10 setembro 2006

Perspectivas do pacto

É curiosa esta algazarra em torno do pacto para a justiça. Já o leram ? Não traz uma única ideia nova relevante, que eu tenha reparado ou melhor, parafrasenado o prof. Marcello Caetano, tem algumas ideias boas e outras originais - sendo que as boas não são originais e as originais não são boas. Sintetiza várias soluções que são defendidas há 20 e 30 anos e são em geral aceites pela maioria das pessoas, consagrando ainda algumas propostas polémicas.
Afinal, onde está a novidade ? Creio que apenas no facto de os dois maiores partidos terem finalmente feito os “trabalhos de casa”, abandonando o improviso e o imediatismo com que brindaram o País nos últimos 30 anos. Dito de outra forma: não fizeram mais que a sua obrigação. É sem dúvida motivo para satisfação, mas lançar tanto foguetório com o assunto acaba por ser um pouco suspeito e como a demagogia e a propaganda não são propriamente uma novidade nesses protagonistas, há todos os motivos para encarar com uma prudente reserva o entusiasmo desses políticos e da sua corte de jornalistas. Até porque ainda estamos muito longe de esse pacto produzir resultados concretos, quaisquer que eles sejam.

(Na Informática do Direito - Francisco Bruto da Costa)

Caso para dizer: se os dois partidos, ao assinarem o pacto, fizeram a sua obrigação e se a maior parte das medidas são defendidas pela generalidade das pessoas há 20 ou 30 anos, e se os dois partidos "fizeram o trabalho de casa" já é motivo de regozijo e caso para foguetório. Ou seria melhor passar mais 20 ou 30 anos no improviso e no imediatismo?

2 comentários:

Informática do Direito disse...

Meu caro,
Não compreendo a sua pergunta final, a não ser num contexto de pura retórica.
O cumprimento de uma obrigação é motivo de satisfação mas não é fundamento para festa; e muito menos o é, se esse cumprimento é tardio, tendo sido protelado ao longo de dezenas de anos, com péssimas consequências.
Dever cumprido é uma coisa.
Festarolas e foguetes é outra.

o sibilo da serpente disse...

Caro Dr. Bruto da Costa:
Eu nem sequer sou muito dado a fogo-de-artifício :-) Mas se (segundo as suas palavras) "o cumprimento é tardio" e demorou 30 anos e se consumou, admito uns foguetes.
Julgo que o percebo: afinal, por que lançar foguetes se não cumpriram a sua obrigação ao longo de 30 anos? É a história do copo meio-cheio ou meio-vazio. Vexa chora sobre o copo meio vazio. Eu prefiro rejubilar sobre o copo meio-cheio.
Já agora, aproveito para explicar o seguinte: não estou minimamente preocupado sobre se este pacto é politicamente melhor para o PS ou para o PSD. Estou-me nas tintas. Nem me preocupa se quem tem mais culpas no cartório nos tais 30 anos é o PSD ou o PS. Os meu foguete é mesmo em nome da justiça.
Se estiver enganado, prometo que vou apanhar a cana e vou espetá-la nos feijões.