O semanário “O Independente” sai amanhã para as bancas pela última vez. Confesso que nunca fui um leitor desse jornal. Nos seus 18 anos de existência, tê-lo-ei comprado duas ou três vezes por circunstâncias excepcionais. Nunca me identifiquei com aquele estilo de jornalismo – sensacionalista, persecutório, panfletário, movido por claros objectivos político-partidários, feito à base de manchetes “assassinas”. Paulo Portas, por exemplo, já assumiu publicamente que a sua estratégia enquanto director do jornal tinha por objectivo proporcionar o aparecimento de um novo partido de direita – aquilo que veio a ser o famigerado PP.
O Indy – como era chique chamar-lhe – foi um jornal de direita que, curiosamente, encantou alguma esquerda, pretensamente jovem e moderna, anti-establishment, que gostava de afrontar o poder, sobretudo na altura do cavaquismo. Sem perceber nunca o desígnio final do jornal.
O Indy – como era chique chamar-lhe – foi um jornal de direita que, curiosamente, encantou alguma esquerda, pretensamente jovem e moderna, anti-establishment, que gostava de afrontar o poder, sobretudo na altura do cavaquismo. Sem perceber nunca o desígnio final do jornal.
Reconheça-se, no entanto, que “O Independente” foi uma escola que marcou algumas gerações de jornalistas e colunistas. Foi um jornal produto do seu tempo e que há muito perdeu o seu espaço. Para quem gosta de jornais, como eu, apesar de não ter sido seu leitor, é sempre lamentável ver desaparecer um jornal das bancas.
3 comentários:
Fico sempre triste quando um jornal acaba. Mas, é curioso: lembro-me que comprei primeiro número do Independente e Vila Real. Gostei do jornal, mas logo na altura achei que não era um projecto para vingar. Mesmo assim, vingou muito mais do que eu achei na altura. Foi-se. É pena
Li «O Independente», processei «O Independente», ri-me com «O Independente», irritei-me com «O Independente». Num momento de fúria disse-lhes que aquilo era «jornalismo de pé descalço». Ficaram ofendidos comigo. Entristeci-me ao ver que o jornal envelhecia, revoltei-me ao suspeitar que o director fazia daquilo trampolim para o poder. Uma coisa é certa: nessa relação de amor-ódio, «O Independente» não me deixou indiferente. Por isso deixei no meu «A Revolta das Palavras» um comentário.
O independente poderia ter sido algo muito interessante. Não foi. Mesmo quando teve êxito, esse êxito estava hipotecado a duas coisas: um processo político sinuoso e a a vontade de ser sempre original.
Quando se tornou evidente que viveu para derrubar o dr Cavaco (e eu nunca fui apologista deste cavalheiro. não fui e não sou, acrecente-se...) e uma certa ideia da esquerda (que também eles não souberam identificar, pensando a esquerda com uma coisa amorfa, repolhuda e cinzenta, coisa que não o é (pelo menos não é toda a esquerda) o destino do tal Indy era igual ao destino dos "indígenas": pouco futuro mesmo se aparecesse um brilharete. O Independente morreu há bastante tempo. se calhar ainda Portas o dirigia. estava morto e não sabia. Agora finalmente nem um euro vale... bon debarras!
Enviar um comentário