20 junho 2006

Postal do Oeste

A semana passada levou-me até ao Oeste, como gostam de dizer os nossos amigos de Lisboa. Andei à procura do Sol, da praia e da gastronomia local, muito em particular do magnífico peixe daquela costa. Por isso, também eu andei arredado aqui do Incursões.

Num dos intervalos, revisitei a fortaleza de Peniche de onde fugiu Álvaro Cunhal, onde hoje se alberga o museu municipal. Quando entrei no parlatório e nas alas da prisão, não pude deixar de me recordar do amigo MCR e das suas experiências enquanto preso político.

Em Peniche está uma pequena e modesta evocação desses tempos e da violência exercida sobre os presos. Aí se encontram muitos textos, nomeadamente de António Dias Lourenço e de Borges Coelho, que apenas revelam amor, carinho, afectos, saudades dos seus. Mesmo assim, esses textos eram censurados ou subtraídos aos destinatários.

Também os exemplares aí existentes da correspondência da polícia política ou das autoridades do Estado Novo – pedindo informações, relatando observações, denunciando pessoas, etc. – é revelador de um tempo e de uma sociedade que deixaram marcas profundas e que condicionaram a evolução de Portugal e dos portugueses durante quase meio século.

2 comentários:

M.C.R. disse...

Credo! Ali felizmente nunca estive!
Em todo o caso, obrigado pela lembrança sobretudo se ela ocorreu diante dum belo peixe grelhado como manda a boa regra. E acompanhado por um branco límpido e decente. E com amigos em volta, e um desses seus tremendos charutos cubanos que eu, não fumador, sou tolerante.

C.M. disse...

Com efeito...Peniche exerce uma forte atracção para quem ama o mar...o cheiro forte da maresia, a vertigem de, à beira-mar, pensar em partir...e é claro, o bom peixe, acompanhado por um belo vinho branco, fresco...e uma roda de amigos...