Sempre considerei que o acto de escrever é, porventura, o acto mais livre e mais libertador que o ser humano pode experimentar e realizar.
Por definição, ele nunca pode ser um acto que restrinja a liberdade de quem lê. Seria, tal premissa, um absurdo.
O outro, o destinatário possível, é sempre livre de aceitar (ou não) o conteúdo de um texto. Estranho seria o facto que aquele que escreve se auto censurasse, pensando nas diferentes sensibilidades e idiossincrasias dos possíveis leitores.
Já tivemos em Portugal o chamado “ lápis azul”. Já tivemos, da parte dos nossos escritores e jornalistas em geral, uma espécie de auto-contensão.
Penso que é tempo de terminar de vez com todas as peias que limitam cada um de nós, individualmente considerados, e não ter medo de nada. Nem dos fantasmas que por vezes nos assombram…
A liberdade, idealizada no colectivo anónimo, já deu provas do mundo de pesadelo que é capaz de engendrar. Não passa, pois, de uma farsa. A liberdade individual é que conta. Tendo bem presente cada um de nós.
É coisa natural do Homem actuar de acordo com a sua verdade. Pensar, agir na sociedade de acordo com ela. Discorrer, filosoficamente se quisermos, segundo a visão que ele tem da sua verdade, daquela luz que o ilumina, lhe guia os passos, o ajuda a caminhar no meio de tantas veredas tortuosas, as quais lhe dificultam a existência.
Mas, o facto do Homem estar convicto da realidade do seu teorema, mesmo que o não possa ou saiba demonstrar, basta-lhe a certeza da sua (sólida) construção. Porém, tal não significa que nós sejamos intolerantes relativamente a opiniões diferentes (pese embora o risco que cada um de nós corre quando nos abrimos aos outros, e estes, por sua vez, não nos compreendem, ou não nos querem aceitar com toda a nossa dimensão). Pelo contrário, aqueles homens e mulheres, que no seu coração trazem a chama da paz, do amor e da fraternidade, são perfeitamente capazes de aceitar a diferença, onde quer que ela se situe.
Mas devemos confessar que outro risco se corre: o de parecermos fracos quando abrimos o coração e, não obstante tendo este recheado de certezas, aceitar todavia a “diferença” do outro: será que este “outro” vai considerar que tal atitude é um sinal de fraqueza da nossa parte?
É óbvio que não se pode impor, de modo racional e lógico, a “nossa verdade” ao outro. E aqui entra o conceito, ultimamente tão esquecido, da tolerância. Tolerância olvidada, mesmo por aqueles que a invocam a seu favor, para proteger a “sua” liberdade…
Mas temos de acreditar que o nosso próximo verá a nossa posição de tolerância, não como uma capitulação dos nossos princípios, mas sim como a cedência de um espaço de liberdade para esse “outro”, para que este também se possa pronunciar acerca das “suas verdades”.
O ideal seria que nascesse, da explanação de “verdades” não coincidentes, um sentimento de liberdade para ambas as partes, e não uma sensação de constrangimento mútuo.
É claro que esse espaço de liberdade leva-nos a pensar se não estaremos aqui apenas a praticar uma espécie de semântica ideológica. É que a dita liberdade não será sempre biunívoca; bem pelo contrário, na nossa sociedade ela tende a ser, quase sempre, unívoca – é a contradição que, porventura, habita o Homem.
Desenvolvendo-se a nossa acção no seio da sociedade, condicionados por esta, será que o nosso posicionamento no seu âmago se traduzirá numa identificação com a liberdade? Será que o estarmos em sociedade nos identifica com o facto de não estarmos em liberdade?
Aquilo que nos querem fazer crer que é a liberdade, não nos poderá, pelo contrário, beliscar conceitos que nos são caros, construídos que foram ao longo do tempo, pela longa e madura reflexão do nosso espírito?
