11 junho 2006

Estes dias que passam 29

O ministro o xerife e o mau da fita
(variações sobre um texto de Vasco Pulido Valente)

Terei começado a fumar, não cientificamente, claro, nada de engolir, quando andava na escola primária de Buarcos. A coisa era simples: o meu irmão tinha um colega de classe chamado Pinhão cujo pai era dono duma mercearia na esquina da nossa rua com a rua do parque Sotomaior. Mercearia que se preze tinha a sua parte de tasca e vendia cigarros. A mercearia de Pinhão senior pertencia a esse glorioso tipo. Pinhão júnior esgueirava-se e abarbatava um maço de cigarros. Com uma característica que indicava precocemente o seu futuro de empresário de secos e molhados: nunca fanava os mesmos maços. Assim o pater famílias não daria por faltas excessivas de uma certa marca.
Depois, os três íamos numa correria para o parque, escondíamo-nos numas sebes difíceis e zás, aviávamos, juvenil e burramente, meio maço num abrir e fechar de olhos. Depois tínhamos de ir à fruta, mesmo verde, para disfarçar o cheiro do tabaco na boca. Uma trabalheira!
Todavia não foi aqui, nessa doce Figueira que já não existe, ahimé, que me tornei fumador. Foi bem mais tarde, num dos campos de concentração onde penei. Disse campo de concentração? – Desculpem queria dizer colégio interno e de padres!!!. Num deles, havia mesmo uma salinha, a que chamávamos “coté” destinada aos fumadores que eram quase todos os do sexto e sétimo anos. Os padres, com a infinita experiencia da instituição, lá achavam mais prático confinar-nos ali do que permitir que andássemos por todo o recreio a dar o mau exemplo. Esqueciam-se, claro (A Igreja não sabe da missa a metade...), que o simples facto de haver um coté onde os grandes se juntavam despertava violentas curiosidades na peonagem mais nova...
Quando cheguei a Coimbra já tinha completado todo o tirocínio de fumador e paulatinamente fui-me destacando na difícil e arriscada profissão de grande fumador. Não só fumava que nem um polaco mas sobretudo fumava tabaco preto: Antoninos, sem filtro, se faz favor! Aliás o fumar essa espécie de mata-ratos tinha algumas vantagens: os habituais fumadores do “Se me dão” só recorriam aos meus préstimos quando não havia outro fumador num raio de cem metros.
Quando comecei a trabalhar, e a ter possibilidades de ir a Espanha, mudei-me para os “Ducados” tabacão preto, forte, cancro garantido. Daí para o “Gitanes” francês foi um salto. Finalmente, no auge de uma carreira de grande fumador, experimentei umas bombas artesanais que davam por “Boyards”. Era o cume do tabaco preto e francês embalado num papier maïs, amarelado e doentio que produzia muito efeito.
Os tempos iam mudando e com o aumento da minha velocidade fumadora, tive que voltar às marcas nacionais pois era difícil ter sempre á mão aquelas peças de artilharia pesada. Mudei-me, com armas e bagagens para o SG grande. Quem fuma, ou já fumou, perceberá que esta mudança terá sido dolorosa. Foi. E cara porque de um ou dois maços dia, passei para quatro bem medidos. A coisa era mesmo de tal modo grave que eu, na tabacaria não comprava maços de cigarros mas volumes de vinte maços. Um para casa e outro para o local de trabalho.
Ao fim de trinta anos de leal e continuo serviço de fumador, retirei-me. Em mês e meio, deixei de fumar. Nunca mais! Claro que, volta e meia, vem-me aos gorgomilos o doce sabor duma boa cigarrada, mas eu, nada! Firme como uma rocha! Já que deixei o tabaco, não vale a pena. E engordei como é costume, comecei a sentir de novo sabores e cheiros a que tinha perdido o rasto, e de quando em quando a irritar-me quando fumam perto de mim. Cá em casa, há duas fumadoras que só fumam na cozinha e na sala de estudo da Ana. E no soit-disant jardim de inverno, que, de facto, é apenas uma varanda fechada cheia de plantas cuidadas pela Crazy Grazy.
