Onde se diz mal de tudo e ainda por cima se pede dinheiro
Correndo o risco de ser tomado por elemento da Al Qaeda, ou de outro rancho folclórico do mesmo teor, atrevo-me a pensar que a condenação à morte do Saddam Hussein, no primeiro de 11 processos em que é réu, poderá trazer água no bico. Senão, vejamos:Três dos advogados de defesa foram assassinados por desconhecidos. Não de uma só vez entenda-se, mas um a um em mortes espaçadas, ao longo de um período de tempo relativamente grande.
Nenhum desses assassinos, que em italiano poderíamos qualificar de “i soli ignoti”, foi encontrado se é que foi procurado. Também não admira: no Iraque, de Abu Graib até Bassorá, as mortes, as torturas, os espancamentos sucedem-se sem que ninguém pareça particularmente aflito. Um jornal americano avançava a cifra monstruosa de quinhentos mil mortos desde que a guerra começou. Outros dão cem mil e há mesmo um que só concede cinquenta mil. Isto dito assim, nem parece grave, os números a partir de cem ou duzentos começam todos a parecer-se. A guerra banalizou-se, a guerra civil instalou-se ainda que ninguém a trate por esse nome e o Iraque de 2006 é infinitamente mais perigoso, inseguro, irracional do que o Iraque de 1996.
Continuando: para que não se pense que são só os advogados que se abatem, urge salientar que já foram afastados deste mesmo tribunal dois juízes acusados de “demasiada condescendência” com Saddam! Parece que ainda não foram assassinados mas, eu no caso deles, vinha passar férias a Portugal. Cautela e caldos de galinha não fazem mal a ninguém.
Ainda, e para acabar, esta história fétida que só tem contornos aromáticos para Bush e José Manuel Fernandes, director do “Público” que assina hoje o mais inacreditável e tolo editorial que alguma vez me foi dado ler num jornal que se presume sério, o tribunal iraquiano conseguiu a proeza de expulsar da sala, e presumivelmente do processo, Ramsey Clarke ex-procurador geral dos Estados Unidos que assessorava a equipa de defesa. Às tantas ainda se prova que o cavalheiro faz parte da AlQaeda.
2 O caso Rivoli continua a fazer ondas. Os ocupantes ainda não perceberam duas coisas de somenos: a primeira é que beneficiaram no processo de saída do teatro da burrice supina da edilidade portuense que, se pensasse dois minutos (coisa seguramente penosa para Rio & similares), deixaria a situação apodrecer lá dentro sem ter de recorrer à polícia municipal.
A segunda é que a ocupação de uma sala sem “apoio de massas” no exterior não mobiliza ninguém, não passa de um fait-divers, dá armas à autarquia e aos seus manda-chuvas, e acaba ingloriamente.
3 Uma estouvada senhora que dá por Catarina qualquer coisa escreve, sempre no Público, umas toliçadas sobre subsídios e regras de funcionamento dos organismos culturais, relacionamento destes com o poder e outras coisas do mesmo género. Conclui-se depois de uma penosa e cansativa leitura que a iliteracia nacional atinge mais gente do que se pensava. Felizmente: porque se as pessoas se pusessem a ler as bacoquices que têm sido produzidas por aí haveria um motim geral contra os organismos subsidiados.
4 O grupo de teatro “Artimagem” anunciou que vai processar a CMP por via de um subsídio que deveria receber mas não recebeu. Ignoro se a acção já foi posta e aguardo com evidente entusiasmo a decisão do tribunal no caso de o grupo ter mesmo desencadeado o processo.
5 O senhor Rio resolveu acabar de uma vez por todas com o apoio aos organismos culturais mediante “subsídios a fundo perdido”. Sobre isso falarei noutra ocasião mas não deixa de ser curioso que tal despacho não refira, subsídios compensados com espectáculos, bilhetes para espectáculos ou outras formas que se não reconduzam ipsis verbis ao tal “fundo perdido”. Estão a ver?
6 Dizer mal de Rio é supérfluo: a criatura é assim desde que se sabe dela. Ganhou a Câmara porque o PS lha entregou de mão beijada, porque um finório do PC colaborou com ela até à exaustão, no primeiro mandato e porque as oposições nunca se entenderam minimamente. O povo “que é soberano” voltou a premiar o populismo infantiloide de Rio com uma maioria absoluta que corre o risco de ser ainda mais absoluta da próxima vez, caso persistam as burrices ocupacionais, os artigos tontos, a incapacidade estratégica das criaturas que se arrogam de representantes das opiniões pública, cultural e artística da cidade.