A liberdade será, de certa forma, adulterada por um sistema de verdadeiras interferências externas? Que dizer do “direito” ou de um grupo de normas, instituídas por um determinado grupo, por exemplo de sócios de uma qualquer agremiação, que “impõem”, de certo modo, determinados parâmetros que “decidem” sobre aquilo que o sócio pode optar. Ou sobre quanto pode ser livre. O que conduz a um dilema: ou bem que se é sócio e não se é livre, ou bem que se é livre e não se é sócio…
Veja-se o caso dos partidos políticos: onde é que está ali a liberdade de pensamento, de crítica, a liberdade para se ser audaz e ousar ir mais além? Vivemos, de facto, cobertos por um manto espesso de ilusões…
A exigência da “dura” realidade que nos cerca, obriga-nos, por vezes, a fecharmo-nos sobre nós próprios, guardando apenas para nós aquele conjunto de valores que, por vezes, gostaríamos de partilhar, ao menos com aqueles que, pelas mais diversas razões, consideramos mais próximos.
O conceito de “liberdade” anda, pois, muito desfigurado na sua definição.
Pensar com convicção e com propriedade é, não só um direito mas, e sobretudo, um dever. Sem receio da diversidade, pois que a liberdade exige dignidade e audácia.
Por definição, ele nunca pode ser um acto que restrinja a liberdade de quem lê. Seria, tal premissa, um absurdo.
O outro, o destinatário possível, é sempre livre de aceitar (ou não) o conteúdo de um texto. Estranho seria o facto que aquele que escreve se auto censurasse, pensando nas diferentes sensibilidades e idiossincrasias dos possíveis leitores.
Já tivemos em Portugal o chamado “ lápis azul”. Já tivemos, da parte dos nossos escritores e jornalistas em geral, uma espécie de auto-contensão.
Penso que é tempo de terminar de vez com todas as peias que limitam cada um de nós, individualmente considerados, e não ter medo de nada. Nem dos fantasmas que por vezes nos assombram…
A liberdade, idealizada no colectivo anónimo, já deu provas do mundo de pesadelo que é capaz de engendrar. Não passa, pois, de uma farsa. A liberdade individual é que conta. Tendo bem presente cada um de nós.
É coisa natural do Homem actuar de acordo com a sua verdade. Pensar, agir na sociedade de acordo com ela. Discorrer, filosoficamente se quisermos, segundo a visão que ele tem da sua verdade, daquela luz que o ilumina, lhe guia os passos, o ajuda a caminhar no meio de tantas veredas tortuosas, as quais lhe dificultam a existência.
Mas, o facto do Homem estar convicto da realidade do seu teorema, mesmo que o não possa ou saiba demonstrar, basta-lhe a certeza da sua (sólida) construção. Porém, tal não significa que nós sejamos intolerantes relativamente a opiniões diferentes (pese embora o risco que cada um de nós corre quando nos abrimos aos outros, e estes, por sua vez, não nos compreendem, ou não nos querem aceitar com toda a nossa dimensão). Pelo contrário, aqueles homens e mulheres, que no seu coração trazem a chama da paz, do amor e da fraternidade, são perfeitamente capazes de aceitar a diferença, onde quer que ela se situe.
Mas devemos confessar que outro risco se corre: o de parecermos fracos quando abrimos o coração e, não obstante tendo este recheado de certezas, aceitar todavia a “diferença” do outro: será que este “outro” vai considerar que tal atitude é um sinal de fraqueza da nossa parte?
É óbvio que não se pode impor, de modo racional e lógico, a “nossa verdade” ao outro. E aqui entra o conceito, ultimamente tão esquecido, da tolerância. Tolerância olvidada, mesmo por aqueles que a invocam a seu favor, para proteger a “sua” liberdade…
Mas temos de acreditar que o nosso próximo verá a nossa posição de tolerância, não como uma capitulação dos nossos princípios, mas sim como a cedência de um espaço de liberdade para esse “outro”, para que este também se possa pronunciar acerca das “suas verdades”.
O ideal seria que nascesse, da explanação de “verdades” não coincidentes, um sentimento de liberdade para ambas as partes, e não uma sensação de constrangimento mútuo.