Esta, coitada, quando viaja comigo, até dá pena. Vê-se, adivinha-se a ânsia com que espera uma paragem numa estação de serviço. Uma vez chegada ei-la que acende o cigarrinho e dá-lhe forte e feio. Parece uma locomotiva, das boas, das antigas, das de carvão. Ou melhor: um sinal de fumo dos índios do faroeste. Vocês lembram-se? O herói e a heroína, na varanda da casa e, de repente, ao longe, ameaçadora, uma coluna de fumo irregular. Nessa, altura o John Waine, o Gary Cooper ou o Burt Lancaster, beijam a pequena num daqueles beijos infinitos de fazer perder a respiração ao mais pintado, mas há sempre, ou havia, no velho cinema dos Bombeiros, ao ar livre, um desgraçado, pouco dado ao romantismo, que gritava: Ó marreco, corta a fita que nós não queremos amor, queremos é mocaria! (aqui, o marreco era o projeccionista e mocaria queria dizer, pancadaria, coisa de homens, socos de atirar um adversário por cima de três mesas no saloon e cair em cima da quarta espatifando-a! Trás! E o pessoal gritava, delirava, dá-lhe, força, cuidado!, e o fim daquele gigantesco arraial de porrada, era wagneriano: mesas destruídas, vidros estilhaçados, corpos estendidos, e o herói a sacudir o pó, e a pedir mais um copo antes de ir matar índios).
Bem, já me perdi, com esta dos cóbois e dos índios mas se calhar não, até serve. É isso, serve mesmo para comparar o senhor ministro da saúde, o meu antigo amigo, António Correia de Campos a quem de repente, subiram os humores biliosos contra qualquer sinal de fumo a um xerife. Toninho, pá, sai desse filme, pá que ficas mal na fotografia. Essa de andar a caçar fumadores como quem caça gambuzinos, ou índios, já não está a dar, pá!
De facto o senhor ministro ainda não percebeu que a sua cruzada contra o tabaco em locais onde se pode ir ou não, não tem pés nem cabeça. Acho muito bem que proíba o tabaco em tudo o que é sítio de presença obrigatória mas, que diabo!, num restaurante, num café, num bar ou numa discoteca, só entra quem quer. Não vejo, eu que não fumo, que nesses locais de escolha pessoal tenha de vigorar a lei proibicionista. Então um alegre grupo de fumadores não pode lembrar-se de abrir um restaurante reservado a fumadores? Por mim até acho que isso seria uma maneira de encher os cofres públicos: o tabaco está sujeito a fortíssimos impostos e ainda por cima os fumadores duram menos que os restantes mortais, o que significa alta poupança em pensões, reformas etc...
Claro que tudo isto cai por terra se o fito do senhor ministro Campos for outro: proibir virtuosamente o tabaco em toda a parte. Acabou: não ha cigarros ou charutos ou rapé (!) para ninguém. Fica proibido o uso, o fabrico de tabaco e inclusivamente a produção de tabaco na Beira Baixa. Identicamente proíbe-se a importação e obviamente o contrabando. Algo semelhante ao que se faz com o hachiche, a marijuana para já não falar na sataníssima trindade: morfina, heroína e cocaína.
