As minhas visitas ao Incursões têm rareado por força de uma vida que compliquei … por gosto. E como correr por gosto não cansa, eu não me queixo. Tenho é pena de não poder fazer tudo mas, a seu tempo, o Incursões voltará certamente a ter o seu espaço, no meu espaço.
Agora a questão da Verdade e das verdades. Ando há muito tempo com esta encravada nos dedos, a pedir que bata as teclas e que passe para aí o que tem estado só deste lado. Bom, aí vai. Não quero ser controversa (já cá temos um contraverso) mas eu costumo dizer que já não tenho idade para fazer de conta. Verdade verdade é que eu nunca gostei de fazer de conta. Antigamente também me desculpava com a idade, mas em sentido contrário: era muito nova e portanto levada a impulsos.
Tudo isto para dizer que abrir o incursões e deparar mais ou menos sistematicamente com mensagens de cariz religioso me aborrece. (Está dito e publicado!)
Sem ofensa para si caro Delfim, ainda por cima conheci–o pessoalmente e achei-o muito simpático, mas, não posso deixar de o dizer: aborrece-me o padrão religioso que o Incursões está a tomar. Estudei num Colégio de Padres Capuchinhos, adorei os anos que lá passei, tenho amigos padres e ex padres, tive educação religiosa mas há já muitos anos que tudo isso ficou para trás. Respeito as opções de cada um. Respeito mesmo e acho que as de todos deveriam ser respeitadas. Cada um tem as suas opções religiosas, tem o direito de as ter e não acho que seja uma coisa muito cordial esta rotina de assuntos desse cariz no Incursões.
Claro que esta conclusão não foi uma reacção imediata aos primeiros textos religiosos. Não. Pelo meio ficou muita reflexão que ia da liberdade de expressão, à tolerância, até ao questionar-me se eu não estava a ser intransigente. A conclusão tirei-a quando resolvi ser verdadeiramente sincera comigo e não apenas politicamente correcta.
Assim, e como sou dada a analogias, imaginei por momentos que tínhamos no grupo um fanático do FC do Porto (é só um exemplo) que nos manteria sistematicamente actualizados sobre as contratações do clube, eventos, citações de dirigentes, etc. Imaginei também que tínhamos aqui um alguém fortemente ligado ao PP/ PSD/ PS/ PCP/ Bloco de Esquerda ou outro partido, que nos brindaria com citações de ideólogos históricos ou contemporâneos, que nos poria a par das reflexões dos respectivos partidos, agenda noticiosa, etc. Imaginei e não gostei do resultado.
Em resumo, o que eu quero dizer é que, no quadro de um blogue como o incursões, termos liberdade de exprimirmos os nossos pontos de vista não deveria passar por transmitir, de uma forma sistemática, mensagens ligadas directamente a nenhuma religião, a clubes, a partidos. A não ser pontualmente, como foi o caso, de algum modo, das eleições presidenciais. Aqui, no incursões, essa questão fluiu de uma forma cordial, sensata e na dose certa, sem ultrapassar os limites dos outros.
Penso que no presente caso, a da questão religiosa, é também bem empregue a ideia que a nossa liberdade termina onde a dos outros começa.
Está dito.
07 junho 2006
A Verdade e as verdades
Marcadores: O meu olhar
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8 comentários:
Cara Amiga: só nesta página aberta do “Incursões”, percorrendo com o cursor de alto a baixo a mesma, dei-me ao trabalho de contar os meus (ainda visíveis) postais: contei 12 (doze) artigos: apenas 02 (dois) dizem respeito à temática que refere… Mas “prontos”: verei o que posso fazer…A política é tema igualmente perigoso…Administração Pública, idem…História…perigoso também!
Hum…irei falar de Poesia, que é uma das minhas paixões…e de flores…gosto especialmente de hortenses…
Já agora, aviso: Irei falar brevemente (tenho de arranjar tempo) do poeta José Agostinho Baptista. Portanto, não me “roubem” o tema, ok?
Um abraço fraterno (como dizem os Franciscanos, “Paz e bem”).
"...está dito" escreve "0 meu olhar".E bem dito atrvo-me a acrecentar. De facto é verdade que a tolerancia deve pontuar e marcar um espaço como este. É verdade que isso mesmo tem ocorrido. todavia, e pese embora, a honrada sinceridade do nosso Delfim Cabral Mendes, há dois modos de expor as ideias. Ora de vez em quando (ao nível da iconografia e da emblemática, por um lado e da "mera" adjunção de temas "catequisticos" por outro) ele entra de facto no erro criticado por "o meu olhar".