7 Pelo andar da carruagem ainda alguém se congratulará pelo facto de José Manuel Fernandes não se candidatar à Câmara de Lisboa. Já o imaginaram a discutir com o Luis Miguel Cintra um subsídio para a Cornucópia?
8 Um actor cujo nome não retive deitou esta pérola: se não houvesse subsídios estatais ao teatro o povo não teria oportunidade de ver representadas peças de Shakespeare. E eu que não sabia que andavam por aí a encenar Shakespeare ... Já é preciso andar distraído.
É com estas e com outras do mesmo estilo que, depois. ninguém os leva a sério.
9 A fundação Eugenio de Andrade recusou o subsídio (no valor de 15.000 €) atribuído em Junho pela Câmara do Porto por não poder aceitar a cláusula que proíbe a critica aos actos camarários. E se a malta aqui do blogue e dos blogues amigos lançasse uma campanha para angariar os quinze mil morabitinos? Eu abro já a subscrição com vinte eurinhos que se poderão multiplicar se for caso disso. Já só faltam 14.980. quem quer ajudar? Falem aos vossos amigos. E aos amigos dos amigos. E aos amigos dos amigos dos amigos...
em tempo: um amigo a quem mostrei este texto achou que eu era sádico: que mal te fez o Cintra que é um gajo porreiro e que faz teatro a sério, com letra grande, para o pores, mesmo só hipoteticamente, a aturar o tal fernandes? Tem razão, carradas de razão. Desculpa lá Luis Miguel... E um abraço.
30 comentários:
Brilhante MCR!
S.
Ah!
Se quer ir para a frente com a sugestão final, conte comigo e com o modesto blog de JR para a divulgação.
S.
Só não percebo uma coisinha: se é assim tão linear – os cidadãos substituírem as obrigações da autarquia ---, por que criticar a autarquia (que dispõe dos dinheiros dos contribuintes como se fossem dinheiros pertencentes ao próprio bolso do autarca)?!...
Eu não estou disponível para substituir a autarquia no seu dever de, com imparcialidade, cumprir o seu papel de servir o que diz respeito ao interesse público. Nem penar!!!
Compadre esteves.
Cara Sónia
É para ir até onde se puder, claro. Obrigado pelo seu apoio.
Caro Primo de Amarante
em nenhuma parte do meu texto se diz que a os cidadãos devem substituir a autarquia no que corresponde ás obrigações desta. Aliás o subsídio é sempre um acto discricionário por muito que se pense o contrário. Eu com esta iniciativa não me quero (nem quero que os que comigo alinharem) substituir esse turvo Rio seja no que for. ainda não somos iguais, que diabo! eu apenas entendo que é possível ajudar a Fundação Eugénio de Andrade porque, como eugénio decerto gostaria, teve um gesto de grande nobreza. V. acha que não? Pronto, não dá nada e ficamos amigos na mesma. Mas, por Deus, não me ponha ao nível do Rio nem como substituto. Eu sou apenas um Ribeiro que acha possidónio organizar corridinhas de carros antigos. Possidoníssimo!
O que eu penso é que se deve obrigar Rui Rio a realizar a sua paixão do circuito das Donas Elviras, sem o subsidiar e sem recorrer ao estratagema dos 20euros por cada munícipe.
Olhe... eu cá não sou governada pelo Dr. Rui Rio e aindo assim, só me parece bem a sugestão do MCR.
Porque sim, parece ter sido um gesto nobre.
Não dou subsídio, dou donativo.
S.
E Rui Rio agradece. Deixa de existir razões para o contestar. O problema ficou resolvido:o donatio substituiu o subsídio;o indivíduo substituiu o cidadão. E o fim do político começou.
Meu Caro Primo de Amarante
V. desculpará mas está a errar o alvo. Uma autarquia não tem como actvidade principal dar subsídios a fundo perdido a organismos culturais, sociais ou desportivos.
Uma fundação é um conjunto de fundos aplicados a um fim. Ou seja: a constituição de uma fundação além de ser eminentemente privada requer que haja o capital suficiente para prosseguir os seus fins. O Estado ao reconhecê-la dá-lhe uma série de isenções fiscais e outras regalias por entender que o seu fim (fundacional) é de interesse público. Todavia em Portugal, como de costume, as coisas não correm bem assim. A CMP já deu a casa e já terá concedido fundos.