Um anjo mau e torto, o anjo de Drummond (esta é para a Sílvia, carioquinha loira e bonitona), sussurra-me porém ao ouvido: mas tás parvo, ou fazes-te? Então não vês que por esse pais fora, a coca, o pó, o cavalo, a erva se vendem quase ás escâncaras, que há bairros inteiros onde porta sim porta não se pesa, se divide, se embalam doses, se falsifica a “branca”? que há milhares e milhares de desgraçados que roubam, que matam, que estrafegam um desinfeliz que lhes passe ao alcance por um, dois, três euros, só para angariar para a dose diária? Queres ainda mais dealers de porta aberta, mais tráfico, mais dinheirama suja que unta mil mãos, que alimenta mil bancos, à imagem da America da prohibition onde nunca se bebeu tanto e tanta zurrapa, onde milhares de alcapones prosperaram graças a uma lei burra que acabou por ser revogada mas que deixou como herança uma mafia forte e robusta que rapidamente se reconverteu para a droga e similares?
E não achas que, já agora, podias também proibir o álcool, que mata neste país também um bom lote de desgraçados? E porque não, também, e sempre nesta virtuosa onda de bons costumes, que tal liquidar o jogo, os casinos onde dezenas de milhares de cidadãos gastam o que têm e o que não têm na miragem de uma martingala finalmente vencedora, de um jackpot na máquina das moedas, de uma mão fenomenal no black jack ou de um pleno na roleta? Não te lembras desse teu parente que em escassos dois anos já derreteu vinte mil contos antigos, cem mil euros de hoje, no Estoril, ele cujo ordenado não chega sequer aos 600 euros mês, ele que já arruinou os pais, que já jogou inclusive o pagamento do infantário da filha, para não falar do que pediu a familiares, amigos, vizinhos e conhecidos?
O anjo ia desfiando este rosário de condenações e eu começava a ver a cara do ministro Correia de Campos e do seu colega das Finanças, a contar, pesar e dividir como no banquete de Baltasar (esta é para o Delfim, que gozo me dava que ele não soubesse e me viesse de mão estendida perguntar...) a ver os já depauperados cofres do Estado a entrar numa dieta tremenda, do dinheiro dos casinos, das tascas, dos bares finos que se chamam pubs, dos estancos de tabaco, dos agricultores da Beira Baixa.
Mas o anjo torto e gauche que me alumia e atormenta, prosseguiu inflexível, como é timbre dos anjos, só os parolos e os filisteus é que pensam que os anjos são meninos gordos e bem dispostos, no seu arrazoado de virtudes, dessas que tornam o homem um santo e uma máquina simultaneamente: E porque não proibir de vez os automóveis particulares, que atravancam passeios, poluem as cidades, atropelam os peões, e põem Portugal ao lado do Luxemburgo (onde uma forte percentagem da população é portuguesa) e dos Estados Unidos? Os automóveis que endividam dramaticamente os portugueses, que são responsáveis pela factura petrolífera, que desequilibram a balança de pagamentos, e ainda por cima são os mais caros da União Europeia?
Nessa altura, já nem o anjo me conseguia aterrorizar lembrado que estava que poderia também haver leis para proibir a evasão fiscal, a corrupção, o abuso de menores, a violência de género, o roubo por esticão, a publicidade enganosa ou o oportunismo político.
Ah que pais não seríamos, que sociedade não construiríamos, que felicidade não alcançaríamos!!!
Todavia esta esplêndida visão de um futuro tão prometedor e tão virtuoso quedou-se toldada pela imagem de António Correia de Campos, vestido de xerife, stetson de aba larga à cabeça, dois colts de punho nacarado no cinturão. Por mais que quisesse ele não passava nesta fotografia. Mesmo em comparação com o Robert Mitchum (esta é para o Manel Sousa Pereira) de Rio Bravo, muito bêbado e muito delirium tremens, o olhar perdido na recordação de uma mulher, o meu velho amigo Correia de Campos, dos tempos da contestação académica, não conseguia passar como xerife. Está gordinho, cara demasiado redonda ar demasiado virtuoso: a máscara exacta do mau da fita!
Não há volta a dar-lhe!