Tenho para mim, que devo ser quem com ele mais discute (e sem paninhos quentes, suponho)que temas daquela natureza não têm tanto de ser exibidos mas mais de transparecer (como aconteceu e muito bem) em textos mais opinativos. Ou dito de outra maneira: entendo útil que no debate de um qualquer tema o seu autor (no caso o DLM) se sirva da argumentação filosófica ee da cosmovisão que anima a sua fé. E isso não tem nada que ver com algum certo tom de catecumeno que por vezes é usado e que impede um comentário por quewstões de delicadeza e respeito pela fé dos outros.
com enorme abraço a o meu olhar (sempre aguda) e a DLM (um dos meus contrincantes favoritos).
Caro MCR um imenso obrigada por expressar, muito melhor que eu, o que penso sobre o assunto. È isso.
Caro Delfim, não vai acreditar mas eu sabia que a sua resposta seria essa. Por um lado quantitativa: ver quantos pots directamente religiosos tinha colocado; por outro de: não me “roubem” outros temas. O que eu gostaria de lhe dizer é que pare um pouco, tente entender que não o quero magoar, não o estou a atacar, estou tão-somente a tentar que exista uma situação mais confortável para todos.
Um abraço aos dois.
Mas, cara Amiga, essa do "não me “roubem” outros temas" a frase é sua! Eu não disse isso; disse sim: "não me roubem" o tema! Ou seja, em puro jeito de brincadeira, não me roubem o tema do Agostinho Baptista...tão só isso...
Mas, por mim, não há "drama" nenhum, ok?
Todos são livres (creio) de pensarem do modo como pensam. E não vou ser eu a fazer críticas subjectivas, está bem?
Um abraço.
Cabral-Mendes
Quem me "roubou" os sentimentos (que nao as palavras, que essas tem sido escassas) foi "O Meu olhar"! Subscrevo integralmente o seu post e parabenizoa-a desde logo pela sinceridade, pela coragem de o ter escrito, pela oportunidade e pela elegancia com que o fez.
Em todos estes tres aspectos O Meu Olhar simblizou hoje, creio, de forma clara, o "espirito incursionista" que nos juntou e tem mantido juntos.
Um abraço ao Delfim, que trouxe ao Incursoes um novo folego tematico e argumentativo e com quem, para mais, tendo-o ja conhecido pessoalmente, simpatizei deveras. Como ja disseram O Meu olhar e o MCR, nao se trata verdadeiramente de uma questao de quantidade. Contudo, quando ha recorrencias, como aconteceu nos ultimos dias, a "coisa" incomoda mais, la isso e verdade... :)
Delfim, por favor tente entender as minhas palavras e não faça leituras paralelas que só nos levam por caminhos que ninguém quer. Como foi referido pela Kami e pelo MRC os seus post são muito apreciados. Acrescento: também por mim. O que eu disse, e sabe-o bem, é circunscrito aos temas directamente religiosos.
Kami, muito obrigada pelas suas palavras que foram importantes para mim.
Um abraço
Ontem ainda tentei e por várias cezes pôr um comentário mais sobre isto. Como não consegui -havia um erro sacaninha, desses que dão direito a uma mensagem de "alguém", habitando no éter (eu disse alguém com letra pequena, pelo que querido DLM não é Esse)- mandei um mail ao DLM , E daí nasceu uma pequena troca de mails que ele se assim o entender porá no todo ou em parte.
De facto há sempre duas maneiras de exprimirmos as nossas convicções sendo que neste ponto a obliquidade não é hipocrisia mas simples redução da mensagem a algo mais solto que permita a todos metyer a sua colherada sem que ninguém pense que estão a atacar os alicerces da sua visão do mundo de um modo tal que a conversa morre logo ali. Os exemplos que "o meu olhar" deu estão perfeitos.
Eu agora dou um outro: há ou havia em Portugal um jornalzinho chamado "O cavaleiro da Imaculada" que eu durante anos recebi ( e li um tanto ou quanto às gargalhadas porque a mensagem sendo certamente sentida era de facto demasiado catequística e boçal). Por outro lado. li há muitos anos um par de bons autores que se reclamavam do mais exigente catolicismo: George Bernanos (Les grands cimetiéres dous la lune: admirável, indispensável e imperdível) Graham Greene ( nem vale a pena dizer quão bom é) e Gilbert Cesbron (irregular mas escreveu um livro que me marcou muito : chiens perdus sans coliére). Poderia citar mais uma centena deles igualmente interessantes e que andam perdidos pelas minhas estantes. Ora a diferença desdes senhorres para o "cavaleiro,,," é esta: eles partindo do feixe de principios que os informava e enformava construiram uma obra que é do património universal. O cavaleiro consegue provocar o riso de uns, a indiferença de muitos e (pior) o desprezo de outros para já não falar da má vontade de gente que não tem como eu (!!!) um belo sentido de humor.
Está bem?
A minha opinião todos conhecem, foi colocada aqui num comentário, há tempos.
Abraços a todos,
Silvia
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