A simples visão do exterior da instalação – Book Cell, do eslovaco Matej Kren - que se ergue no átrio do CAM (note-se que não é a da foto, embora seja do mesmo autor) - impressionou-me: aquelas coloridas paredes de livros habilmente sobrepostos, num equilíbrio aparentemente precário, constituía de per se um objecto arquitectónico de impactante beleza.
Não liguei ao aviso que prevenia os incautos dados a vertigens: entrei afoita, que não me penso dada a essas idiosincrasia, nem não sou moça de ficar de fora a ver, e a nesga de luz e cor que se entrevia pela abertura daquela “torre feita de livros” estava programada para atrair mesmo os menos curiosos….
E eis-me inesperada e subitamente quase em desiquilíbrio, pés hesitantes sobre a ficticiamente estreita passagem ladeada de espelhos que, multiplicando até ao infinito essas paredes feitas de sabedoria inerte, pareciam querer atrair-me ou para o abismo daquela espiral de inalcançável conhecimento ou para o infinito de um céu sem horizonte.
Saí assustada, perante a queda consabidamente imaginaria mas ainda assim iminente. E fiquei à espreita pela abertura de saída, pés fora, cabeça dentro, contemplando o impossível sonho de saber.
2 comentários:
Parece belíssima a instalação, Kamikaze. E o seu texto está ótimo!
Beijos,
Silvia
antes um labirinto de livros que um de horrores. Ainda por cima com direito a um belo texto!
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