Vai esta para o Carteiro fumador e para o Nicodemos não fumador. Creio que ambos me apoiarão. Como diz o brocardo: est modus in rebus!

8 comentários:

M.C.R. disse...

Caro amigo ou eu me exprimi mal ou V não me entendeu. Se local público for entendido como local onde por uma ou outra razão as oessoas têm de passar claro que a lei aí está para proteger. Parece-me porewm que um bar, um restaurante um café ou estabelecimento similar não é de passagem obrigatória. Como um lupanar, ouso dizer, ainda que ainda não estejam oficializados. Ou um bar ou restaurante conotado, por exemplo, com uma minoria. sirva o caso dos gays porque de facto ha locais exclusivamente ou maioritariamente frequentados por eles, sem qualquer homofobia da minha parte. Ninguém é obrigado a lá ir. E se vai sabe onde vai, mesmo que me não conste que os habitués lhe façam mal pode ocorrer que um desprevenido se sinta incómodo, Pois muito bem, sai, e está resolvido o seu problema. Ninguém é obrigado a entrar num local de fumadores deste tipo. Se entra apanha com o fumo,. Se não entrar nenhum mal lhe sucede. Ou indo mais loh+nge: porque se não permite a abertura de bares para fumadores? Ou cafés? Ou restaurantes? será que os não fumadores se sentiriam compulsivamente atraídos? como dantes os aristocratas pelos cabarets duvidosos?
num outro plano: v acha que o jogo só faz mal ao jogador? v. opina que o álcool não destroi famílias, não está na base de violências inumeráveis' acha V que a droga só prejudica o drogado que rouvba a família, que rouba os próximos, que sustenta uma inteira rede de dealers e traficantes que se valem de tudo para poder continuar no seu rentável negócio?
São estas modestas perguntas que eu, assumido não fumador, não jogador, não alcoolico e não drogado ponho. Desculpe a insistencia mas o tema das criancinhas coitadinhas não resolve a situação. Um abraço

C.M. disse...

MCR, veja lá, não se meta por caminhos teológicos….bem sei que é “gauche” e que tem assim uma certa “imunidade” mas mesmo assim…ahahahah…

Com que então, banquete de Baltasar, hem?...pois, aquele banquete, muito profano, descrito no capítulo quinto do Livro de Daniel, durante o qual surge uma misteriosa escritura numa parede, que ninguém soube interpretar.

Chamado Daniel, este interpretou os escritos, dizendo que Deus tinha medido o reino de Baltasar, e pôs-lhe termo; ele tinha sido pesado na balança e havia sido encontrado muito leve; que o reino foi dividido e entregue aos Medos e Persas. E, com efeito, nessa mesma noite, foi morto Baltasar, rei dos Caldeus.

Ele tinha usado os vasos sagrados que tinham sido roubados ao templo de Deus em Jerusalém…


Ora tome! É para que saiba! :)

M.C.R. disse...

Já tomei.Confesso que desconfiava que V sabia. Mas como o texto refere o Antigo Testamento, coisa quecorre pouco, muito pouco, mesmo entre os católicos lá disparei.

O meu olhar disse...

Caro MCR
Bela e bem humorada defesa da liberdade do fumador. De facto o cerco aperta!...

Devo-lhe dizer que eu, como ex fumadora, defendo em absoluto a ideia que não se deveria fumar em locais públicos fechados, entendendo como públicos todos os locais de livre acesso, o que engloba restaurantes, cafés, etc. É uma questão de saúde pública quer para os próprios fumadores quer para os restantes. Ninguém morre, nem mesmo de ansiedade, se deixar de fumar durante algum tempo. Mesmo com o cerco apertado ainda ficam muitos sítios para se fumar.
Quanto aos exemplos que deu repare que a dependência do álcool é considerada uma doença que, como sabe, pode ser bem grave e muitas das consequências do excesso de álcool são punidas severamente por lei. Quanto à droga, apesar de não parecer, é proibida, portanto estamos conversados.
Um conselho amigo: é melhor esquecer essa luta, os nossos filhos agradecem.

M.C.R. disse...