É claro que esse espaço de liberdade leva-nos a pensar se não estaremos aqui apenas a praticar uma espécie de semântica ideológica. É que a dita liberdade não será sempre biunívoca; bem pelo contrário, na nossa sociedade ela tende a ser, quase sempre, unívoca – é a contradição que, porventura, habita o Homem.
Desenvolvendo-se a nossa acção no seio da sociedade, condicionados por esta, será que o nosso posicionamento no seu âmago se traduzirá numa identificação com a liberdade? Será que o estarmos em sociedade nos identifica com o facto de não estarmos em liberdade?
Aquilo que nos querem fazer crer que é a liberdade, não nos poderá, pelo contrário, beliscar conceitos que nos são caros, construídos que foram ao longo do tempo, pela longa e madura reflexão do nosso espírito?
A liberdade será, de certa forma, adulterada por um sistema de verdadeiras interferências externas? Que dizer do “direito” ou de um grupo de normas, instituídas por um determinado grupo, por exemplo de sócios de uma qualquer agremiação, que “impõem”, de certo modo, determinados parâmetros que “decidem” sobre aquilo que o sócio pode optar. Ou sobre quanto pode ser livre. O que conduz a um dilema: ou bem que se é sócio e não se é livre, ou bem que se é livre e não se é sócio…
Veja-se o caso dos partidos políticos: onde é que está ali a liberdade de pensamento, de crítica, a liberdade para se ser audaz e ousar ir mais além? Vivemos, de facto, cobertos por um manto espesso de ilusões…
A exigência da “dura” realidade que nos cerca, obriga-nos, por vezes, a fecharmo-nos sobre nós próprios, guardando apenas para nós aquele conjunto de valores que, por vezes, gostaríamos de partilhar, ao menos com aqueles que, pelas mais diversas razões, consideramos mais próximos.
O conceito de “liberdade” anda, pois, muito desfigurado na sua definição.
Pensar com convicção e com propriedade é, não só um direito mas, e sobretudo, um dever. Sem receio da diversidade, pois que a liberdade exige dignidade e audácia.
Nota: Por vezes, pensamos em fecharmo-nos aos outros. Calarmo-nos. Adormecer. Mas também cremos que não vale a pena. No caso, talvez que ainda tenha leitores com paciência para me aturarem as idiossincrasias...Que reflictam naquilo que se escreve, mesmo discordando. Assim, aqui vai o primeiro texto de uma série a que daria o título de "Textos (pouco) filosóficos"...só por uma questão de sistematização...A ver vamos se terão continuidade...O Tempo (e a Vida) o dirá!
3 comentários:
Os comensais frustrados cá estão de babete ao pescoço e dente afiado.
O alentejo estava bom?
De acordo, de acordo...
Só que cada um deverá ter a responsabilidade pelo que diz e escreve.
Mas tal responsabilidade não significa haver "lápis azul" de outros, mas tão só que cada um colherá, com as suas próprias opções, as consequências (práticas e legais) dos seus actos.
Por outro lado, não podemos cair na "Torre de Babel" de todas as opiniões serem igualmente válidas e sustentáveis, porque senão ninguém se entende.
Uma coisa é o direito à liberdade de opinião (e opinião que só aceita quem quer) e outra, bem diferente, é a "opinião" que a "alterum laedere".
Mas tudo isso está já previsto e muito bem na nossa Lei.
A questão pois, para mim, não é de liberdade de opinião (que já existe e plenamente consagrada na nossa Lei) mas de consenso num mínimo de regras deontológicas que se podem bem traduzir na máxima de Ulpiano: "honeste vivere, alterum non laedere et cuique suum tribuere".
Claro que a liberdade de opinião também pode levar a não concordar com isto, mas estará sempre "mal" (digo eu)e deverá ser combatida, pelos meios LEGAIS, isto é, dentro da legalidade, que não necessariamente pela via judicial.
O resto são combates e embates de poderes.
Há que reconhecer que o tema é "forte", na teoria e na prática.
Mas, "é a vida!", como dizia o outro.
Caro MCR: estava como está o País: ao abandono...
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