que nunca discordámos (sobretudo depois da fotografia ...)

"nós por cá " : seja benvindo. apareça e dê o seu contributo. Nós só ficamos a ganhar. Até o banhista "DLM" que é uma excelente pessoa embora de vez em quando lhe dê para o ultra-conservador. Coisas de juventude. E a juventude é uma doença benigna que passa com o tempo. Ah, ah, ah (risos de inveja.)

jcp (José Carlos Pereira) disse...

"...Do mesmo modo que detesto magistrados que, por uma qualquer questão que me escapa (!), são sempre contra os poderosos, apenas porque são mais poderosos do que eles. Aquilo que que eu gosto mesmo, é de magistrados competentes que não têm medo dos poderosos e que são capazes de os enfrentar, não porque eles são poderosos, mas porque praticaram crimes." - poucas vezes o meu amigo carteiro leu tão bem o meu pensamento sobre estas matérias!