Longe de mim fazer disto uma luta com L grande. Apenas me aborrecem dois pontos:
1 . O Estado a fingir defesas virtuosas da saude pública quando embolsa milhões (altos milhões!...) dos impostos sobre o tabaco.
2 O Estado a permitir e fomentar o cultivo de tabaco na Beira interior e baixa como em parte do Alentejo com o argumento de proteger a agricultura.
Em segundo lugar, e sendo eu ex-fumador convicto, acho desagradável a ideia de atirar para um sítio cada vez mais concentrico e concentrado a população fumadora. De facto a ideia de local público só, não me convence. Há locais públicos onde temos de ir e há locais onde nada nos obriga a ir. É nestes, e só nestes, que se deveria permitir a opção do proprietário e dos frequentadores.
Isto não me parece ofender quem quer que seja nem pôr em risco a saúde de qualquer inocente.
Ora o que se passa é que o Estado vem proibir expressamente o fumo em todo e qualquer local, faz depender a eficácia dessa proibição não do dono (como até seria normal) mas dos denunciantes. Parece-me até que haverá para estes comissão, o que a ser assim seria infame e trágico.
Esta defesa a outrance deste tipo de valores ( a vida, a saude etc...) leva-me a pensar que nunca um paraplégico que queira morrer obterá ajuda de um bom samaritano.
O cúmulo da insensatez foi agora dado pela lei que estipula multas pesadíssimas para quem tomar banho em prais com bandeira vermelha. Claro que não só parece dificil multar sequer um conjunto apreciavel de infractores como até parecerá dificil definir exactamente a fronteira de molhar-se apenas e a do banho propriamente dito. A bandeira vermelha deveria ter esta função: aviso claro de perigo para quem se meter na água e consequente desresponsabilização dos poderes públicos no caso de acidente. O resto é o costume: uma lei que vai ser alegremente desrespeitada.

Finalmente e em resposta á questão do álcool: desconheço qualquer punição a bêbados que decorra do simples facto de beberem. Não falo de crimes cometidos sob a influencia do alcoo,l claro.
E pior ainda no caso dos casinos. Inciusivamente agora nem sequer vale a pena interditar um jogador porque os casinos defendem-se com a impossibilidade de verificar ou sequer saber quem é que tem acesso ás máquinas slot!!!
Já nem falo na questão da droga pois todos nós sabemos que os drogados se injectam em tudo o que é sítio e á vista de qualquer passante. Sem consequências! Ou melhor: com uma: a de trivializar o acto. E pior do que isso a de tornar "social" o vício.

Silvia Chueire disse...

Caro MCR,

Começo a escrever já envaidecida pelo "loira e bonitona". : )
Seu anjo gauche, foi impiedoso ao criar uma circunstância absolutamente impossível de proibições. Certamente estava a divertir-se às suas custas.

