Professor Saldanha Sanches afirmava há dois dias que todos, todos, os seus bons alunos everedavam pela advocacia. Hoje nenhum dos melhores quintanistas quer ser juiz...
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Paulo Ribeiro de Faria, comentando um postal no dispozitivo onde se debruça, com elegância, sobre um postal meu, no Incursões, sobre a a preocupação dos juízes em relação à alegada possibilidade de juristas de mérito, que não juízes, ascenderem aos tribunais superiores, escreve o que atrás se transcreve a azul.
Que concluir daquelas palavras? Que os melhores juristas optam pela advocacia em detrimento das magistraturas? Que é por isso que os resultados dos exames dos candidatos a magistrados são tão maus que até custa acreditar? Que os bons juristas estão na advocacia e não nas magistraturas? Que, por isso, faz todo o sentido que os tribunais superiores sejam abertos aos juristas de mérito que, afinal, não coincidem preferencialmente com os magistrados?
Mas, lendo a generalidade dos comentários que a questão tem suscitado, verifica-se que há quem labora num erro imenso. Perguntam muitos: haverá algum advogado e jurista de mérito que queira abdicar as fortunas que ganha para se um pobre pelintra magistrado num tribunal superior?
Creio que há aqui uma confusão que qualquer jurista, mesmo sem mérito, como é o meu caso, percebe. Quem assim comenta desconhece a realidade que por aí anda. Ou anda distraído. É que há por aí muito jurista de mérito que é pobre. Há por aí muitos grandes advogados que não estão preocupados com a riqueza, mas com a forma como exercem a profissão. E há por aí muitos advogados ricos, de ricos escritórios, que são verdadeiras nulidades, mas que estão onde estão por uma questão hereditária ou porque são filhos de grandes clientes dos grandes escritórios.
A ideia de que os advogados são máquinas de fazer dinheiro é terrível e injusta na generalização. E lamento que muitos magistrados embarquem nesse tipo de ideias. Meus caros: se há profissão proletarizada nos dias de hoje, ela é precisamente a advocacia. Há por aí muitos advogados a viver abaixo do limiar do que é decente. E, que eu saiba, isso não acontece com nenhum magistrado.
E, não será por acaso, que os estagiários que passam pelo meu pobre escritório sonham todos com a ida para a magistratura. Eu poderia acrescentar: sentisse eu o apelo de julgar os outros, e também trocava a minha vida pela vida de um magistrado.
1 comentário:
Caro lemoncourt: em rigor eu não tenho muito jeito para fazer parte de uma cadeia hierárquica. Obrigado, contudo.
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