02 janeiro 2007

A execução de Saddam Hussein

O antigo ditador iraquiano Saddam Hussein foi executado por enforcamento no passado dia 30 de Dezembro pelas autoridades daquele país, após um longo julgamento, que se prolongou por mais de dois anos. Com o seu currículo sanguinário enquanto governante e o enquadramento vigente no Iraque, nunca houve dúvidas de que aquele era um julgamento com resultado conhecido à partida. Saddam estava condenado a pena máxima.

Contudo, à luz de um cidadão português e europeu, com os valores consolidados da nossa civilização, a pena máxima nunca poderá ser a condenação à morte. Confesso que não fiquei nada confortável ao ver Saddam exibido no cadafalso, prestes a ser executado. Trata-se de um espectáculo lamentável e totalmente despropositado para quem acredita que a aniquilação física de alguém nunca é a melhor forma de fazer justiça.

Haverá quem defenda que só com a liquidação de Saddam se poderia passar a uma fase seguinte de reconstrução do Iraque e de pacificação do país. No entanto, todos os erros cometidos pelas tropas (e sobretudo pelos políticos) que invadiram o Iraque puseram em causa essa possibilidade de reconstrução pacífica. Pelo menos num prazo razoável, como se tem visto. E como se viu, aliás, no próprio dia da morte de Saddam Hussein.

2 comentários:

cheiroajasmim disse...

Tal como li no Da Literatura, entendo que a pena de morte não deve ter qualquer hipótese de discussão. Sou radicalmente contra!
Por outro lado a morte por enforcamento do assassino Saddam Hussein apenas gera mais ódio nuns e amacia os corações de outros.

O meu olhar disse...

Nunca consegui entender a lógica da pena de morte. Se a condenação é para castigar o autor dum acto que levou à morte um ser humano, com que legitimidade se usa o mesmo meio que se reprova?
No caso de Saddam Hussein nem o seu triste histórico justifica tal pena e ainda menos se pensarmos que, a pretexto dessa morte, muito sangue pode ainda correr. Fazer dele um mártir foi o pior que podiam ter feito.
Mas o que é que se pode esperar de uma guerra assente numa grande e monstruosa mentira? Apenas podemos esperar um somatório de disparates e mortes, que se acumularão até ao dia em que alguém ponha termo a esta guerra.