Pessoalmente penso que estabelecimentos exclusivamente para fumantes podiam existir. E que locais como discotecas, certos bares ( aqui ao menos ) não se atreverão a proibir o fumo, mesmo porque há uma associação deste com o consumo de álcool em certas circunstâncias. E ninguém quer perder dinheiro, que é o que a eles interessa.
Não me agradam as proibições desta natureza, embora eu seja médica e recomende fortemente que meus pacientes não fumem. Os critérios delas não têm sido claros e isto me incomoda profundamente. Ora, onde estão os estudos científicos que dizem que se um não fumante frequentar por algumas horas um bar uma ou duas vezes por semana ele corre riscos ? Já no trabalho é diferente. Mas também não o é em casa ? Tinhamos que estudar melhor o modo de resolver esta questão. E tenho sentido arbitrariedade nas ações do Estado. E pior, arbitrariedade sem estudos que as sustentem, mas afinal isto é que é ser arbitrário.
Com ventilação adequada mesmo os locais fechados apresentariam risco menor (ele já é mínimo!) para não fumantes. Os alérgicos já são outro “departamento” e é preciso pensar neles.
Nesta discussão há algo que nunca está bem claro, afora o que vc já mencionou ( o desavergonhado lucro do Estado com o fumo, o álcool, o jogo ). Por que o público em geral, principalmente os não consumidores de álcool, não se coloca abertamente a favor da proibição deste ?
É como se o consumo alheio do álcool, não causasse riscos ao não bebedor. Enganam-se. A dependência do álcool é uma questão de saúde pública não apenas pela dependência (orgânica!) e pelas doenças que causa. Mas porque tem consequências familiares importantes. De violência, de estímulo ( talvez alteração genética, pensa-se) aos filhos ( filhos de alcoolistas são muito mais frequentemente também alcoolistas), de problemas sociais, no trabalho, etc.
O não dependente lida com isto apenas afastando-se do dependente, exilando-o, deixando para a família o pesado encargo de conviver com o problema. Os donos de empresas que os empregam resolvem facilmente : demitem-nos.
Soa-me individualista esta direção das coisas. Mas não é assim que andam as sociedades ocidentais ?
Qual o envolvimento das comunidades com estas questões mirando a solução, prevenção, delas ? Apenas demandar o cumprimento da lei, sem a aperfeiçoar ?

Sou médica, conheço os riscos e fumo. Acho que é uma questão de foro absolutamente íntimo se não estiver prejudicando outrem. Não fumo na presença dos meus pacientes, nem dos que têm alergia ao fumo. Mas se estou num lugar público bem ventilado ( aí só posso avaliar pelo óbvio, que haja portas e janelas abertas), fumo. E fumo sem remorsos se estiver numa discoteca, onde todos sabem que lá se fuma e vão mesmo assim. Ou seja, considero uma opção de foro íntimo também para o não fumante, escolher um lugar fechado onde as pessoas fumam ( e muito).
Este comentário está confuso e mal articulado, sei bem. É que escrevo às pressas quase na hora do jogo do Brasil. : ) Que todos me desculpem.
Depois voltamos a isto.

Abraços ,
Silvia

PS : 1- vou a Portugal no segundo semestre !
2- faço regularmente exames gerais e especificamente do pulmão. Tudo vai muito bem.

M.C.R. disse...

É bom discutir consigo, caro Nicodemos. aliás é bom discutir com a grande imensa maioria dos frequentadores deste blogue. Obrigam-me a pensar o que dada a minha provecta idade me permite fazer exercício e adiar a attero-esclerose mais um bocado.
todavia, caríssimo, os termos em põe a coisa fazem-mer pensar que V crê que há uma maioria de fumadores e uma minoria de não fumadores, o que felizmente não é o caso.
Porue se fosse, mal estaríamos se em nome de uma minoria fossemos democrativcamentre ofender os direitos de uma maioria.
E não creia que os donos de cafés restaurantes e bares fossem todos tão obtusos que não vissem as hipoteses de um nicho tão gordo como o dos não fumadores.
ao fim e ao cabo o que me irrita nisto tudo é a virtude de com uma mão proibir e com a outra arrecadar os impostos altíssimos.
E tenho um outro medo, digo MEDO. É que nunca vi que as proibições fossem indutoras de outra coisa que a curiosidade, o gosto do risco etc... E por isso é o que vemos com a droga, o que vimos na América da lei seca , e o que se passava no meu colégio com o coté: a miudagem positivamente sonhavas com o dia em que lá seria admitida.
Agradeço-lhe a sua critica porque me permite pensar um pouco e, apesar de não fumador (e proibidor cá em casa, como terá lido) esta nova lei me preocupa e não pouco,. espero que o meu pessimismo seja só isso: pessimismo...
Um grande abraço

Kamikaze (L.P.) disse...

Ate Domingo estou a sul, a trabalho e banhos de...chuva :(
mas para a semana o tal 4º andar andar reabre a publico rigorosamente seleccionado :)