07 setembro 2006

Dormex

Há noites assim: o diabo da manhã surge ali, de mansinho, e eu não consigo dormir. Vá lá, Sócrates, avia aí um dormex, que os comprimidos de outros tempos já não fazem efeito e eu estou aqui. Tu, primeiro, que reformas e resolves, que afrontas tudo e todos, manda aí um choque de qualquer coisa, que eu preciso de dormir, que raio!, marquei coisas para logo e, sabes?, eu não tenho garantido o salário ao fim do mês e preciso de trabalhar e de aturar clientes chatos, e magistrados chatos - estes, graças a Deus, só na segunda quinzena de Setembro, que eles são espertos e deram-te a volta. Fizeram bem. Porque eles, depois de alguns anos a penar, saídos da escola deles, foram aprendendo a vida nos tribunais, a lidar com a escumalha que faz o tempo e com aqueles que não são escumalha mas que também ensinam. E tu, pá? Também lidas com a escumalha, pois claro que lidas. Mas essa malta não te explicou o que é a vida e tu também não tiveste tempo para aprender o que é isso, porque és criação de aviário e, aí, toda a criação é relativa.

Sem comentários: