Ouvi na TSF pela primeira vez a notícia do relatório do Tribunal de Contas sobre o Metro do Porto. Da notícia, o que me chamou a atenção foi a questão das remunerações dos administradores ao nível dos prémios, nomeadamente no que respeita aos não executivos, e o facto de não estarem associados a objectivos. Todavia, deixei de ouvir falar desse aspecto, arrastada que foi a comunicação social pelas reacções de Narciso Miranda e de Valentim Loureiro. E em que tema é que estes últimos se centraram, cada um à sua maneira? Nos trocos.
E eis que todos em parada e em coro desataram a insurgirem-se contra os cartões de crédito atribuídos a administradores não executivos e respectivo montante.
Ora, do meu ponto de vista, o que aqui é central, é a questão das diferentes componentes da remuneração de administradores executivos e vogais de entidades públicas bem como da sua fundamentação.
Para ter a certeza que afinal não tinha ouvido mal quando tive o primeiro contacto com a notícia, fui ver o relatório ao site do Tribunal de Contas. Lá estava: os prémios anuais de gestão dos administradores da Metro do Porto não está associados a nenhum objectivo (mensurável, concreto) mas tão somente a um “ bom desempenho” (algo de muito vago). A isto respondem os responsáveis do Metro que o histórico desta entidade não permite ter resultados já que estão ainda numa fase de investimentos. A isto pergunta-se: só existe esse indicador para aferir de uma boa gestão? Sabemos que não.
O que é um facto, e está mencionado no relatório, é que, por exemplo o “prémio de gestão” do Metro do Porto em 2001, referente ao exercício de 2000, foi correspondente a nove salários mensais. O relatório refere ainda que, noutras empresas públicas, a média se situa entre quatro a cinco salários mensais. Precisando: em 2001, cada vogal do CA da Metro do Porto recebeu um prémio de gestão cinco vezes superior ao de um vogal da ANA ou CTT e três vezes superior ao de um vogal da ADP.
Claro que tudo isto seria minimamente sustentável se essas remunerações estivessem ligadas a objectivos concretos, que demonstrassem inequivocamente que da gestão dos elementos do CA resultavam ganhos evidentes para a Metro do Porto, fosse a que nível fosse.
A questão que se me coloca é como é que é possível que nestas entidades – empresas públicas, fundações e outras suportadas pelo orçamento de Estado - uma auto nomeada “comissão de vencimentos” tenha a liberdade de fixar as remunerações que bem entende, com critérios subjectivos que não são inelegíveis à luz do senso comum.
Outra questão, bem mais grave, é que depois deste fumo todo nada mudará e os administradores de todos os CA de entidades públicas, pagas em boa parte pelo dinheiro dos contribuintes, continuarão a auferir as remunerações que a sua “comissão de remunerações” entenda estabelecer, sem limite e sem critérios mensuráveis.
E eis que todos em parada e em coro desataram a insurgirem-se contra os cartões de crédito atribuídos a administradores não executivos e respectivo montante.
Ora, do meu ponto de vista, o que aqui é central, é a questão das diferentes componentes da remuneração de administradores executivos e vogais de entidades públicas bem como da sua fundamentação.
Para ter a certeza que afinal não tinha ouvido mal quando tive o primeiro contacto com a notícia, fui ver o relatório ao site do Tribunal de Contas. Lá estava: os prémios anuais de gestão dos administradores da Metro do Porto não está associados a nenhum objectivo (mensurável, concreto) mas tão somente a um “ bom desempenho” (algo de muito vago). A isto respondem os responsáveis do Metro que o histórico desta entidade não permite ter resultados já que estão ainda numa fase de investimentos. A isto pergunta-se: só existe esse indicador para aferir de uma boa gestão? Sabemos que não.
O que é um facto, e está mencionado no relatório, é que, por exemplo o “prémio de gestão” do Metro do Porto em 2001, referente ao exercício de 2000, foi correspondente a nove salários mensais. O relatório refere ainda que, noutras empresas públicas, a média se situa entre quatro a cinco salários mensais. Precisando: em 2001, cada vogal do CA da Metro do Porto recebeu um prémio de gestão cinco vezes superior ao de um vogal da ANA ou CTT e três vezes superior ao de um vogal da ADP.
