13 setembro 2006

Novas Fronteiras

No passado sábado participei no Fórum Novas Fronteiras, uma iniciativa do Partido Socialista para agregar militantes, simpatizantes e sobretudo independentes em torno do seu projecto de governo e que vem funcionando como espaço de reflexão e de escrutínio da acção governativa.

Do discurso de José Sócrates chegaram os ecos habituais através dos media, mas do que ali se foi tratando ao longo da tarde, nos vários painéis temáticos, não houve grande repercussão pública. No debate sobre as opções para o Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007/2013, aquele a que assisti, participaram Cristina de Azevedo, vice-presidente da CCDRN, João Nuno Mendes, gestor do Grupo Amorim e ex-secretário de Estado do Planeamento, Joaquim Morão, presidente da Câmara de Castelo Branco, e o geógrafo Rio Fernandes.

No debate ficaram evidentes os diferentes graus de preocupação com a distribuição e a aplicação dos fundos do próximo quadro de apoio, percebendo-se uma visão regional e municipal lado a lado com uma perspectiva mais nacional e racional de afectação de recursos. Obviamente, as prioridades traçadas pelo Governo para o desenvolvimento do país, desde logo do ponto de vista administrativo, serão fulcrais para definir o melhor modelo para a gestão e aplicação do “envelope” comunitário.

A encerrar o fórum, Vital Moreira fez um discurso equilibrado e sensato, certamente bem acolhido pelos muitos ministros presentes, na medida em que, sem deixar de enfatizar a sua postura crítica relativamente a algumas medidas do executivo, acabou por caucionar a governação socialista, elogiando a postura reformista, a coragem e a determinação evidenciadas, procurando ainda desmontar as teses que acusam o actual Governo de fazer uma política de direita.

1 comentário:

O meu olhar disse...

Caro JCP, não está na moda dizer bem do governo. O que está a dar é dizer mal. Quando se diz mal do governo há sempre a possibilidade do nosso interlocutor apoiar e acrescentar algo à crítica, quer este seja de Direita quer de Esquerda.

Pelo contrário, quando se diz bem, é-se olhado como se tivesse um rótulo na testa “ militante do PS”. È notório.

Ora eu, que não sou do PS nem de nenhum outro partido, que crítico fortemente o governo em muitas das sua opções e do fogo de artifício propagandista que teima em lançar, não me coíbo de elogiar uma data de medidas, a coragem reformista, a rapidez de decisão e a capacidade de trabalho. É verdade. Se olharmos para o que tem sido a governação deste país teremos que fazer a justiça de concordarmos que este governo mostra trabalho e boa parte dele bom.

Veja-se, por exemplo, o que está a ser feito ao nível da Segurança Social. Podem dizer à esquerda que há ameaças em direitos adquiridos, podem dizer à direita que não há coragem para introduzir um outro paradigma ao nível do financiamento. Eu, pelo meu lado, que acredito num Estado Social forte mas não à deriva, apoio o que está a ser feito. Até porque este ministro está a fazer o que alguns ministros deste governo têm descurado, que é envolver as diferentes partes interessadas na discussão do diagnóstico e das soluções.

Também na área da Educação, apesar de toda a controvérsia que gira por aí, muita coisa boa está a ser feita. Não só acabou a tradicional balbúrdia do início do ano escolar, como se estabeleceram os mecanismos que potenciam a ligação dos professores e da comunidade, em consequência da sua maior fixação à Escola, acabando com os famigerados concursos anuais de colocação de professores, que todos contestavam, mas que agora alguns querem manter.