Agora o problema é outro. Foi a Fundação -e muito bem a meu ver - que recusou um subsídio tendo em linha de conta os condicionalismos que o envolvem. Quem aplaude esta decisão corresponsabiliza-se como individuo e como cidadão e como agente cultural a manter viva a fundação. É só isso. Nada disto impedirá o Senhor Rio de ser julgado pelos cidadãos nas urnas. E é aí que as coisas se terão de passar a menos que a malta invada os Paços do conselho para o defenestrar honra que ele não merece. Que diabo não é nenhum Miguel de Vasconcelos mas tão só um pobre diabo inculto, teimoso e pouco apreciador das coisas culturais.
Quando contribuímos para uma acção cultural, educativa social ou desportiva não estamos a despir a farda de cidadão só porque deveria ser o Estado a pagar tudo isso. O Estado deve tratar de desempenhar bem as suas tarefas, facilitar a vida dos cidadãos, apoiar e enquadrar sem dirigismo a vida social cultural e desportiva e nos casos em que isso se torne evidente entregar à sociedade civil a gestão dos interesses que de algum modo possam ser por ela geridos melhor do que o Estado faria. Ora no caso presente - a divulgação da poesia de Eugénio e de outros poetas - estamos manifestamente fora do ambito do Estado e estamos mais bem apetrechados do que ele para isso. A menos que entendamos o Estado como um big brother o que me parece não ser o seu caso nem o meu.
se não ajudarmos a fundação esta passará mal e poderá extinguir-se como se extinguiram cineclubles, sociedades de concertos associações culturais de todo o tipo, bandas e grupos de teatro popular. Porque havia sempre alguém que achava que aquilo dizia respeito ao Estado e não a Si próprio como individuo e como cidadão.
E mais: esta acção de solidariedade é só isso uma acção de quem quer ajudar e acha que o pode fazer dentro dos seus limitados meios. Não é uma contestação a um palerma qualquer que pensa que faz e desfaz tudo. V. acha que não ºe assim? não dá e pronto.
De facto a actividade principal de uma autarquia não é dar subsídios.Era só o que faltava defender isso?!... Mas uma autarquia deve ter uma politica cultural.
O que penso sobre isso está no post que coloquei em http://margemesquerdatribunalivre.blogspot.com/
Caro Primo,
Claro que a autarquia deve ter uma política cultural - mas uma política cultural que impõe como contrapartida o silêncio dos felizes contemplados com subsídios, censurando-os na crítica a essa mesma política, no mínimo, é castrante e muito pouco democrático.
O meu donativo vai pela atitude e, claro está, não é para o Dr. Rui Rio.
Também sou livre, como cidadã, de dar dinheiro a quem me apetecer, ou não?
Caro MCR: a seguir com essa iniciativa convém ter uma conta para donativos e divulgar a coisa.
S.
Naturalmente, é livre para agir segundo a sua consciência. Quanto ao resto, a minha posição (referida no post citado)não é a que coincide com alguns pontos de vista do Rui Rio quanto à subsidiodependência.
Sim, já li.
Só não percebo a sua posição em relação à sugestão do MCR... mas talvez o problema esteja na minha capacidade de compreensão.
S.
Lamento, caro MCR, mas não vou juntar os meus 40 euros. Fazem-mne falta para pagar o imposto revolucionários aos arrumadores da cidade, que o Dr. Rio prometeu erradicar :-)
Cara amiga: Já expliquei. Não quero resolver o problema politico do R.R. Pago impostos e eles tb devem ser para apoiar a cultura, pois, no meu entender, esta tem uma função social, de interesse público.
Meu caro MCR
Lido atentamente o postal e os comentários ainda só em diagonal, um primeiro comentário para lhe dizer que adorei (mais) este seu escrito. Bem haja por nos ter trazido aqui estes temas a debate e parabéns pela capacidade de os analisar de forma profunda mas sem perder o tom de humor, que é o que ainda nos vai safando, e para mais no estilo "fleuve" (como diria o José) que eu tanto aprecio.
Com textos (e comentários)destes vale a pena o Incursões!
Quanto ao peditório - vou ler com atenção os comentários e tentar posicionar-me menos dubitativamente neste tema.
É interessante ler, hoje, no JN o que diz sobre esta matéria Pedro Duarte (vice da bancada do PSD)
Eu reproduzi parte no meu blog.
Como se pode ver, talvez já não seja necessário o peditório. Pedro Duarte também pensa que isso é uma questão política e acrescenta que com essa atitude "Rui RIo acaba por passar uma má imagem do Porto".
E eu, pessoalmente, quero que isso aconteça.E também é por isso que nada darei para um pditório que lhe "resolva" o problema que lhe dá má imagem.