Claro que tudo isto seria minimamente sustentável se essas remunerações estivessem ligadas a objectivos concretos, que demonstrassem inequivocamente que da gestão dos elementos do CA resultavam ganhos evidentes para a Metro do Porto, fosse a que nível fosse.
A questão que se me coloca é como é que é possível que nestas entidades – empresas públicas, fundações e outras suportadas pelo orçamento de Estado - uma auto nomeada “comissão de vencimentos” tenha a liberdade de fixar as remunerações que bem entende, com critérios subjectivos que não são inelegíveis à luz do senso comum.
Outra questão, bem mais grave, é que depois deste fumo todo nada mudará e os administradores de todos os CA de entidades públicas, pagas em boa parte pelo dinheiro dos contribuintes, continuarão a auferir as remunerações que a sua “comissão de remunerações” entenda estabelecer, sem limite e sem critérios mensuráveis.
5 comentários:
Ontem estive para perguntar aqui por si. Já tinha saudades. Boa malha, esta, do Metro. Um abraço ao Joaquim.
O Metro do Porto....quantos metros do «Porto» há por este País???
Se o que li no "Público" está certo então terei de a corrigir minha cara Amiga. É que cerca de mil contos mês para Administrador não executivo obrigado a uma mera comparencia quinzenal parece ser pagamento digno do sultanato do Brunei. Se a isso se acrecentarem os trocos do cartão de crédito, uns miseráveis duzentos e cinquenta contos e a tal re muneração especial por prémio temos que estas criaturas têm ordenados de vice-rei das Índias.
E que fazem os nossos queridos compatriotas no Metro? será que têm conhecimentos técnicos minimos para o efeito ou estão lá apenas na qualidade de autarcas ou ex-autarcas? E se estão nessa qualidade eminentemente política terão direito a tais emolumentos? A que título?
O Metro do Porto aliás também fez umas obras na boavista, zona da Casa da música que são um espanto. abriram e fecharam um buraço deixando um buraco em qualquer sítio. E no Castelo do Queijo o Metro terá pago a requalificação (???) do final da Boavista para uma eventual e fantasmática linha que duvidamos que alguma vez abra e no caso espantoso (mas não inédito!!!) de abrir não sabemos quantos passageiros transportará.
Parece que o Estado é o principal e quase único pagador das contas deste metro. Porque é que o Estado permite que gente de fora e sobre a qual não tem qualquer autoridade governe a empresa?
Haja quem saiba responder, por Deus!
O que não entendo é o papel do Tribunal de Contas. Para que serve? Quais as suas competências? Semana sim semana não a comunicação social dá conta de uma auditoria do Tribunal de Contas. São sempre arrasadoras para as entidades auditadas:
Ilegalidades! Utilização indevida dos dinheiros públicos! Falta de transparência nos procedimentos administrativos e nos concursos! Favorecimento de terceiros! Gestão danosa! Etc., Etc.
Depois, ou nada acontece aos visados por essas auditorias ou a comunicação social esquece-se de nos trazer as consequências. É óbvio que nada acontece. Os auditados começam a dizer que estão de consciência tranquila, e com esta consciência tranquila tudo se lava.
Enfim, tudo está organizado para corroer a moral da Nação. E as instituições que deveriam constituir a guarda avançada dos princípios éticos e da cidadania, elas próprias deixaram-se submergir neste sistema, que as tornou porta-vozes das más novas, mas sem poder e sem vontade e força política para retirar as consequências e expulsar os infractores e maus gastadores dos dinheiros públicos.
Neste domínio, Portugal não pode continuar a ser o que é!
Não posso estar mais de acordo. A verdade é que o poder central decidiu, há muito, que o metro do Porto era uma coisa para aqueles "provincianos" lá de cima (Valentim, Narciso, Rio, Menezes, Cardoso, etc.) se entreterem a brincar aos gestores.
Acredito e confio que Sócrates e Mário Lino invertam este estado de coisas, só que...ontem já era tarde!
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