O carteiro vai falar disto no Canal TV Porto. Deve ser lá para as 23h
Não tendo por hábito desde que o Publico apareceu ler o JN não sei o que dise Pedro Duarte vice do PPD. Decerto que não atacou Rio. Como também Miguel Veiga, essa culta consciencia dos sociais democratas, o não fez (no caso até me pareceu que o apoiava). Cumpre-me dizer, porém, que de Pedro duarte conheço o suficiente (por anteriores declarações políticas) para saber que não estamos do mesmo lado . E conheço-me a mim próprio há tempo mais que suficiente para saber que a minha agenda política e as minhas opções não são por ele influenciadas sequer negativamente.
Com tudo isto esta discussão ficou infelizmente inquinada. eu de facto sou contra um estado totalitário que toma à sua conta o fardo pitoresco da cultura. Prefiro-a na mão dos cidadãos dia a dia . Entretanto enquanto se fala depreciativamente de peditórios e e afirmativamente de deveres do Estado, morrem instituições culturais de toda a ordem. sobretudo as que não estão nos grandes centros. a desertificação do interior também se faz assim: devagarinho e assobiar para o lado.
Para esse peditório de facto não dou.
Enganei-me. É, hoje, o debate, às 21h30. RTN.
Bom, eu não tenho a linha justa, nem sou o dono da verdade. Gosto de partilhar ideias e leio tudo o que me aparece.Penso que quem não pensa como eu, pode, no entanto, ter razão.E sigo o prncípio indutivo que é melhor "ver" ou "ouvir" do que preconceber. Devo ainda dizer que estou ligado e tenho criado muitas associações de carácter cultural e civico e para isso tenho dado muito tragbalho e gasto muito mais do que o que podia. Agora aquilo que compete ao Estado, exigo que o Estado não fuja às suas responsabilidades. Nunca assobiei para o lado e quem me conhece sabe que é verdade.
Por fim, já que MCR não vai ao blogo "margemesquerda", eu transcrevo-lhe o texto.
Se quiser pode correr o olhar para outro lado.
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JN: Concorda com a política cultural desenvolvida, nomeadamente na questão do Rivoli e do corte dos subsídios pecuniários?
- "O Porto tem que se afirmar enquanto cidade com uma fortísima dinâmica cultural. Essa deve ser uma das prioridades da Câmara. Na questão do Rivoli, temos manifestamente um problema de gestão e, portanto, não me parece nada dramático que a Câmara encontre soluções alternativas, desde que assegure aquilo que é o projecto cultural que deve estar sempre inerente ao Rivoli. Agora, não posso deixar de lamentar que estas mudanças sejam implementadas num ambiente de hostilidade, nomeadamente com os agentes culturais. Até porque não foram estes que nomearam os gestores que estiveram à frente do Rivoli nos últimos anos".
E quanto aos subsídios?
- "O despacho do presidente da Câmara está muito pouco fundamentado. Estando eu e o PSD absolutamente de acordo com as premissas, nomeadamente que devemos combater a subsidiodependência, não percebemos a relação entre essa premissa e o "remédio" que é apresentado. Quando elegemos esta Câmara, foi também para saber distinguir entre bons e maus projectos. Levar à letra o que está somente no despacho implicaria uma de duas conclusões ou na sociedade toda a gente estava de mão estendida para os orçamentos públicos, o que não acontece, ou, por outro lado, a Câmara não tinha discernimento e capacidade para se autocontrolar no desperdício público. Como não acredito numa coisa nem noutra, estou certo que Rui Rio terá oportunidade de melhor esclarecer o que pretende.
Discorda deste corte dos subsídios pecuniários?
- "Sou contra. Não concordo com o corte prévio sem se conhecerem os projectos. Admito que, analisando os projectos ,caso a caso, muitos não devam ser apoiados e sejam, como diz o presidente, um desperdicio público".
Não percebi, primo.
Que debate é esse de que fala?
S.
É um debate na RTN, às 21h30, com diferentes personalidades sobre a politica cultural de Rui Rio. O carteiro foi convidado.
O canal Radio Televisão Norte abriu há pouco tempo. Suponho que é o canal 34. Mas não tenho a certeza. Ao fazer zaping encontrei-o. Em tempos fui ouvido por este canal, mas deconhecia que já estava a funcionar
O cateiro é que poderia informar melhor. Espero que leia este comentário e se decida por nos esclarecer.
Obrigada primo.
Pelo adiantado da hora, calculo que o "nosso" carteiro não tenha tempo para o esclarecimento.
Fiquei curiosa para conhecer o rosto das palavras.
S.
Não tem que agradecer! Sempre ao seu dispor.
Mas enganei-me: o canal não é RTN, mas Porto TV.
Estive a ouvir. Não me parece que tenha acrescentado muita coisa nova.
Ó, Primo, não há maneira de acertar com o nome. É PORTO CANAL!
Obrigado. Eu já tinha reparado no engano e ía, hoje, corrigir. Costuma-se dizer que na terceira...
Também me parece, como ao MCR, que a discussão está inquinada. Ou então não entendi nada! Peditório? Pode chamar-se peditório à proposta do MCR que não visa arranjar nenhum substituto de subsídio que a Câmara devesse ter dado ou tivesse prometido dar mas tão só "compensar os custos da verticalidade" da posição assumida pela Fundação Eugénio de Andrade (sim, a verticalidade continua a ter custos!)? Não se trata apenas de, como cidadãos, termos um gesto público de solidariedade para com a atitude corajosa da F. Eug. de Almeida, ao recusar as patacas? O que é que isto tem a ver com substituirmo-nos à obrigação da Câmara de promover a cultura? Não será precisamente o contrário? Ou seja, não seria uma forma de chamar ainda mais a atenção para as inaceitáveis prepotências de R. Rio, armado em censore castigador de opiniões livres?
A mim pareceu-me isto evidente, mas pelos vistos não é - ou será que as divergências dos opinantes quanto à questão de saber se a Câmara e o Estado devem ou não financiar a produção cultural os leva a tresler e a ver na proposta do MCR objectivos e razões que a ela são alheias? Será que adultos inteligentes não conseguem pôr de lado os melindres pessoais, o sentirem-se "picadinhos" por este ou aquele dito mais afirmativamente divergente, e analisar as questões com um mínimo de distanciamento e objectividade?
Se for assim, que creio não será, de facto (mais uma vez) "não há pachorra"!
Se alguém ainda vier aqui a este post, já tão no fundo da página, e quiser fazer o obséquio de me ajudar a esclarecer estas questões, ficaria obrigada.
Eu tinha achado que já estava tudo dito a este respeito. A Kamikaze, pelos vistos percebeu-o muito bem. Não valia a pena repetir argumentos nem sequer desfazer um equivoco que nunca existiu. De facto não se tratava de substituir essa risivel criatura que dá por Camara Municipal do Porto (e não apenas por Rio) por nós. Tratava-se de mostrar que um grupo de cidadãos livres ainda é capaz de ver, com olhos de ver, a dignidade de um gesto. No caso, o gesto da Fundação Eugénio de Andrade. Eu não me propuz dar dinheiro ao Artimagem ou aos okupas do Rivoli. Propuz-me apoiar a fundação que leva nome e a memória do meu querio Amigo e admirado poeta Eugénio de Andrade. Pensava que isso soaria como uma bofetada de luva branca nas trombas da edilidade. Se é que essa gentinha percebe o que é uma bofetada de luva branca. Mas mesmo que não percebesse eu insistiria. Isto não tem nada a ver com as obrigações do Estado mesmo quando eu tema que um Estado demasiadamente requestado pelos agentes culturais rapidamente se transforma num Estado árbitro dos gostos, que define o que é e o que não é cultural, o que é e o que não é de qualidade pelo simples expediente de dar ou não (porque isso é um acto sempre exterior á sua intrinseca missão...) consoante goste ou não do requerente. Só um tonto é que põe preto no branco as condições de atribuição do subsídio. Vê-se que, mesmo nisto, o tal Rio não vai longe. Outro qualquer mais matreiro e mais inteligente não dizia nada e asfixiava à mesma os agentes culturais de que não gostasse (coisa que vem sendo feita desde há anos, diga-se). Mas Rio inchado, pelas chuvas recentes, não percebeu e vai daí pôs condições. Que muitos aceitaram... Só quem não tenha andado por estes meios é que nunca viu o cortejo de cultos que se reune á volta de qualquer borra-botas com vaga importancia (££€€$$) nisto da distribuição dos cacauzinhos culturais. Mas um dia destes eu conto ... até lá não vale a pena continuar este pingue pongue. De vez em quando é bom estar em desacordo. Quando isso não suceder será porque o Primo, o Carteiro, a estimulante Sónia, a temível Kami e eu mesmo, estaremos mortos. E graças a Deus estamos vivos, vivíssimos. A gente vê-se por aí... Um abraço
(re)esclarecida quanto ao sentido da sua proposta, pode contar com o meu contributo :)
Aqui a estimulante, vivinha da silva, continua a postos :-)
S.
Mais aqui a TEMÌVEL (mcr dixit), ou seja, só mulherio... :)
lol!!
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